Capítulo VII

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Uau! Se essa é uma cabine de luxo, posso até imaginar o que os pas­sageiros mais comuns estão fazendo no porão — Emily brin­cou, tentando imaginar como passaria por Tyler para chegar à pilha de bagagem junto do sofá-cama.

— Humm... — Tyler respondeu, segurando-a pela cintura ao perceber que ela tentava passar por ele, apesar do espaço reduzido. — O que vamos fazer com uma cabine tão grande?

— Podemos convidar os diretores da Connstarr para um baile.

— Grande idéia. Apenas trezentos ou quatrocentos ami­gos íntimos. Também posso convidar a chefe matadora...

— O funeral é seu — ela respondeu sorrindo, virando-se para encará-lo. — Pena não termos conseguido uma cabine vizinha à de Helga e Carmen. Vou ter de esgueirar-me por metade do corredor para chegar à minha cama.

Tyler começou a cantarolar, conduzindo-a numa valsa animada.

— Prática — explicou ao notar que ela o fitava confusa. — Esta é mais uma das coisas que teremos de fazer juntos. E quanto à cabine, pode ficar aqui comigo. Assim resolve­ríamos vários problemas.

Emily interrompeu a dança, livrou-se do abraço e riu.

— É verdade — respondeu irônica. Em seguida olhou para o vestido elegante e as sandálias de salto alto e con­cluiu: — Acho melhor mudar de roupa. O que vamos fazer?

Tyler sentou-se no sofá e apanhou o programa de bordo para colocar-se a par das atividades do navio.

— Vejamos... Domingo, 31 de julho. Que horas são? — E consultou o relógio. — Levantaremos âncora à uma em ponto. A uma e meia haverá uma simulação obrigatória num barco salva-vidas.

— Está falando sério? — ela perguntou tensa. Até agora não sentira enjôos, mas ainda não estavam em movimento. A simples idéia de entrar num bote de borracha e enfrentar o mar a enchia de terror.

— Sim, estou — Tyler respondeu, preocupando-se ao no­tar a palidez no rosto dela. — Fique calma, meu bem. É só uma simulação. A lei os obriga a cumprir essa rotina.

Emily respirou fundo para acalmar-se. Embarcar nesse navio havia sido uma péssima idéia. Por que embarcara, afinal? Arriscaria a vida no oceano... por quê? Por sua tese? Onde estava com a cabeça quando escolhera esse tópico? Já não fazia sentido. Por Deus, como estudaria os hábitos dos sem-teto num bote salva-vidas? Preferia enfrentar os perigos das ruas. Lá não tinha de preocupar-se com tuba­rões, afogamentos e...

Seria tarde demais para escapar dessa banheira? Ainda não haviam sequer deixado o porto em San Diego, e já estava apavorada.

— Tyler? — perguntou hesitante.

— O quê? — ele respondeu, desviando os olhos do pro­grama para estudar sua expressão amedrontada.

— Estou com medo...

— Oh, querida — ele sorriu, envolvendo-a com os braços. — Do que tem medo?

— Tubarões? Tyler riu.

— Meu bem, o único tubarão por aqui é Roxanne. E não precisa temer, porque não vou permitir que ela a ataque.

— Depois de beijá-la na testa, ele voltou ao programa de bordo. — Escute as instruções. Aqui diz que todos os pas­sageiros devem ir para suas cabines e colocar o colete sal­va-vidas. Depois temos de verificar o número e a localização do nosso bote e ir para o local indicado durante a simulação. É fácil. Se pudéssemos encontrar nosso bote...

Esposa Temporária (Completo)Where stories live. Discover now