Prólogo

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Trabalho em uma empresa pequena do ramo de medicamentos e posso dizer que esse foi um ano corrido e abarrotado de casualidades, mas o meu lindo chefe aderiu a minha solicitação de férias para o mês de janeiro. O que estou dando graças a Deus, pois, apesar de ser apaixonada pela área de administração, a qual me graduei, estou precisando muito de um período de descanso.

E, não, eu não disse que meu superior é lindo porque estou apaixonada por ele, não mesmo. Ronald já é um senhor de sessenta e nove anos, muito gentil e simpático, que possui grisalhos. Quer dizer, não muitos...

Rio ao pensar nisso, porque, digamos que 50% são de fios acinzentados e os outros 50% se perderam, deixando uma falha enorme em sua cabeça, o que o torna um senhor carequinha muito fofo!

Adoro tê-lo como chefe. Amo meu trabalho, principalmente por me proporcionar morar em um aconchegante apartamento no Sul de Londres, em um bairro de classe média, chamado Brixton.

Ganho muito bem onde trabalho e me sinto uma pessoa realizada, tenho tudo o que quero e faço tudo do meu jeito, não tenho do que reclamar. Talvez reclame da falta de um namorado, mas ter um relacionamento me lembra de casamentos, algo que me deixa desesperada, provavelmente por causa do meu passado conturbado. Não consigo me imaginar casada com alguém.

Essa ideia me causa arrepios incômodos na espinha e gela meu estômago. Assim como acontece quando me lembro que carrego o sobrenome Avallon, outra parte pertencente ao meu passado turbulento. Particularmente, eu o odeio, então evito ao máximo usá-lo, já que para mim, a única pessoa importante que o usava morreu quando eu tinha nove anos. Hoje, todos me conhecem apenas como Megan Park e é assim que eu espero que continue sendo.

Saio de meus pensamentos por um minuto ao escutar o som que o relógio faz ao marcar a hora e vejo que meu intervalo para o almoço já está quase chegando.

— Nossa, como o tempo passou rápido esta manhã! — falo comigo mesma.

Arrumo minhas coisas e pego minha bolsa sobre a mesa, combinei de almoçar com minha melhor amiga para decidirmos onde iremos passar nossas férias.

Poderíamos ir para Maldivas ou para o Caribe. Provavelmente, estou querendo demais, e com este pensamento começo a rir. Os funcionários me olham desconfiados, como se eu fosse uma louca. Envergonhada, disfarço e vou para o elevador, descendo até o térreo e, pouco depois, seguindo para um restaurante italiano que fica próximo ao prédio da empresa.

Ao chegar, olho ao redor e percebo que o lugar está lotado, gosto muito desse restaurante por ele ser bem acolhedor e familiar. Me sento na primeira mesa que vejo vazia e peço um suco de laranja natural para o garçom, ele anota o meu pedido e sai logo em seguida. Após alguns minutos esperando por Katy, avisto-a passando pela porta de entrada e, ao me ver, vem em minha direção com um sorriso animado no rosto.

— Tenho um lugar incrível para irmos! — comenta com muita empolgação na voz, enquanto se senta de frente para mim.

— Sabia que você teria ideias incríveis, estou louca para saber o que planejou para nós, me conte tudo — aguardo com ansiedade que ela diga no que pensou.

— Calma, vamos pedir primeiro, estou com muita fome! — comenta e solto um risinho.

— Tudo bem. — Balanço a cabeça em positiva e começamos a escolher nossos pratos.

Aceno para o garçom ao decidirmos nossos pedidos e com um grande sorriso ele se aproxima, peço um tortellini de bolonha e Katy um risoto. O garçom faz a anotação na comanda encarando minha amiga indiscretamente, então pigarreio na intenção de chamar sua atenção, para que perceba que está sendo inconveniente. E, envergonhado, ele se retira em direção ao balcão para repassar os pedidos.

Entendo o porquê de todos os homens ficarem fascinados por ela, os fios castanhos de seus cabelos são longos e encaracolados, olhos castanhos marcantes, lábios carnudos bem delineados, a cintura fina, quadris que ornam com suas pernas torneadas e sua pele levemente bronzeada, que a deixa sensual. Todas as medidas de seu corpo são bem distribuídas, menos os seios gigantescos. Com certeza, ela roubou os seios da geração inteira, mesmo assim, Katy é linda.

— Pronta para ouvir a melhor ideia de férias do mundo? — questiona, sorrindo de forma instigadora.

— Prontíssima! — respondo com a mesma empolgação que ela. — Então, me diz, onde vamos passar nossas férias? — pergunto com ansiedade.

— Que tal Las Vegas?! — questiona toda alegre, me olhando com expectativa

— Las Vegas? — E minha empolgação pede licença para se ausentar ao ouvir o destino. Faço uma careta. — Estava pensando no Caribe, ou nas Maldivas.

Ela me lança um olhar assustado e começa a gargalhar alto, colocando a mão na barriga.

— O que foi? — pergunto incomodada, sem entender o ataque de riso repentino.

Nosso pedido chega enquanto Katy recupera o fôlego.

— Ficou milionária de repente e não fiquei sabendo, Meg? Há praias em Las Vegas também — responde, saboreando uma garfada de seu risoto.

— São praias artificiais, Katy. Poxa, tenho vinte e quatro anos, mereço uma praia de verdade. — Faço outra careta. — E Las Vegas também não é barato — contesto, encarando-a.

— Pessoas com vinte e quatro anos também precisam ir à Vegas — rebate. —E dá para dividir em dez prestações no cartão de crédito — acrescenta. — Las Vegas é tudo de bom, tem cassinos e jogos, além disso, já pesquisei diversas baladas que podemos ir. Poxa, você sabe que eu sempre quis conhecer — ela faz um biquinho e me olha com aqueles lindos olhos castanhos pidões e brilhantes —, desde pequena, Meg.

Respiro fundo, olho sua expressão pidona com muita atenção e digo:

— Tudo bem, Katy, eu concordo. — Me dou por vencida rapidamente, pois, conheço minha amiga muito bem. — Porém, só vamos para Las Vegas porque sempre foi o seu sonho. E, quem sabe, por decisão do destino, eu acabe ficando milionária em um cassino qualquer — sorrio para ela, que solta gritinhos histéricos enquanto bate palmas feito louca.

— Então está decidido, sem discussões. E não adianta me ligar depois dizendo que não vai, entendeu? — Aponta o dedo em riste para mim. — Las Vegas que nos espere! — Ela joga os braços para cima, feliz.

Jogamos conversa fora por mais um tempo, enquanto terminamos de comer. Como devo muito a Katy, vou deixar que escolha o destino de nossa viagem, porque, além de amiga, também a considero como uma irmã. Seus pais me adotaram quando eu tinha quinze anos, e a decisão deles salvou minha vida. É uma longa história, que deve ser contada em outro momento.

Enfim.

Volto ao trabalho e começo a planejar tudo para a viagem. Não gosto dos Estados Unidos, mas vai ser legal sair da rotina e conhecer a tão sonhada Vegas de Katy.

Fiz questão de ajeitar todas as minhas coisas na empresa e, para facilitar a vida do Sr. Ronald, organizei sua agenda, marquei entrevistas e arrumei minha sala. Comprei minha passagem e a de Katy para garantir poltronas juntas no avião.

Voar me traz lembranças ruins, mas sempre que estou com minha amiga-irmã não sobra espaço para elas. Sua alegria contagiante dispersa todo os pensamentos negativos que circulam à nossa volta, mas somente eu sei que suas energias e vibrações positivas são para esquecer o próprio passado.

No fundo, só quero que essa sua positividade contagie nossa viagem e tudo saia perfeitamente bem. Merecemos esse momento, mesmo que não seja na minha desejada Maldivas.

O magnata da minha vida (Degustação - Completo na Amazon)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora