Quase pronto

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Will

(xxx) xxxx-xxx Discando...

- Alô? - Ouço uma do outro lado da linha.

- Alô Lia? Me chamo Will...

- Estava esperando você ligar - Sou interrompido.

- Mas como? Ham, deixa pra lá... Preciso da sua ajuda.

Depois de um tempo no telefone marcamos de nos encontrar na praça daqui 2h.

Termino de arrumar meu quarto, tomo um banho quente e fico em baixo da água do chuveiro tentando digerir tudo o que está acontecendo. Termino o banho e coloco uma calça jeans preta meio larguinha, meu moletom cinza e meu vans branco (o conjunto de roupas que mais uso).

Pego uma maçã e vou indo à pé em direção à praça. Por um tempo fico analisando as pessoas que vejo na rua, como isso é estranho, sabe... Se tudo realmente for verdade, a vida de que eu me lembro é uma mentira.

Me sento no balanço da praça e tiro a maçã do bolso do meu moletom e dou uma mordida, sinto então o gosto doce da fruta e me pergunto: Que parte da minha vida é verdade e qual é mentira? Será que essa é a primeira fruta que comi esse ano apesar de me lembrar de comer várias?

Ok, ok... Melhor eu parar, tenho coisas mais importantes para me concentrar agora.

Logo chega a Lia de carro e me leva até sua casa.

- Entre, fique a vontade.

Afirmo com a cabeça e entro naquela casa um tanto quanto diferente.

- Quer biscoitos?

- Não, obrigada...

- Tudo bem, vamos direto ao assunto então. - Ela sorri.

Afirmo com a cabeça e começo a falar sobre o baú de baixo da minha cama, o que tinha nele e falei também do fato de que eu não me lembro de nada, apesar de ver as fotos.

- Isso tem poucas explicações, me diga você conhece algum bruxo ou bruxa que queira sua perda de memória?

O que?? Bruxo? Isso não existe.

- Sim, existe...

- Mas como..?

- Eu sou médium Will, consigo ler seus pensamentos.

- Hm, então vou pensar em um número e você me diz qual é.

- Ok.

Abacate.

- Abacate? Sério isso? - Ela começa a rir.

Fico vermelho e me concentro em meus pensamentos. Penso: Se você consegue me ouvir mesmo, coloque seu dedo em seu nariz.

- Eu não vou fazer isso. - Ela realmente está vermelha de tanto rir.

- Tudo bem, acredito em você. - Falo constrangido.

- Ok, continuando... Você conhece alguém que queira sua perda de memória?

- Não, acho que não, por quê?

- Porque isso me parece bruxaria, mas se for podemos tentar dar um jeito nisso.

- Como?

- Fortalecendo sua mente e sua alma, assim qualquer feitiço que esteja sobre você enfraquecerá.

- Ok, e como eu faço isso?

- Isso demora um pouco Will, a Anna detestava, mas ajudou muito ela.

- A Anna? Ela estava sob algum feitiço?

- Na verdade ela também é médium.

- O quê??

- Longa História, vou fazer biscoitos e te contarei tudo.

Comemos os biscoitos maravilhosos de gotas de chocolate e ela foi me falando sobre a Anna, sobre mim, sobre o maldito livro e sobre o que e como faremos para que eu consiga recuperar a memória.

- Tudo certo então, nos vemos todas as terças e sextas às 15h na praça.

- Lia, muito obrigado.

- Não agradeça, me recompense.

- E como poderei fazer isso?

- Depois de se curar quero que você ache a Anna e a faça feliz, ela se esforçou tanto por você.

Concordo com a cabeça e vou para a casa.

Os dias e semanas se passaram e nossos encontros se tornaram mais frequentes, agora além de terça e sexta feira, também nos encontramos aos domingos e segundas.

Os treinamentos eram realmente chatos e cansativos, mas eu estava me esforçando muito e os resultados começaram a aparecer aos poucos, depois de quase 3 meses de treino.

Primeiro comecei a sentir mudanças na minha personalidade, daí parei de me encontrar com os garotos na praia. E por fim vieram os "flash Backs", pequenas lembranças, pequenas cenas que vinham e iam. Isso tudo era ótimo, mas cada vez que eu me lembrava de algo, eu me sentia um idiota, um grande pedaço de bosta ambulante. Como eu fui capaz de magoar alguém como ela?

Ainda estou com a Emilly, ela é linda e gentil. Gosto muito dela, mas fico pensando na Anna a maior parte do dia.

Já se passaram cerca de 7 meses desde que comecei a me "fortalecer", me lembro de muita coisa, mas não de tudo... Sinto que estou quase pronto para encontrar Anna.

Devo tudo a Lia.

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