Capítulo Dezessete

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- Retirar o que, Katherine? A verdade em minhas palavras? Ah, por favor!

- Por favor? Por favor? Você acha que sou o que? Uma criança, que precisa ser educada? Daniel, posso me cuidar sozinha! Não preciso de ninguém para me dizer o que fazer!

- Ah, quer saber? Dane-se! Não quero mais conversar com você - ele afirmou, se concentrando apenas e completamente na estrada. Ignorando minha existência.

Passamos dez minutos nesse silêncio estranho. Até que...

- Vamos atrás do clã Luna?

Uma pergunta. Foi o que bastou para irrita-lo ainda mais.

- Você se alimentou até quase matar um monte de humanos inocentes hoje, e por isso, quase foi morta pelo Original menos de uma horas atrás! - ele rosnou, apertando com força o volante. - E agora já está querendo saber quando vai acontecer o próximo massacre? Ah, tenha um pouco de responsabilidade!

Cerrei as mãos em punhos, cravando as unhas na pele.

- Eu não me importo, droga! Daniel, eu gosto de matar! É minha natureza! Um vampiro precisa matar para viver. Eu aproveito o momento, e daí? Qual é o seu problema? E se eu quiser matar o clã Luna sozinha, como fiz com o Solis? Que direito acha que tem, para mandar em mim?

Pronto. Nossa trégua estava acabada. Outra vez.

- Por que é tão difícil se importar com alguém além de si mesma, Kath? - sua voz se suavizou, deixando-me na dúvida em saber se eu preferia o Daniel irritado ou o Daniel que sentia pena de mim.

- Ah, Daniel, deu! Cansei! Encoste o carro. Quero dirigir.

- Você não está em condições de dirigir - ele retrucou, apontando para minhas pernas, que não estavam completamente cicatrizadas. Normalmente, um ferimento a bala teria se curado em, no máximo, um minuto. Mas como elas não eram de madeira, e esse metal atrasava o processo de cura... bem, apenas disse que ainda estava escorrendo sangue dos ferimentos. Mas que droga.

- Não me importa. O carro é meu. Quero dirigir - insisti. Por que ele tinha que ser tão chato? Mas que saco!

- Não - ele repetiu. - Além do mais, estamos quase chegando. Só mais dez minutos.

- Acho que você não vai querer parar em um hotel de luxo... estou certa? - inclinei a cabeça, olhando-o com uma cara de santa, que não engana ninguém.

- Está. Vamos parar em um motel - ele respondeu, e as palavras demoraram um pouco para me atingir.

- Quer parar em um motel? - olhei-o com desdém. - Você está louco se acha que vou parar em um motel com você! Andou fumando, Daniel?

Ele conteve o riso e depois falou:

- Um motel, Katherine, é mais discreto que um grande hotel. Ali, você pode hipnotizar as pessoas para lhe darem um quarto, pois não é uma rede grande. Podemos passar despercebidos.

- Não vou parar em um motel com você - rosnei. - Não me importa o quão mais fácil seja passar despercebido por ele!

- Ah, Katherine! Não vou tentar nada, contra sua vontade! - ele jogou a cabeça para trás, xingando em outro idioma.

- Promete? - insisti. Talvez, assim, eu concordasse. Mas só talvez.

- Sim, Katherine. Eu prometo que não tentarei nada romântico contra sua vontade - uau. Ele sabia mesmo brincar com as palavras.

- Ótimo. Fico mais tranquila - revirei os olhos.

- Sério que me acha tão baixo? - ohhh, ele estava magoado? Dane-se!

- Sim, sério!

- Argh! Você é impossível! - ele respirou fundo, tentando se acalmar. - Então, planejaremos nossos próximos passos lá. Não sei se devemos matar as bruxas primeiro, ou ir atrás do Caçador. Mas, devido à acontecimentos recentes... bem, acho que devemos exterminar o clã.

Meu queixo caiu. Daniel, falando em exterminar um clã inteiro de bruxas? Uau, realmente, hoje era um dia daqueles. Mas, sendo como sou, não podia deixar essa passar em branco.

- Sabe que vamos ter que matar essas bruxas, né?

- Sim, Katherine, eu sei. E daí?

- "E daí" - fiz aspas com os dedos - que você é muito careta. Muito chato. Acho que vai amarelar quando realmente tiver que fazer o serviço. Falar é fácil, sabia? Fazer é que é difícil - provoquei.

- Katherine - ele disse, calmamente. - Não significa que, porque eu não mate no meu tempo livre, não saiba como faze-lo.

- Ah, sei lá. Pode ter perdido a prática, ou algo assim? - ri, debochando.

- Kath, se a situação pedir para eu matar, vou fazê-lo sem hesitar. Não se esqueça que vivo sob uma promessa.

Revirei os olhos, esperando que ele falasse mais alguma coisa, e como ele não disse mais nada, perguntei, suspirando, dramaticamente:

- Algo a acrescentar?

- Na verdade, sim - ele fez suspense.

- E o que seria? - pressionei.

Ele desviou o olhar da estrada e encarou meus olhos verdes, dando-me um sorriso amarelo.

- Pode calar a boca, agora?

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