6 - Haidel

71 8 6
                                    

  No dia seguinte Anna foi fazer as suas tarefas.
Os Jonhson tinham as tarefas domésticas divididas para cada membro da família e no sábado eram sempre as gémeas. Mas como Rylie estava internada no hospital, Anna teve que as fazer sozinha.

  Depois de regar as plantas e arrumar os quartos, Anna foi fazer uma coisa era sempre Rylie que fazia – mudar a caixa de areia do Denis.
  - Eu recuso-me a fazer isto! – resmungou ela enquanto se dirigia à casa de banho onde o gato estava a fazer as suas ultimas necessidades sólidas – Saí daqui saco de pulgas!
Como Dennis não reagiu, Anna empurrou-o com o pé e o pobre gato soltou um "miau..." agudo.
  - Tá calado mas é! Estou para aqui a tratar da tua porcaria e ainda reclamas... Mesmo animal.
Anna realmente sentia um ódio gigante por aquele animal, mas ele também exagerava ao fazer chichi na sua cama. Se fosse ela quem mandasse em casa, Dennis já não estaria lá há muito tempo...

  Depois de ter feito a difícil tarefa de tratar do pobre animal – e de ter vomitado mais um pouco – Anna foi buscar o correio. Tinham quatro cartas:
  - Publicidade que ninguém quer saber, contas para pagar, uma carta para a Rylie... deve ser do Ky, e uma para... para mim? ESPERA O QUÊ?
  Ela volta a examinar as últimas duas cartas surpreendida.
  Eram dois envelopes cinzentos com um símbolo nunca antes visto. Tinha um "H" e à volta umas linhas interlaçadas, dando a imagem de eras – parecia importante. Assutada, Anna pegou nas cartas e foi lê-las para a sala. Quem é que lhe poderia mandar uma carta?
  Sentou-se no sofá pronta para tudo o que viesse naquele envelope. Seria do hospital já que a Rylie também recebera um igual? Seria da polícia? Da biblioteca? Da escola?

Anna rasgou o papel grosso e cinzento e tirou a folha que lá dentro estava. Começou a ler, ainda assustada:

"Para Miss Anna Fitzgerald Johnson
Rua Starlight nº24, Bristol, Inglaterra, Reino Unido.

Miss Anna Fitzgerald Jonhson, é com prazer que declaramos que foi aceite na escola de Haidel – escola de superdotados. Esta decisão deve-se às suas notas a cima da média obtidas no seu ano escolar anterior.

Para mais informações, no dia 2 de Setembro (próxima segunda-feira) um correspondente da escola irá a sua casa (por favor mande uma carta para Wintergreen Alley Nº2, Escócia para confirmar) e lhe irá dar todas as informações necessárias.
Obrigada,

Tatiana Romanova, diretora da escola de Haidel – escola de superdotados)"

Anna ficou paralisada a olhar para a carta.

  "Como é que EU entrei para uma escola de superdotados se as minhas notas não foram nada de especial?" perguntou-se. É que, uma pessoa que foi aceite numa escola de superdotados tinha que ser uma pessoa extraordinária, com notas altíssimas, exemplar, trabalhador, promovedor de uma boa sociedade... Anna mal passava dos 60% e o mais parecido com "promovedor de uma boa sociedade" que fez foi ter ajudado numa recolha de lixo pela cidade (mas só o fez porque estava de castigo).
Como é que aquilo podia ser possível? Será que era para outra pessoa?

- ANNA, DESPACHA-TE COM AS TAREFAS, TEMOS QUE IR VER A TUA IRMÃ AO HOSPITAL! – gritou a mãe da cozinha.
Anna apenas agarrou no correio e foi lentamente ter com a mãe para lhe mostrar a carta. Quando ela a vê embasbacada com as cartas na mão, a mãe pergunta:
- O que foi filha? Passa-se alguma coisa? Viste a conta do gás? Eu sei, surpreende qualquer pessoa...
- Mãe... eu... er...
Como não conseguiu pronunciar nenhuma palavra, apenas deu as cartas à mãe e esperou uma reação por parte dela. Os olhos passavam de um lado para o outro e começavam a ficar ainda mais espantados e quase a sair das orbitas. De repente, sem avisar, a Srª Jonhson levanta-se e grita:
- RICH, VEM JÁ AQUI IMEDIATAMENTE!
O Srº Jonhson desceu as escadas a correr, assutado e entrou na cozinha a arfar:
- O QUE SE PASSA? ESTÁ TUDO BEM?
- AS NOSSAS FILHAS! – a mãe, que estava eufórica, foi a correr ter com a Anna e abraçou-a fortemente – ELAS FORAM ACEITES NUM COLÉGIO SUPERDOTADO POR CAUSA DAS SUAS BRILHANTES NOTAS!
- Brilhantes notas? – perguntou o pai – era raro elas passarem dos 60%
- Richard, não digas isso! Elas são meninas exemplares, e como recompensa elas VÃO para aquele colégio. LÊ!
A mãe atirou a carta para a mão do pai que começou imediatamente a ler e a ter a mesma reação que a sua esposa.
- Isto quer dizer que já não vou ter que me dar ao trabalho de vos por noutra escola! – ela deu mais um abraço apertado a Anna – Mas é claro que o mais importante é que vocês foram recompensadas pelos vossos esforços escolares! Nós estamos muito orgulhosos de vocês, não estamos Rich?
O pai levanta a cabeça da carta já lida:
- Mas é claro que sim. Mas só vais se a tua irmã quiser ir, okay?
- Então de que estamos à espera? – exclamou Anna que ainda não caíra em si – Vamos ao hospital!
Os três puseram-se no carro a caminho do hospital.

Anna nem sabia muito bem como acreditar na sua sorte. Ela e a irmã foram aceites numa escola de superdotados por causa das suas notas (que nem foram nada de jeito) ... Depois, para o ano seguinte quando a sua escola estivesse reconstruída já podia dizer muito orgulhosa "eu fui aceite na escola de Haidel"... Mas, pensando bem, que escola é essa? Ela nunca tinha ouvido falar nessa escola. E no caminho para o hospital ela percebeu que os país também não.
- Nunca ouvi falar dessa escola – comentou o pai procurando estacionamento no parque do hospital
- E o que é que importa? – disse a mãe – Vai ser tão bom termos as nossas filhas num colégio de superdotados. Aposto que a Rylie também vai querer ir...
E a mãe tinha razão.

Quando falaram do assunto à Rylie e lhe mostraram a carta ela até deu um berro:
- Mas as minhas notas nem foram grande espetáculo. – comentou ela comendo uma torrada do pequeno-almoço
- Mas é um sim, certo? – perguntou a mãe assustada. Ela não podia ver esta oportunidade tão boa a escapar-lhe das mãos.
- Sim, claro que é um sim. - A mãe deu um pulinho de felicidade e deu um grande abraço a Rylie – Credo mãe, estás mais feliz do que eu!
- Nem sabes como isto é bom, filha! Vou contar a toda a gente que vocês entraram para...
- Não sejas gabarolas – pediu o pai que, por detrás daquela sua cara séria, escondia um sorriso de orgulho
- Eu também gostava de contar a toda a gente... - queixou-se Anna – mas não posso.
- Então porquê? – perguntou a mãe
- Nenhuma das minhas amigas me atende...
- Nem respondem às mensagens! – acrescentou Rylie
A mãe aproximou-se delas e disse-lhes aos ouvidos:
- Não se preocupem, vão arranjar amigas novas em Haidel que não vos irão ignorar...
- MÃE! – exclamaram as gémeas ofendidas – ELAS CONTINUAM A SER GRANDES AMIGAS
- Okay, okay!

O dia passou lentamente... Anna e a mãe estiveram em casa a tratar das inscrições para a nova escola enquanto o pai procurava por "Escola de Superdotados – Haidel" no google, mas sem sucesso. Apenas duas fotos de um castelo branco, e nenhuma morada. Era estranho... Será que aquela carta foi apenas uma partida de alguém?

- Estás pronta filha?
Era noite e os Johnson estavam no posto de correio. Anna tinha a carta de inscrição dela e da irmã entre a ranhura da caixa do correio
- Larga! – gritou o pai
Anna olhou uma última vez para os envelopes e largou, deixando a carta se misturar com todas as outras.

A partir dali tudo iria mudar. Desde novas amizades e novos conflitos, novos sentimentos e dor. Novos métodos e nova família... Escola de Haidel não é para qualquer um – só para pessoas fortes e conseguem aguentar ficar longe de tudo.
Nem sabiam elas onde se estavam a meter!

Twin Elements - (SLOW UPDATES)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن