3 - Maça

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As gémeas pararam à frente da assustadora casa. Rylie deu a mão à irmã porque se sentia mais segura, mas também para garantir que ela não desatava a fugir. Anna tremia de medo, e só não desmaiava porque estava com a irmã.

Elas avançaram e abriram o mini-portão enferrujado, que rangeu. Afastaram as grandes ervas e entraram na casa, que já não tinha porta nem metade da parede.

A casa cheirava a mofo e havia pedaços de parede e mobília todos estilhaçados no chão. As poucas divisões que ainda estavam minimamente estáveis, estavam vazias. Na casa, havia dois pisos ligados por uma escada em caracol de metal, que já estava toda partida e estragada.

As gémeas passaram devagarinho pelas divisões vazias, desviando-se sempre dos estilhaços do chão. Quando chegaram à cozinha, ambas sentiram um grande arrepio. A cozinha era única divisão que não estava vazia - ainda tinha um fogão ferrugento e um lavatório cheio de teias de aranha. Na parede, tal como o carteiro tinha dito, estava uma mensagem gravada na parede:

"Se não se aproximarem desta casa, vão ter as vossas vidas relaxadas..."

Não era exatamente aquilo que o carteiro contara, mas quem conta um conto acrescenta sempre um ponto. Ao lado da mensagem estava uma moldura de uma família. As gémeas aproximaram-se da foto.

Era uma família composta por quatro elementos: Um homem de bigode e barba farfalhuda, muito alto. Ao seu lado estava uma mulher com cabelo loiro e uma cara muito simpática. À frente dos pais estavam duas crianças: uma rapariga de cabelo louro com totós e uma cara um pouco triste. O irmão, um rapaz alto e com uma cara zangada.

Em legenda na figura, estava escrito "Família Lediah, para a proteção de todos"

- Er... Rylie, vamos mas é apanhar as frutas e vamos embora... Estou cheia de medo - comentou Anna aproximando-se da porta das traseiras que estava cheia de teias de aranha.

- Ah pois, a fruta. Até já me tinha esquecido!

Na porta das traseiras estava uma outra mensagem escrita num papel amarelo, com uma letra muito bem trabalhada.

"Não te aproximes dos pomares... Depois não digas que não avisámos"

As gémeas entreolharam-se, hesitaram, mas mesmo assim abriram a porta. Dela via-se um lindo jardim com a relva aparada, flores de todos os tipos espalhadas por todo o lado. Ao fundo do horizonte estavam as maceiras, com maças grande e reluzentes - como as do catálogo de fruta.

- Vamos às maceiras e piramo-nos daqui... Estou com um mau pressentimento - disse Anna encaminhando-se para a primeira maceira. Arrancou uma maça vermelha e sentiu um grande arrepio em toda a sua espinha. Aquilo não era bom sinal, não podia ser.

As gémeas arrancaram meia dúzia de maças e fugiram da casa abandonada o mais de pressa que conseguiram.


No caminho para a tenda as gémeas decidiram experimentar uma das maças que tinha apanhado. Já eram quase 8 da manhã, e elas ainda não tinham comido.

Anna retirou uma maça do saco e levou os seus dentes à casca. Mal estes a trincaram, um sabor azedo e ácido invadiu-lhe a boca. O vómito elevou-se para a boca, o sangue subiu-lhes à cabeça e Anna sentiu imensos cales-frios. Com a dor que sentiu, ela caiu no chão de alcatrão e esperneou-se. Ela tinha que avisar a irmã para não trincar a maça, mas foi tarde de mais. 

Rylie já tinha trincado a maça e, com apenas alguns segundos de atraso relativamente à irmã, esta sofreu dos mesmos sintomas. Ambas caíram, ficaram sem ver, sem sentir, sem ouvir... Será que morreram?



Passaram 30 segundos, que para as gémeas pareceram horas, e ambas recuperaram os sentidos e a dor acalmou.

Anna juntou todas as suas forças e, com dificuldade, levantou-se. Viu Rylie deitada na estrada com espuma a escorrer-lhe da boca, mas ela ia acordar - tal como lhe acontecera. Anna sentou-se ao lado da irmã, ainda um bocado tonta, e rezou para que a irmã recuperasse os sentidos de pressa.

E isso aconteceu, poucos segundos mais tarde. Rylie acordou amedrontada e tonta

- RYLIE - gritou Anna dando-lhe um abraço grande e forte

- Também sentiste? - perguntou ela

- Sim. Foi muito estranho se queres saber... Parecia que estávamos...

- MORTAS, eu sei! É melhor deitarmos as maças para o lixo, não queremos que os pais as comam.

As gémeas deitaram as seis maças, duas delas já trincadas, para a mata.

O que elas não sabiam, era que as maças estavam saudáveis e comestíveis... Só as duas que elas comeram é que eram diferentes...

Twin Elements - (SLOW UPDATES)Where stories live. Discover now