Capítulo 13 - "Do céu ao inferno"

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Alguns minutos depois deixamos o avião e caminhamos sem trocar nenhuma palavra pela sala de desembarque. Daqui posso ver o aeroporto abarrotado de pessoas pela época de fim de ano, mas uma cabeça com fios loiros se destaca em meio da multidão. Ah, não...

- Ai, meu Deus - pronuncio as palavras e estaciono meus passos.

- O que foi? Viu algum fantasma? - Jud para ao meu lado e da espaço para outras pessoas passarem a nossa frente.

- Sim, Adam - olho para ela com os olhos arregalados - ele está aqui.

Enquanto trocava e-mails com James explicando e me lamentando por não poder comparecer ao nosso almoço, recebi um de Adam. Após o término recebi mais e-mails seus do que em todo nosso tempo de relacionamento.

"De: Adam Schmitel
Para: Emma Stearns
Assunto: Fim da ação de graças

O feriado de ação de graças acabou, então presumo que já posso voltar a manter contato.
Espero que o seu jantar tenha sido prazeroso e alegre, como gosta. Bem diferente do meu.

Sei que deveria respeitá-la e esperar você entrar em contato quando retornasse a São Francisco, como me prometeu, mas não consigo mais senti-la tão distante. Isso está me matando."

Ignorei todo o seu sentimentalismo e respondi apenas que ele havia interpretado errado o meu e-mail do dia anterior, porém acabei informando a mudança de planos, que estava voltando hoje para São Franciaco. Foi um erro porque agora ele estava plantado a minha frente segurando uma placa suspensa no ar com o meu nome escrito com a sua letra cursiva e um buquê de margaridas. A minha flor favorita.

Seus olhos verdes me encaram, enquanto caminho, com tamanha intensidade, que sinto vontade de perdoá-lo por tudo e morar nos seus braços fortes, mas no fundo um pontinho realista me responde que as coisas não funcionam assim. Apesar de toda a situação do momento, encarar James me trouxe um formigamento diferente.

- O que está fazendo aqui? - tento fazer a minha voz soar forte. Encara-lo de perto pela primeira vez após encontrá-lo na cama do Genevieve me faz soar.

- Vim te receber, desejar boas vindas - continua a me encarar - ah! E te trazer essas flores, são as suas favoritas, não? - me estende as margaridas e apesar de relutar, por fim às aceito.

- Você sabe que são, mas não entendo o que está fazendo aqui ou como soube que estaria pousando agora, não foi o combinado - termino a frase em um tom mais baixo, ainda não havia contado a Jud que uma hora almoçaria com Adam.

- Vim lhe receber, já disse - dá o seu sorriso mais sexy que há um tempo atrás derretia o meu coração - e convidar vocês para um almoço.

- Está tranquilo, comemos uma gororoba no avião - Jud mente e Adam torce a boca em quase uma careta.

- Até você, Em? - se surpreende - Você nunca gostou da comida que são servidas nos voos.

- Os gostos estão em constantes mudanças - respondo lhe encarando.

- Em, estou indo pedir um táxi, tudo bem? - Jud aponta para a fila do lado de fora e confirmo.

- Me dê apenas dois minutos.

- Eu sinto muito, Em - solta assim que ficamos "sozinhos".

- Eu também sinto.

- Eu tenho tanto a te explicar... - coloca as mãos no bolso da calça e aproxima nossos corpos. Não recuo.

- Não sei se estou disposta a ouvir.

- Por favor, eu sei que nada justifica o meu erro, mas explica muita coisa.

- Sim, nada justifica - tento não parecer afetada com o assunto.

- Eu sei, podemos almoçar hoje?

- Eu dormi pouco na noite passada e não descansei nada durante o voo, podemos ver isso depois? - cheiro as flores para não respirar o seu perfume amadeirado, mas é quase impossível não sentir o seu aroma estando tão perto.

- Um jantar hoje à noite, então? - pode ser impressão minha, mas insiste com os ombros curvados - podemos ir no Pacco's.

- Adam...

- Por favor, Em.

- Tudo bem, jantaremos lá hoje e resolvemos isso de uma vez por todas.

- Eu vou lutar por você, não pretendo desistir de nós assim.

- O nós acabou no momento em que você foi para a cama com outra - as palavras saem com um gosto amargo.

- Eu... - suas palavras são interrompidas pela chegada de Jud.

- Vamos, consegui um táxi e não quero deixá-lo esperando - diz já arrastando a minha mala.

- Eu posso dar uma carona a vocês, não é problema.

- Não é necessário, eu briguei por aquele táxi, então iremos nele - minha irmã responde de modo autoritário e a conhecendo bem, sei que disse a verdade.

- Até mais, Adam.

Engraçando como podemos descer do céu ao inferno em questão de segundos.

(Vale lembrar que estrelinhas e comentários, tanto positivos quanto negativos, são importantes para a construção da obra. Me ajudem. xoxo)

Novo Remetente (Concluído)Where stories live. Discover now