Depois que ela fez o pedido, resolveu que tinha que ir ao banheiro, então fiquei sozinha naquela pequena mesa esperando.

Como ia demorar um pouco, resolvi ir até o balcão pedir uma coca cola, que a moça me entregou assim que fiz o pedido. Quando me virei a coca se virou toda na camisa de um garoto, que me olhou assustado. Não necessariamente bravo, e sim assustado, e ele não parou de me encarar com olhos arregalados até que eu dissesse algo.

- Desculpe! -falei - eu... não o vi, desculpe.

- não tem problema, não foi sua culpa - ele sorriu - você estava de costas...

E foi só então que notei o quanto ele era bonito, quer dizer, não era bonito do tipo que chamava a atenção de todas as garotas, mas havia algo nele. Inexplicável. E a beleza dele se resumia a isso, nesse algo. Olhos verdes quase cinza, e um cabelo castanho quase loiro. Era isso, ele era um quase, quase um Daniel.

- Eu estava... - gaguejei - é, eu estava de costas.

- bom... - ele passou a mão na camisa - me deixe pagar outra coca cola para você.

- não! devia ser o contrario, eu pago e te recompenso pela camisa machada. - me virei para o balcão mas ele segurou meu pulso, me impedindo, puxei o braço mas olhei para ele - o que foi?

- Se quer me recompensar, me deixe pagar a coca... eu insisto.

- Mas isso não seria justo, - falei.

- E quem disse que a vida é justa? - ele disse sorrindo.

Assenti, convencida por aquele olhar.

Ele pediu uma coca, e fomos para a mesa juntos, ele me encarava, um sorriso de lado estampado em seu rosto.

- Você está sozinha? - ele perguntou.

- Estou com uma amiga, ela foi no banheiro mas... deve ter se perdido - sorri, só então me dando conta que já fazia bastante tempo desde que ela tinha ido ao banheiro.

Meus olhos varreram a lanchonete, e lá estava ela, numa mesa bem ao fundo, Mariana arqueou as sobrancelhas e sorriu, seu olhar dizia: continue, ele é um gato!

E era mesmo.

- Qual o seu nome? - perguntei.

- Digo se prometer não rir...

- eu prometo!

- Leinad, - ele me olhou na expectativa.

- Leinad?

Fez que sim.

- Estranho, mas...um estranho bom - sorri.

- você prometeu não rir, - Leinad disse.

- Desculpe.

- Tudo bem, - ele sorriu também - e o seu? quase me esqueço de perguntar,parece que já te conheço a anos...

- Analu, - falei sentindo minhas bochechas corarem.

- Bonito o nome...

sorri.

- Analu. - ele repetiu baixinho.

Então Mariana se levantou e foi até a mesa, fiquei meio decepcionada por ter que dizer adeus ali, pela primeira vez em um ano me senti... inteira novamente.

- Essa deve ser a amiga. - ele disse - já estou indo então,

Leinad se levantou e Mariana tomou seu lugar.

- Até qualquer dia então, - falei.

- e que tal... amanhã? - ele disse, e um nervosismo fofo tomou conta de sua voz.

- amanhã? - perguntei meio surpresa, quer dizer, totalmente surpresa.

Você tem uma caneta?

- ahn... tenho. - falei.

Procurei por ela em minha bolsa.

- ok, - ele pegou um guardanapo e colocou em minha frente - se importa?

- o que?

- numero... Analu, - Mariana cochichou.

- Ah! sim... quer dizer, não...

ele me olhou confuso.

- Eu não me importo. - expliquei.

Escrevi o numero no guardanapo e entreguei, ele piscou com um olho só e se foi.

- Alguns minutos sozinha e já fisga um cara desses? - Mariana sorriu maliciosa.



Anjos na escuridãoWhere stories live. Discover now