"10"

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Mas pra onde eu iria? como começar a busca por três pessoas desaparecidas? eu não sabia onde procurar... eu não tinha como procurar...

Mesmo assim, mesmo frustrada e sem rumo nenhum, peguei minha bolsa já preenchida com coisas que poderiam me livrar de uma situação de risco (PS: eu não tinha uma arma, mesmo que naquele momento ter uma arma seria ótimo) e sai, o plano era pegar um táxi até a casa de Mariana, para depois, juntas, procurarmos os desaparecidos.

Eu estava pronta para telefonar para a companhia de táxi quando um motoqueiro parou ao meu lado e desceu da moto rapidamente, logo em seguida tirou o capacete.

- Felipe! - gritei enquanto me atirava em seu pescoço o puxando para um abraço apertado.

- Analu! - ele gritou imitando minha voz.

- Tudo bem? - perguntei.

- Comigo tudo ótimo... o que não ta bem é o que aconteceu com Dominic e John...

- isso sem contar com o desaparecimento da irmã de minha melhor amiga, ela estava meio estranha e uns dias depois, sumiu sem deixar rastros... como todos eles por sinal.

- Eu estava indo agora mesmo fazer alguma coisa sabe? eu não posso ficar parado esperando que eles simplesmente apareçam... eles precisam de nossa ajuda, eu vou procura-los... só não sei por onde começar.

- Eu também não sei por onde começar... ia falar com Mariana pra ver se ela tem alguma ideia, mas no fundo sei que não vai funcionar.

O que era verdade, sabe quando se tem aquela sensação de que, por mais que você tente, não vai dar certo? por que, simplesmente não é pra ser? eu tinha muito daquela sensação, Mariana não resolveria de nada, eu tinha quase certeza disso.

- O que está pensando em fazer? - continuei.

- Eu ia procurar uns velhos amigos, descobrimos que de fato, nenhum dos desaparecidos estão aqui, eles estão presos em algum tipo de dimensão que... até onde sei, só demônios podem controlar e entrar...

- Eu posso entrar?

- você não é totalmente um demônio, já foi mais que provado que tem muito mais de John em você do que de Mary, alem de que o sangue dos Arcanjos é mais forte.

- Então posso pedir ajuda para Daniel...

- Não... - ele disse de imediato - Daniel não é... o cara certo.

- O cara certo? como assim?

- Daniel não é um dos santinhos dessa vez Analu, ele é um dos principais suspeitos na verdade... por favor não se irrite, estou torcendo para que ele não esteja envolvido, de verdade, mas temos que considerar todos os suspeitos.

- Daniel não faria isso Felipe...

- eu sinto muito, mas quero meus amigos de volta... e estou desposto a investiga-lo se for necessário.

- Por que acham que ele é suspeito? - perguntei, e comecei a imaginar no quão difícil devia ser viver daquela maneira, o tempo todo tendo que provar que não é um demônio ruim, que ele é do bem.

- Quer ver com seus próprios olhos? posso te levar, meus amigos sempre quiseram conhecer a tal mestiça mesmo...

Eu confio em Daniel, mas se ele está escondendo alguma coisa, e Felipe tem como provar o quê... eu jamais poderia perder a chance de descobrir.

- OK... mas antes, vamos de carro não é?

Ele sorriu e fez que não, me chamou para mais perto da moto e me entregou o capacete. Lá vamos nós outra vez... pensei enquanto ele ligava a moto.

Como da primeira vez em que eu andara na enorme moto vermelha de Felipe, ele correu por entre as ruas de Londres como um flash, isso me deixava muito assustada, o que me fazia agarra-lo com toda a minha força.

Depois de uma hora inteira sendo torturada por Felipe que sorria sempre que eu o apertava, chegamos a Brighton... eu não fazia a menor ideia de que iriamos para lá, sim eu tinha algo contra Brighton, meu pai morreu em Brighton, e ver aquela cidade novamente me fez lembrar de toda a sensação daqueles dias horríveis, e tudo voltou de uma só vez... se eu estivesse de pé ao invés de estar na garupa da moto idiota de Felipe, eu com certeza teria caído desmaiada.

- aonde vamos? - gritei para que ele me escutasse apesar da correria.

- onde todos os demônios vão quando estão em Brighton. - ele gritou de volta.

O que deu na mesma, onde é que todos os demônios iam quando estavam em Brighton? eu sequer sabia que existia um lugar assim.

Quando ele parou a moto em frente O galpão infernal não me surpreendi, eu nunca tinha entendido o porque do nome, mas agora fazia muito sentido... Galpão infernal, o lugar onde os demônios vão! é obvio...

- Acha que é seguro? - perguntei, antes para mim aquilo era só uma casa de festas, mas agora que eu sabia do que se tratava, eu tinha total noção dos riscos.

- sua falta de confiança em mim é comovente... - ele disse sorrindo, o sorriso bobo de sempre.

Anjos na escuridãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora