23-Que o dia termine bem

Börja om från början
                                    

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Era muito raro ter todos reunidos na mesa pro jantar. Principalmente porque Rafa nunca estava e o fato dele está me incomodou, praticamente não nos falávamos mais e digamos que hoje era um dia que eu realmente não precisava de um jantar em família. Tudo que eu queria era que esse dia lixo terminasse bem.

Meu pai, Daniela e Júlia conversavam entre si e eu só respondia ao que me perguntavam.
Observei Júlia comendo, o prato dela estava bem cheio e tive medo em como ela ia se livrar disso depois.
Eu estava totalmente alheia aos assuntos na mesa até que uma conversa me chamou atenção.

- Amor, mas o show do McFly foi incrível - Daniela falou em direção ao meu pai- Foi lá que nos conhecemos.

- Ain que fofos! - Júlia respondeu.

Aquilo soou estranho para mim, tenho certeza que meus pais haviam ido juntos nesse show.

- Como isso é possível?  - falei e todos me olharam - Você foi com minha mãe nesse show, pai.

Ele parou de mastigar e olhou para Daniela antes de responder.

- Você está confundindo minha filha. Sua mãe nunca foi nesse show. - Ele falou sem me olhar nos olhos.

- Tenho certeza que foi! Odiei esse dia, vocês tiveram que me deixar com uma tia. Como se conheceram nesse show se minha mãe ainda estava viva?

Júlia, Rafa e eu encaramos os dois aguardando uma resposta.
Percebi Daniela evitando olhar para mim.
A campainha tocou e ela se levantou para atender.

- Eu já disse que sua mãe não foi nesse show, isso aconteceu depois dela morrer. - ele não foi nada convincente e não tive dúvidas que me escondia algo e eu iria descobrir o que era.

Antes que eu continuasse o assunto Daniela me interrompeu.

- Kendra, é visita pra você.

Levantei da mesa em meio ao silêncio que agora eles mantinham, ao passar por Daniela ela tentou me dá um sorriso que eu totalmente ignorei.

Quando cheguei na porta, lá estava ela sentada na varanda.

- Vai embora!

- Quero falar com você. - Natasha se aproximou.

- Mas eu não quero ouvir.

- A Brenna sabe de algo sobre mim que eu não queria que você soubesse. Então ela quis saber algo sobre você,  assim não contaria o que sabe sobre mim.

-Ah! Deixa eu ver se entendi...- usei o tom mais irônico que conseguia - ela passou com um carro por cima de mim, poderia ter me matado. E tudo isso porque você me dedurou só pra eu não saber algo sobre você? 

- Foi mais ou menos isso. Mas falando assim você torna as coisas bem piores do que já são e eu nunca imaginei que aquela louca fosse fazer aquilo. Me perdoa, agi sem pensar.

- Você nunca pensa, mas O QUE DIABOS VOCÊ NÃO QUER QUE EU SAIBA???

- Não posso dizer... - ela baixou a cabeça e a raiva subiu em mim.

- SAI DA MINHA CASA AGORA! VOCÊ ME TRAIU E AINDA ESCONDE SEI LÁ O QUE DE MIM. QUE PORRA DE AMIGA É VOCÊ?

- Para de falar como se eu não fosse digna da sua confiança. Você sabe que não sou assim.

- Pra mim, você não é mais digna de nada.

Ela me olhou com uma cara brava. Como se fosse a vítima.

- Eu vou embora.

- Ainda tá aí? - me afastei e bati com a porta na cara dela.

No mesmo instante me arrependi da grosseria e quis chorar, mas ela não merecia uma lágrima minha.

..

Rolei várias vezes na cama antes de dormir e tomei coragem pra falar com Júlia.

- Sei que você não procurou tratamento.

- Já te disse que tô indo no médico. - ela permaneceu toda coberta e de costas para mim.

- Eu vi você vomitando no banheiro da escola.

- Quando? - ela virou rapidamente.

- Não importa. Mas não vou deixar você se acabar assim.

-Isso é uma solução, Kendra.

- Não, isso é um problema. Você tá doente, olha pra você! Já tá magra o suficiente.

- Não tô doente! E para de se meter. - foi a primeira vez que ela foi rude comigo.

- Não quer que eu me meta, mas sua mãe vai se meter quando ela souber. Prefere o que?

- Você tá me ameaçando?

- Eu só quero o seu bem, Júlia. Me importo com você.

- Se importa por que? Não é você mesma que faz questão de dizer que não somos irmãs?  Não preciso da sua ajuda e nem da de ninguém.

- Olha como você tá falando. Aquela louca tá fazendo uma lavagem cerebral em você.

- Por que tudo você culpa a Brenna?? - ela levantou da cama.

- Por que tudo é culpa dela. Ela tá te induzindo a fazer isso.

- EU SOU INDUZIDA, MANIPULADA. É ISSO QUE VOCÊ SEMPRE PENSOU DE MIM NÃO É? 

- Você tá doida? Tô querendo te ajudar.
- NÃO PRECISO DA SUA AJUDA! - ela falou tão alto que achei que meu pai fosse aparecer na porta.

Fiquei sem entender nada.
Sou eu ou as pessoas ao meu redor estão ficando cada vez mais loucas?

Ela saiu do quarto e bateu a porta forte.
Deitei.
Meus pensamentos me atormentavam, parecia que todos que se aproximavam da Brenna se afastavam de mim.
Meu celular vibrou e uma mensagem do Nick apareceu na tela.

Nick: "Minha cama não é a mesma sem você aqui. Boa noite"

O sorriso que apareceu no meu rosto se desfez ao abrir a próxima conversa.

Natasha: " Me perdoa, sei que fui uma vaca. Boa noite Barbie gótica."

Apertei na tela.

"Tem certeza que deseja bloquear Nath♡?"

Sim.

Bloqueei.

Eram quase três da manhã e não eu conseguia dormir.
Abri a gaveta ao lado da cama para pegar os fones e lembrei que estavam com o professor.
Então invés dos fones me deparei com a foto do meu pai e Daniela, eu havia escondido ali.
Olhei novamente para a data na foto.
Cada vez a certeza que eles se conheceram quando minha mãe estava viva aumentava.
Será que eles? Não!!!

Guardei as fotos e espantei esses pensamentos. Mas era impossível não pensar.

Uma brisa fria entrou pela janela me fazendo arrepiar.
Fiquei olhando para a janela até adormecer.
Só consegui dormir quando os primeiros raios de Sol apareceram.

Meu NÃO querido diárioDär berättelser lever. Upptäck nu