- Veja, estou bem.

Eleazar olhou-a vagarosamente de cima até embaixo, de maneira desconfiada, como se temesse que ela estivesse ocultando alguma coisa. Depois o olhar dele percorreu o quarto.

Bella mordeu o lábio, torcendo muito que o intrometido não notasse a camiseira, mas, naturalmente, ele notou.

- A senhora bloqueou a entrada do quarto do conde. - O mordomo só poderia mostrar-se espantado diante da descoberta.

- Bloqueei, sim - respondeu Bella, impassível. - É uma arrumação temporária, Eleazar. Preciso descansar por uns minutos, ter um pouco de privacidade, e assim me asseguro de que ninguém irá me importunar.

Eleazar a examinou em silêncio, depois olhou ao redor do quarto. Os dois estavam suficientemente próximos para que Bella notasse como ele havia ficado nervoso. Foi quando os olhos dele se detiveram em alguma coisa. Bella não conseguiu resistir e voltou-se também para ver o que chamara a atenção dele. Naturalmente, ela não conseguiu enxergar nada sem os óculos, apenas figuras borradas.

- Há um livro em sua cama.

Bella sentiu o coração parar. Ela havia esquecido completamente do livro que jogara sobre a cama momentos antes. Tentando manter uma expressão calma, se voltou para o mordomo, demonstrando surpresa:

- Não diga! Talvez Anne o tenha esquecido aqui em cima.

- Sem dúvida - ele concordou e perguntou: - Posso levá-lo de volta para a biblioteca para que não fique pelo caminho?

- Não se preocupe, Eleazar, é só um livro. Eu vou deixá-lo na mesinha-de-cabeceira e Anne o pega mais tarde.

- Talvez ela queira ler enquanto a senhora descansa - ele insistiu. - Afinal, a senhora deu a tarde de folga para ela.

Bella cerrou os dentes. Estava vendo sua oportunidade de passar alguns momentos sozinha esvair-se. Buscava uma desculpa urgente para poder ficar com o livro quando ouviu alguém chamar do piso inferior.

Eleazar virou-se e olhou em direção ao hall. Desculpando-se, foi até as escadas de onde podia ver a entrada.

Bella achou que seu sentido de audição havia aumentado desde que ficara sem os óculos. Era como se seu corpo procurasse compensar a falta de um sentido, aumentando os outros. Ela ouviu perfeitamente bem a resposta de Seth. Ele disse que uma carruagem estava se aproximando do pátio.

Sem se dar conta de que Bella ouvira, Eleazar olhou para trás e informou a ela:

- Perdoe-me, milady. Parece que teremos companhia.

Bella observou o vulto dele desaparecer escada abaixo e então fechou a porta do quarto. Uma vez sozinha, seu olhar parou na moldura turva da janela. Visitantes inesperados? Quem poderia ser, perguntou a si mesma. Pondo os óculos, ela foi curiosa até a janela que dava para o pátio na frente da casa.

Havia mesmo uma carruagem subindo pela alameda, mas foi só quando parou na frente da casa que ela reconheceu a insígnia da família, na lateral do veículo.

Respirando fundo, Bella caminhou rapidamente até a porta. Já ia abri-la quando se lembrou dos óculos. Arrancou-os do rosto, colocou-os no bolso e rapidamente foi para o hall. Ao chegar à escadaria, segurou no corrimão e desceu cuidadosamente. Havia aprendido a lição ao torcer o pé nas escadas da casa de seu pai em Londres. Não tinha a menor vontade de repetir a cena.

Eleazar permanecia parado junto à porta de entrada, observando o primeiro passageiro que desceu da carruagem. Ao chegar ao lado dele, Bella notou pela expressão desconfiada de sua cara de buldogue que Eleazar não tinha a menor ideia de quem fosse. Logo, porém, ele ficou sabendo ao vê-la passar por ele correndo e gritando:

O amor é... Cego?Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora