Capítulo 1

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Mídia acima: Touch the Sky, Hillsong

            

— Feliz filha? — minha mãe perguntou-me.

— Como não ficar? É Jerusalém! A cidade que Jesus andou, e eu vou estar lá! Olha que bênção. — falei toda alegre, pois eu teria a oportunidade que desejei por anos de visitar uma cidade histórica, rica em conhecimento em cada tijolo, onde qualquer lugar que eu fosse teria uma história pra contar. E não era qualquer cidade, era a Terra Prometida.

— Ai Sophia... Isso é Deus nos mostrando que no meio da crise ele continua sendo Deus e nos sustenta, apesar das adversidades — minha mãe comentou. Seus comentários a respeito de minha vida eram sempre positivos, ela tinha muito conhecimento e sempre o transmitia de forma doce e suave.

— Mudando de assunto... Filha você já desceu as malas? — meu pai perguntou e eu assenti, indo de novo até elas para checar.

— Já ligou pro táxi, Ernesto?

— Chega daqui a quinze minutos. — ele respondeu.

Sobre ansiedade? Eu sentia muita naquele momento, mas não uma ruim, talvez misturada com curiosidade, na verdade eu não sabia bem o que estava sentindo, eu só estava tentando aproveitar o momento. Era um momento mágico que nem todos compreenderiam. Meus pais começaram a planejar a viagem um ano antes e desde que eu soube da possibilidade eu me empolguei, nada poderia estragar aquilo que tinha sido planejado, pelo menos era o que eu pensava.

Dentro dos quinze minutos prometidos, o táxi chegou e entramos. Fiquei balançando o pé de um lado para o outro, desejando chegar ao aeroporto o mais breve possível.  Eu deveria estar mais ansiosa para essa viagem do que uma menina de sete anos para ir à Disney. Mas não importava, pois o que eu mais queria era chegar e viver aquele momento único.

"Senhor, eu te peço por favor: dê-me paciência e me ajuda! Não quero ficar ansiosa. Abençoe a viajem para que corra tudo bem, em nome de Jesus eu te peço! Amém." – orei sussurrando.

Assim que o táxi parou na entrada do aeroporto, apressei meus pais para chegar dentro do aeroporto, a fim de que eu não perdesse a viagem. Apesar dos meus dezoito anos eu ainda vivia como uma criança, como alguém que tenta aproveitar cada situação, mesmo que seja pequena. Eu ainda ria ao sentir a brisa da noite, ainda chorava pela distância dos meus pais de mim por sermos tão apegados, ainda brincava com cachorros como se fosse a última vez.

— Filha, calma. — meu pai disse, paciente.

A calma na voz dele me deixava ainda mais ansiosa, pois eu não compreendia o porquê de tanta calma sendo que estávamos indo a outro país, e não era qualquer um. Na minha cabeça, tudo que eu havia lido algum dia na bíblia se concretizaria, se tornaria real e palpável. Sonhos de criança.

— Não dá. — respondi inquieta.

— Não andeis ansiosos por coisa alguma. — ele concluiu.

— Deus que me perdoe, mas é Jerusalém, entende?

"Passageiros do vôo 264, por favor comparecer à linha de embarque de número 5." alguém anunciou. Tão logo puxei meu pai pelo braço e peguei a mala.

— Pai é o nosso, vamos! — ordenei.

Quando chegamos à linha de embarque, na última verificação de documentos, encontramos um problema. Meu coração palpitou e eu torcia para ser um engano e o problema não ser conosco. Eu já criava centenas de formas de entrar no avião sem ser percebida, pensando como eu poderia driblar a toda segurança e ir em direção ao meu sonho, nada me pararia.

Presente de DeusWhere stories live. Discover now