Prólogo

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Você precisa parar - meu subconsciente acabara de me avisar, mas o álcool estava sob meu controle e não quiz dar ouvido a vozinha que  me perturbava.

Passei muitos anos longe dessa sensação, a qual eu recentemente percebi que sentia falta, sentia falta do álcool queimando minha gargantaa, falta do efeito da bebida chegando e me deixando destemida, sentia falta de viver cada momento sem me preocupar com o que aconteceria depois.

Você precisa voltar para casa - meu subconsciente voltara a me perturbar, e, dessa vez, resolvo dar ouvidos a ele, logo depois de pegar mais bebida, a última da noite - eu suponho.

Após acabar meu último drink chegou à conclusão que devo voltar para casa, Wil deve estar a minha espera, e não pretendo chegar bêbada.

Saio do elegante bar e caminho  até o carro, vou guiando à casa que venho dividindo há três meses.

Há grandes vantagens em morar com seu namorado quando ele é Wilmer Valderrama, não só o fato de que ele é um ótimo cozinheiro, ou a melhor pessoa no quesito senso de humor, mas acima de tudo, ele me mostra que também sou humana, tenho dias ruins como qualquer um, com ele sou só Demi, não Demi Lovato.

Mas como nem tudo é um mar de rosas, dividir não só sua casa, mas sua vida com alguém, tem pontos negativos - como o fato de que não é possível ter segredos com seu companheiro, já que ele estará com você a todo momento.

Privacidade: algo que não é possível obter quando você mora com alguém.

Enfim, detalhes que podem causar deslizes na vida de um casal.

Fico realmente impressionada, por conseguir descrever os prós e contras de morar com alguém, embriagada.

Assim que me dou conta estou entrando em casa, a qual está aparentemente vazia. Onde está Wilmer uma hora dessas?

Sinto uma dor de cabeça  insuportável se apossar de mim, me impedindo de criar minhas teorias em relação à onde meu namorado estaria as três horas de manhã.

Na minha opinião, há três efeitos colaterais que o álcool causa após entrar no sangue, o primeiro acabara de me atingir.

Viro as estantes do banheiro de ponta cabeça em busca do único remédio que poderia aliviar a dor que corroía minha cabeça.

Droga, ele havia acabado. Eu poderia tomar outro, apenas dessa vez, porém correria o risco de que os remédios que era obrigada a tomar á cinco anos - devido à bipolaridade - perdessem o efeito.

Me vi diante de duas opções: acabar com minha dor de cabeça e correr o risco de acordar transtornada pela manhã, ou, aguentar aquela mísera dor e me manter psicologicamente estável - dentro do possível.

Opto pela dor de cabeça, na realidade não tenho que pensar muito em minha escolha, já que em alguns segundos estava ali, ajoelhada em frente ao vaso sanitário, sentindo todo álcool que eu havia consumido, a pouco, sair da minha boca.

Segundo efeito colateral de ser  alcoólatra por uma noite: concluído.

Aí está algo que  eu definidamente não sentia falta alguma, aliás não pretendo sentir isso tão cedo novamente.

Após me livrar de boa parte do álcool que havia consumido, vou direto me banhar, estou fedendo á álcool, não é uma fragrância muito agradável, diga-se de passagem.

Acabo minhas higienes e me jogo na grande e macia cama , a qual deveria ter dois indivíduos neste momento, tento não pensar nisso e acabo adormecendo.

[...]

Acordo com o cheiro irresistível de cookie vindo da cozinha.

Nunca fui de acordar com ressaca, talvez pelo fato de ter começado a ingerir álcool cedo de mais, meu corpo havia se acostumado com a presença daquela substância o invadindo? Talvez.

O ponto é que, dessa vez tive uma espécie de ressaca.

Mas havia algo que estava me invadindo - mil vezes pior do que a ressaca - o terceiro, e último, efeito colateral do álcool, conhecido também como culpa.

Sim, era tarde de mais para arrependimentos, o que passou, passou. O problema é que minha cabeça estava tendo certa dificuldade em compreende isso.

Vesti meu hobby e desci a escadaria, me deparando com Wilmer tirando uma assadeira de cookies do forno.

"Aonde passou a noite Wilmer?" - Indago friamente.

"Procurando você já que celular se tornou algo desconhecido por Demi Lovato, não é? O que houve? É muita tecnologia, não é capaz de atender o telefone?"

Wilmer raramente se estressa, é geralmente calmo, em compensação quando resolvera se estressar, é para valer.

Me dirijo até ele e tento - sem sucesso - o beijar, para tentar fazer com que o mesmo se acalme.

"Não venha com beijos Demetria, você não vai conseguir fugir de uma discussão que você causou."- Ele me chamou de Demetria, estava definitivamente bravo.

"Oh eu causei?"

"Não, sou eu que resolvo sair, ficar bêbado por aí, não atendo a merda do telefone e ainda deixo milhões de fãs desesperados por não saberem o que está se passando comigo! Aliás nem eu sei que diabos está acontecendo com você! "

"Nada, não está acontecendo nada comigo! Qualquer pessoa normal de vinte e três anos pode sair e beber, agora quando eu resolvo tomar algo eventualmente  sou a pior pessoa do mundo, é isso que estás tentando me dizer? "

"Você sabe muito bem que não se trata de beber algo eventualmente, você não tem controle, e desde que resolveu voltar a beber, há vinte dias, já chegou bêbada quatro vezes, na realidade cinco se formos contar com ontem! Isso é um comportamento alcoólatra! É essa merda que você quer para sua vida? "

"Sabe o que eu realmente quero para minha vida? Quero poder vivê-la sem ser chamada de alcoólatra por ter bebido algumas vezes depois de anos!"

Wilmer pega o casaco que havia deixado sob a mesa e se dirige em direção à porta.

"Aonde você pensa que vai? Nós não terminamos de conversar!" - Questiono incrédula com sua atitude.

"Voltaremos a conversar quando você estiver pensando sobriamente." - Profeta calmamente e se retira.

"Eu estou pensando sobriamente!" - Grito em vão.

I am you? - revisão Onde as histórias ganham vida. Descobre agora