Uma peça importante

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"Eu queria que você a tivesse conhecido. Hoje, no momento que escrevo essas memórias, você não tem idade suficiente para entender o que eu sentia por ela... Talvez, que esse dia demore a chegar pois não sei como eu reagiria, quando você encontrar alguém que te faça sentir completa e amada, você entenderá o que eu vivi com a sua mãe..."

- Então, senhor... Nós não podemos passar informações sobre os nossos clientes. - a gerente do banco apertou os lábios, parecia desconfortável.

A mulher de grandes e lisos cabelos pretos estava firme em sua decisão. Miles e Alex começavam a se sentir fracassados naquele local.

- Anna Victoria - Alex fitou o nome da gerente gravado em uma placa de metal sobre a mesa do escritório. - Você nos conhece... - Sorriu. - No fundo você sabe que não estamos querendo fazer  mal a ninguém.

- Sim, eu conheço vocês.  - Um tímido sorriso surgiu entre seus lábios pintados de vermelho. - Sou muito fã dos dois, mas isso não me permite quebrar as regras de onde eu...

- Não queremos que você quebre regra de nada. - Miles gargalhou, estava nervoso. - Apenas queremos uma rápida informação. É muito importante...

- Sim, Anna. - Alex continuou. - Estamos querendo ajudar uma amiga... Ela não anda muito bem, sabe... - Um brilho de dor despontou no olhar do Turner. - Estamos com medo de que algo aconteça.

Miles fitou o amigo, Alex estava usando todas as fichas que possuía para não sair dali sem nada, era um exímio ator.

Depois do almoço com a Sra Carmeri, algo que tinha saído, de certa forma, bem mais produtivo do que esperavam, Alex e Miles tinham ido ao antigo banco da família Bertolucci. Sra Carmeri, no meio de suas histórias, cítara que não sabia o que tinha acontecido com os fundos de pensão de Martino depois de sua morte, pois Alvina, a tia que cuidara de Amarília, passou o resto de sua vida reclamando que nunca recebera nenhum centavo da previdência e que não tinha de onde tirar para cuidar da peste (sobrinha). Aquilo não era algo de se esperar, já que o governo americano era famoso por ser competente naqueles detalhes e se Martin tinha um seguro, ele seria automaticamente passado à sua filha ou  à quem quer que tomasse conta dela, coisa que não aconteceu. E era por isso eles estavam ali tentando convencer àquela gerente de que eles queriam fazer o bem a alguém.

Srta Anna Victoria, a gerente, assim que recebera Kane e Turner em sua sala não escondera que era uma grande fã do trabalho dos dois. Tentava conter-se, afinal esse era o seu trabalho, mas já tinha tirado algumas fotos e até convidados os dois para um almoço qualquer dia. Apesar de toda essa euforia, ela estava mostrando-se irredutível quando o assunto era ceder as informações que os ingleses tanto queriam.

- E o que tem de tão importante nessa informação?  - Anna cruzou as pernas, parecia interessada no repentino desgaste de Turner.

- Estamos tentando descobrir o que houve ao pai dela...

- E ela é? - A gerente quis saber.

- Minha noiva. - Miles respirou fundo, talvez aquilo não teria sido inteligente... E se Anna fosse uma daquelas fãs ciumentas e...

- Oh, meu Deus... A Amarília está bem? - Ela estava assustada.

- Ah, você conhece a Ama? - Alex se aproximou da mesa, talvez aquilo fosse interessante.

- Claro que sim. Eu shippo tanto vocês. - Fitou Miles.

Shippo? WTF!

- Eu a conheci na turnê do SIAS em 2011! - Sorriu. - Tentei, juntos com algumas amigas, conhecer vocês nos bastidores - Fitou Alex.-  Mas acabamos sendo expulsas por um brutamontes que apelidaram de segurança - Revirou os olhos. - Porém,  quando a Ama soube da grosseria da equipe com alguns fãs, ela foi nos procurar e pedir desculpas pessoalmente pelo transtorno...

- Típico dela... - Miles sorriu.

- E com isso, ela ainda nos arranjou um rápido encontro com o Cook depois do show. - Abriu a gaveta de um criado que tinha ao seu lado e retirou uma carteira, nessa carteira ela guardava a foto com Cook. - Naquele dia eu tive a certeza de que vocês eram tudo que eu achava...

- Escrotos? - Um sorriso torto surgiu nos lábios de Turner.

- Não. - Riu. - Vocês, apesar da fama e do sucesso, continuam pessoas boas e humildes.

- Ah, não inclua o estreAlex aqui, tudo bem?! - Miles brincou.

- Então, Anna... - Alex não deu ouvidos às brincadeiras do Kane - Você vai nos ajudar?

- Eu... - Respirou fundo. - Eu... Eu posso tentar.

- Por favor, precisamos ajudar a Ama de alguma forma... E talvez isso nos dê alguma luz... - Kane via a mudança no semblante da gerente, ela parecia realmente gostar de Amarília. - Você é uma peça importante nessa recuperação da Ama.

- Gente, eu... - Suspirou, ela não acreditava que faria aquilo. - Eu posso tentar, certo? Mas não tenho todos os acessos necessários aqui e agora. - Mordeu os lábios. - Me deixem seus contatos, vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para ajudá-los. - Sorriu.

****

Miles trocava os canais da TV tentando achar algo que lhe tirasse o tédio. Não via a hora de voltar para casa, não que ali em Nova York fosse ruim. O Turner, naquele momento, estava em algum bar com uns amigos da gravadora, Kane poderia ter ido também, mas Anna Victoria,  a gerente do banco, tinha falado que entraria em contato com eles ainda aquela noite para entregar o que conseguisse sobre a conta do pai de Amarília.

Kane fitava o relógio de parede, estava impaciente. Talvez um banho quente o acalmasse. Jogou o controle sobre o sofá e quando ia se dirigir ao banheiro a campainha tocou.

Parece que a farra do Turner não durou muito. hahaha.

Caminhou lentamente até a porta, estava pronto para tirar sarro de Alex. Parecia que o antigo ânimo dele para noitadas tinha morrido depois de começar a namorar com Iz. Miles girou a chave na fechadura e quando abriu a porta, um misto de susto e alívio tomou conta dele.

- Ama... O que houve?

Os olhos de Amarília estavam tomados pela emoção, Miles não sabia se aquilo seria bom ou ruim...

p.s: sim, a peça importante desse capítulo, a gerente, é uma pequena homenagem...♥

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