Sra. Carmeri

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"Não sei o que seria de mim sem os sorrisos caridosos da Sra. Carmeri e sua jovem filha. Desde que me ********* (rasurado) que não consigo encontrar em canto nenhum outra chance. Começo a temer pelo futuro da pequena Francis tão nova e pagando pelo pecado de um velho estúpido como eu. Ela não merece que eu seja seu pai... ******** (rasurado) Não creio que a situação irá se agravar, ela não pode se agravar! "

A casa era pequena mas arejada. Um pequeno cachorro sem raça corria de um canto ao outro passando pelas pernas daquela senhora simpática. Miles e Alex trocavam rápidos olhares, eles não deveriam estar ali. Porém, já que chegaram àquele ponto não poderiam mais retornar. Estavam já a uma semana em Nova York. Leram e releram várias vezes a agenda/diário do pai de Amarília. Ele não era muito claro com as palavras, muitas das coisas escritas eram versos... Talvez ele quisesse ser músico ou poeta, quem sabe? Apesar desses devaneios, os ingleses conseguiram pequenas pistas sobre o que poderia ter acontecido de acordo com o tempo e também de quem fazia parte do círculo social do Sr Martin Bertolucci.

E foi assim que chegaram até a humilde casa da Sra. Carmeri em Little Italy. Ela era citada algumas vezes por Martin como uma alma que o ajudara a sair de uma situação não muito agradável a qual se encontrava. Eles bateram em algumas portas e por fim não foi muito difícil achar a Sra Carmeri naquele bairro de imigrantes italianos, onde todo mundo se conhecia.

Tinha quase 80 anos e residia sozinha numa casa mediana. Sra. Carmeri recebera Alex e Miles com um grande sorriso e cheia de gentilezas, depois de os dois terem se apresentado como amigo de uma, talvez, velha conhecida dela, a sra logo os convidou para que eles a acompanhassem no almoço.

Batatas e legumes assados rodeavam uma massa consistente de algum prato italiano que os ingleses não conheciam. Agradeceram mil vezes à Sra Carmeri por aquela mesa recheada das mais belas e cheirosas comidas, desde que chegaram em Nova York que eles não comiam direito. Estavam hospedados em um dos apartamentos que Amarília tinha na cidade, e com isso só estavam se alimentando em fast food para não terem que se preocupar com coisas domésticas...

Sra Carmeri os serviu e sentou-se para acompanhá-los no almoço, depois de alguns rápidos comentários sobre o bairro e o almoço, ela perguntou:

- Então, meus filhos. Vocês me falaram que estavam aqui por causa de uma velha conhecida. - Ela sorriu. - Mas ainda não me falaram quem é...

Os ingleses trocaram olhares rápidos, não poderiam mentir...

- É uma Bertolucci, Sra Carmeri. - Miles suspirou.

A italiana deixou sua expressão serena de lado e assumiu uma rápida confusão, talvez estivesse com problemas para lembrar de quem se tratava.

- Bertolucci? - Franziu o cenho.

- Sim. Mas, talvez, o nome Martin Bertolucci lhe seja mais sonoro. - Alex tentou.

- Ah, sim. Claro. - Abriu um largo sorriso. - Martino! Meu pequeno Martino! - Suspirou, estava cheia de boas lembranças. - Era um bom homem. Sempre muito educado e animado... Sabe, às vezes, quando tinha comemoração no bairro, era ele que ficava encarregado das diversões. Dançava e cantava divinamente junto com sua esposa...

- Esposa? - Miles instigou.

- Andrea. - Balançou a cabeça em afirmação. - Tão jovem... Poderia ter vivido tanto, mas Deus sabe o que faz... - Levantou o olhar para o céu azulado que escapava pela janela e sorriu.

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