A mãe de Manu estava com uma cara, que me matava só com o olhar, a diretora começou a falar que eu e Manu, batemos em em Ágata e que ela se machucou de verdade, e que isso era um absurdo, e que a escola e nossos pais iriam tomar uma atitude séria. Eu até tentei falar algo, e dizer que tinha feito tudo sozinha, mas meu pai me pediu pra ficar quieta, a diretora aumentou minha suspensão e deu uma pra Manu, a mãe dela então teve quase que ataque estérico e começou a falar, pra não dizer gritar:
- A culpa é dessa menina, olha o que ela está fazendo com a minha filha! Você não dá limites pra sua filha? - ela falou gritando com meu pai, eu ainda me levantei, mas meu pai me sentou na cadeira e falou calmamente, meu pai era muito calmo, as vezes até demais:
- Não se preocupe, da educação da minha filha cuido eu, você deveria repensar o seu modo de educar, porque gritar não é uma forma educada de conversar.
- Ainda quer me dá lição de moral? Sua filha vai pro inferno, e ta querendo levar a minha junto, mas acabou! Acabou qualquer tipo de relação entre Manuela e sua filha, fique longe de Manu, se possível saia da escola!! - ela falou olhando pra mim, mas meu pai a respondeu:
- Já que você sabe muito sobre quem vai ou não pro inferno, deveria rever se seu nome não está na lista, Diretora Ana, qualquer outra informação pode me ligar, porque eu não tenho que dividir uma sala com uma louca, sem noção e preconceituosa! - meu pai pegou em minha mão e saímos, eu sei que ele estava parecendo não se importar com o que a mãe de Manu falava, mas claro que íamos ter uma longa conversa em casa.
Estávamos saindo da escola, eu vi a galera que me esperava e esperava Manu também, eu dei um tchau de longe, porque não queria ter que explicar tudo que aconteceu. Subi no carro, meu pai ficou em silêncio um pouco, mas depois começou a falar:
- Então Nicole, não vai me falar o que aconteceu e o que está acontecendo? Porque você empurrou sua colega?
- Pai, desculpa ter feito você passar por isso, eu não sei onde estava com a cabeça, minha vida ta uma droga pai, tudo ta de mal a pior, que merda de vida!
- Filha, sei que você ta na idade dos dramas adolescentes, mas violência não ta? E essa suspensão? Mais uma? Sua mãe vai surtar, você tinha parado com essa coleção de suspensão e advertências, agora vai voltar? Não vou admitir isso, certo?
- Tudo bem pai, eu vou mudar, e por isso pensei em mudar de escola... Vai ser melhor pra mim.
- É, eu também acho, vamos ver isso, o mais rápido possível.
#Manu
Eu já tinha decidido o que fazer, acabou, acabou de vez isso de namorar meninas, de namorar a Ni, de ser lésbica, minha vida tinha sido arruinada por essa minha escolha, então pra mim essa história tinha morrido, e eu já tinha colocado na cabeça que iria esquecer a Ni. Apaguei umas fotos, apaguei o número dela, fiz de tudo pra ter quase que nenhum contato com ela. Minha mãe não iria perder a oportunidade de jogar na minha cara o que 'Eu' tinha feito:
- Satisfeita Manuela? Uma suspensão? Próximo do vestibular? Tudo isso por influência, não vê o que essa menina faz com você? Se eu souber que você falou com ela, mesmo que seja de longe, eu acho mato você!
- Mãe, eu não fiz nada! Mas não adianta, você nunca acredita em mim, pra você é sempre sua vida, não importa o que ta acontecendo comigo, você só me critica, não conversa nem nada, mas tudo bem, eu vou estudar esses dias que estou de suspensão, não vejo a hora de passar no vestibular e ir morar sozinha!
- Isso se você passar! - ela falou como se eu não fosse capaz, por conta das coisas q estavam acontecendo. Eu subi, fui pro meu quarto, tomei banho, relaxei e fiquei no not olhando o facebook, eu não tinha excluído a Ni do face, seria exagerado demais, vi que ela estava online e ela tbm deve ter visto que eu estava, vi que ela postou uma frase pra que eu visse: 'muito bom saber, que o pra sempre, sempre acaba, aliás ele nunca existiu.' Claro que foi uma indireta pra mim, o pior foi ver o comentário de uma menina que eu nunca tinha visto, chamada Gabi, que comentou: 'o nosso nunca acabou'.
