- Eu e Cora - disse Philippe pegando na mão de Cora, que permanecia de cabeça baixa de vergonha. - estamos namorando e pretendemos nos casar. - ele disse e Lívia soltou um grito eufórico.

- Ai, meu Deus! Cora! Meu Deus! Você não nos disse nada! Meu Deus!

- Calma...É só que... ai meu Deus, que vergonha....

- É só que ela ficou com vergonha de admitir. - eu disse e meu pai riu.

- Exatamente. Quem já se viu uma mulher na minha idade....

- O quê? E existe idade pra amar? - perguntou Lívia se levantando pra abraçar Cora. - Parabéns! Ai, meu Deus! Estou tão feliz!

- Também acho, vocês serão muito felizes juntos. - disse meu pai e Philippe agradeceu. Eu girei minha cadeira até Cora que esperava que eu falasse algo.

- E você, Mels?

- Você sempre esteve do meu lado, sempre me ajudou e aguentou minhas chatisses. O que eu poderia desejar pra minha segunda mãe? O que eu poderia desejar pra uma pessoa que nem existe adjetivos pra descrever o quanto ela é maravilhosa? Só desejo que o Philippe cuide bem dessa jóia, por que é tão raro achar um coração  como o dela. - eu disse e ela veio me abraçar chorando.

****

Cheguei no apartamento, cansada, Cora havia ficado na casa do meu pai com Philippe. Eu estava sozinha, quando eu ouvi um barulho de algo quebrando na varanda, girei minha roda até lá e encontrei o Nate. 

Lá estava ele com aquele sorriso de uma criança que havia acabado de aprontar.

- O que você tá fazendo aqui? - perguntei sorrindo, e ele levantou as sobrancelhas. 

- Um segundo. - disse ele mostrando o indicador, se virou e puxou um jarro. Lírios da chuva.

- Significa recomeço, você plantou pra mim, plantou o recomeço da minha vida. - eu disse e ele veio até mim sorrindo.

- O nosso recomeço.  - disse ele, jogando um mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Ele segurou minha cabeça encostando sua testa na minha, de olhos fechados, eu sentia sua respiração. - Eu te amo. - sussurrou ele.

- Eu te amo, não quero nunca mais me afastar de você.

-  Então não se afaste. - disse ele puxando minha cadeira, sorriu e me beijou.

- Vocês vão ficar fazendo isso na minha frente, é sério mesmo? - perguntou Austin e nós rimos.

- Austin? Não sabia que você estava aqui. - eu disse surpresa.

- Eu tava na cozinha procurando alguma coisa pra comer.

- Você disse que ía no banheiro. - disse Nate.

- E fui, você esvazia e depois abastece.  - ele disse e eu rir. - Mels, estou com fome. De verdade, e não consigo pensar direito e o Nate desde que chegou não me ofereceu nada.

- Acho que é por que não tem nada. Mas que tal você pedi uma pizza?

- Boa ideia! Por isso que eu te amo, além de linda é inteligente! E o meu irmão precisa de inteligência.

- Como é? - protestou Nate.

- Vou ligar e por favor quando eu voltar não troquem saliva na minha frente. - ele disse e Nate veio me beijar para provocar ele. - Isso foi nojento. - disse ele indo embora.

- Ele tá assim, mas de manhã ele tava muito triste. - disse Nate, que puxou um banco para sentar.

- Como assim?

- Mamãe não lembrou dele hoje. Na verdade ela fez um escândalo por que... - ele disse dando uma pausa, e eu segurei suas mãos e ele tentou sorrir olhando pra elas. - ela não reconheceu ninguém, ficou nervosa chamando o pai. Aí entra em ação o Nate que não está afetado com essa situação, o Nate forte que precisa explicar pra uma criança que talvez a mãe dele não lembre mais dele.

- Uma vez me disseram que eu era forte, eu não sei.... Quando eu olho pra você, eu vejo que não sou metade do que você é.

- O problema é: Por quanto tempo?

- O tempo suficiente e... e.. eu estou do seu lado. Você não vai mais nadar sozinho, nunca mais!

- Quando você diz nunca, você quer dizer que é pra sempre?

- Quero dizer que quando você chorar, vou secar suas lágrimas. Quero dizer que se você quiser ficar comigo pra sempre, eu aceito. - eu disse e ele sorriu, ele veio até mim e disse no meu ouvido:

- Onde aperta para agradecer por ter você na minha vida?  - perguntou ele e eu rir. - Quando você disse pra sempre você quis insinuar o quê?

- Eu não tava insinuando nada, só  disse que....

- Que ía ficar pra sempre, agora que disse vai ter que casar! É o justo.

- Casar? Se eu não quiser casar com você?

- Bom... Não existe essa opção. - ele disse rindo, aquele sorriso lindo que ele tem.

- Então só me resta aceitar.

- Extamente! - afirmou ele,  veio até mim e seus lábios se encontraram com os meus enquanto o dia ía  embora.

Os dias íam se passando e depois de tanto tempo, depois de tudo que eu vivi, eu me sentia bem, eu me sentia em paz. E agora aquela referência que o Nate fez dos lírios da chuva tinha mais sentido.

Só se floresce depois de uma boa chuva.

Acordei de madrugada e me lembrei de quando eu via o dia amanhecendo. Me lembrava de ver o sol aparecer no meio da escuridão da noite, pois eu sempre ficava acordada me martirizando de lembranças do Travis. Era um alvorecer, no meio de toda a escuridão e frio da noite, do nada aparecia a luz do sol sempre me convidando a recomeçar.

No começo achei que o Nate só havia me ajudado com minha depressão pós Travis, mas hoje eu sei que foi bem mais que isso. Cada dia que eu vejo seu amor e seu carinho, sempre que vejo seu sorriso ou seu olhar me fitando de lado eu tenho a certeza de que ele foi a Alvorada da minha vida.

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