Capítulo XXX

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"Vamos lá garota, fique firme.
Você já enfrentou tempestades piores do que essa."

Eu repetia isso pra mim mesma enquanto via Nate e Austin arrastarem suas malas para o carro. Cora do meu lado não parava de assoar o nariz vermelho de choro.

- Você não pode deixar eles irem. - chorumingou ela.

- Uma hora ele tinha que ir, não é? Meu tratamento já acabou.

- Mels..

Girei minha roda e fui pro quarto, para que ela não visse as lágrimas escorrendo em meu rosto.

**** Algumas horas antes****

Eu estava no meu quarto e chovia lá fora, assim como dentro de mim. Fazia dois dias que não havia visto mais o Nate, não porque eu o evitava mas acho que ele começou a me evitar também. E era até bom. Não suportava olhá-lo e saber que ele mentiu pra mim sem nenhum remorso.

Eu havia pedido pra Cora trazer meu cavalete para que eu pintasse no quarto. E fiquei lá, olhando para tela em branco. Sem idéia do quê pintar.

- Mels? - ouvi ele chamar, mas achei que era minha mente. Mas depois ouvi as batidas na porta, então eu soube que era ele. Suspirei fundo, pois já estava cansada de discutir.

- Entre. - eu disse, mas minha voz saiu meio falha. Ele entrou com um ar tenso e parecia cansado. Imaginei o porquê dele estar tão abatido. Certamente a mãe dele deve ter piorado. Olhei dentro dos seus olhos, como se eles pudesse me dar a resposta. Ele puxou um banco até o meu lado e sentou.

- Eu queria falar com você agora, porque acho que agora que tudo já passou você está mais calma e pode me escutar. - disse ele, com aquela voz suave.

- Tem mais alguma coisa que você queira me revelar?

- Mels, é sério. Sem ironias e sem cinismo. Eu dei um tempo pra você pensar melhor, refletir e quem sabe até me perdoar.

- Eu pensei e engraçado por mais que eu pense, eu juro Nate, eu não entendo como vocês foram capazes de fazer uma coisa dessas.

- Seu pai estava...

- Super preocupado! Não é? Não, ele não estava. Se ele estivesse ele teria vindo até mim e tentado me escutar!

- Sim, ele errou. Mas todos nós podemos errar. Não é fácil ser pai, e eu digo isso porque tento ser um "pai" pro Austin, e às vezes eu me pergunto "que merda eu tô fazendo, será que tô fazendo o certo?".

- Isso não justifica nada! Qualquer coisa que você disser não justifica o que vocês fizeram comigo.

- Desculpe. - ele disse olhando para suas próprias mãos, e um lado meu sentiu pena dele.

- Olha só Nate, eu... eu só quero viver minha vida em paz. Não quero ouvir suas desculpas, muito menos ver sua cara de arrependido. Aliás, acho que já tá na hora de você ir. E pode ficar tranquilo, não custumo guardar rancor de quem nem merece ser lembrado. - eu disse sem pesar as palavras, sem filtrar nada, só disse o que queria dizer e ele ficou olhando pra mim em silêncio.

- Você quer que eu vá embora? - perguntou ele, olhando nos meus olhos e eu me esforcei pra não chorar e dizer da forma mais convicta que pude:

- Quero.

- Se eu for embora, você promete não se trancar nesse quarto? - perguntou ele e eu rir ironicamente.

- Você se acha tão importante assim? - perguntei, ele levantou do banco e prosseguiu:

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