Capítulo XXII

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Logo de manhãzinha, depois que Cora levou o tradicional café, eu fui no quarto do Austin. Eu precisava falar com ele, pensei nele a noite inteira e o quanto seria difícil se a mãe dele partisse agora.

Só eu sabia o que ele iria sofrer. Quando minha mãe morreu eu também reagi assim, eu não aceitava, eu não admitia perder ela, mas perdi. E quando ela se foi, me senti sozinha, me senti sem rumo.

Eu empurrei a porta do quarto, ao entrar vi o Austin sentado na cama segurando um carrinho. Seu semblante era de cortar o coração. Me aproximei dele, e ele levantou da cama e disse já chorando:

- Ela não pode morrer, Mels! Ela não! - disse ele vindo me dar um abraço, foi o abraço mais triste que ele poderia ter me dado, e eu pedi a Deus forças pra ajudá-lo. Quando ele me soltou sentou na beira da cama secando as lágrimas. - Eu vou ficar sozinho. - sussurrou ele abaixando a cabeça.

- Ei! - eu disse levantando o seu queixo. - Você nunca vai ficar sozinho, seu irmão sempre vai estar do seu lado.

- Eu tenho medo, Mels. - confessou ele.

- Medo de quê?

- Se o Nate me esquecer? Eu vou ficar sem ninguém.

- Austin, o Nate nunca iria te esquecer. Ele te ama. Eu nunca vi alguém amar tanto um irmão como ele te ama. - eu disse ternamente e ele sorriu.

- Você acha?

- Não, eu tenho certeza!

- Não quero perder ela. - ele disse quase sussurrando, olhando uma foto que estava em cima da cômoda, me abraçou novamente e sentou no meu colo. Como ele é magro e pequeno coube certinho, ele deitou a cabeça no meu ombro chorando baixinho.

******

Depois que saí do quarto do Austin, encontrei Nate no corredor encostado na parede.

- Obrigado. Por ter ficado com ele, acho que ele deve estar mais calmo agora. - disse ele.

- Não foi nada.

- Foi tudo. - disse ele olhando nos meus olhos. Me senti incomodada e desvie o olhar.

- Eu entendo o que ele tá sentindo, senti a mesma coisa quando soube que minha mãe iria morrer.

- E quando o Travis morreu... - murmurou ele.

- Quando o Travis morreu, eu... eu acho que perdi o pedaço de chão que me mantinha em pé.

- E agora? Você ainda tá de pé.

- Eu tento. Sou boa equilibrista. - eu disse e ele sorriu.

- Eu vou falar com o Austin. - disse ele. - Ah, caso você se desequilibre, saiba que eu tô aqui pra te ajudar. - ele disse sorrindo com os olhos, eu dei um leve sorriso e ele entrou no quarto do Austin. Fui para o meu quarto e fiquei da janela olhando os lírios que ainda estavam lá, em pé, me observando.

Senti uma melancolia me evadir, a história do Austin me lembrou muito a minha mãe. Como eu sentia sua falta! Apesar do meu pai querer preencher esse vazio, ele nunca iria consegui.

Lembrei do dia em que ela tocou pra mim no mesmo piano da sala. Eu estava tão triste, briguei com Deus e o mundo, dizia que não era justo ele levar ela de mim. Minha mãe se mantinha firme e apesar de seus cabelos terem caído ela era feliz, ele levava felicidade para as pessoas. Entrei na sala e ela estava no piano.

- Isso não é justo, mãe! Ele não pode fazer isso com a gente. - falei e ela me chamou para sentar ao seu lado, sentei, ela já estava tão fraca.

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