Epílogo

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Certa vez eu perguntei: "O que você faz quando perde o chão?" E o meu pai me respondeu que se aprende a voar. Essa resposta hoje, parece tão óbvia mas pra mim, naquele dia, naquela época, era impossível conseguir voar.

Era nisso que eu pensava enquanto via as crianças na aula. Crianças que talvez nunca tenham visto um piano na vida, agora tem essa oportunidade. Crianças que talvez estejam passando por tantos problemas e só precisam de um piano para voar. 

- Adoro ver a carinha delas. - disse Chloe do meu lado. - Esse seu projeto de dar aulas pra crianças carentes... é lindo. Parabéns, ótima ideia.

- Eu que agradeço por você ter me dado esse apoio.

- Claro que apoiaria a minha quase nora. - disse ela sorrindo. - Nem quase. Eu sabia que não daria em nada.

- Como você sabia?

- Por que eu vi quando você falava do Nate, vi que você realmente o amava. E não é fácil esquecer um amor assim, e o meu filho não é do tipo que fica muito tempo em um lugar esperando você esquecer alguém.

- Ele ainda está em Capri?

- Não, voltou pra Londres, foi visitar o pai, parece que o desgraçado foi parar no hospital. Acredita que ele foi lá cuidar dele?

- Acredito. Por mais que o Will tente odiá-lo, ele não consegue, ele é muito bom pra isso. - eu disse e ela sorriu.

- E seu pai e Lívia?

- Muito felizes. Inclusive, tenho que ir, vou almoçar com eles hoje. Será que você pode ficar com as crianças?

- Ah, claro! Pode ir, eu fico com eles. - disse ela, olhando as crianças. Chloe estava feliz, eu sabia disso, sabia também que ela sentia a falta do filho, mas ela preferia ver ele pelo mundo do que perto dela, ela gostava de ver ele voar, parecia que ela o amava tanto que permetia ele voar mesmo que significasse voar para longe dela.

****

Cheguei na casa do meu pai,  era  a primeira vez que eu ía lá depois que eles casaram. Lívia havia mudado algumas coisas, acho que a única coisa que permaneceu mesmo foi o piano da minha mãe.

- Melinda! Já estava achando que você não iria vir! - disse ela vindo me abraçar.

- Me atrasei um pouco.

- E Cora? Só falta ela agora. - disse ela.

- Oi, Mels. - disse meu pai dando um beijo na minha testa.

- Quase não reconhecia a casa. Lívia mudou muita coisa.

- Você não gostou? - perguntou Lívia. 

- Gostei, sim.

- Só fiz questão de deixar o piano da sua mãe. Eu sei o quanto ele significa. - disse ela sorrindo pra mim e eu retribui o sorriso.

- Obrigada. - eu disse e alguém bateu na porta.

- Cora! - disse meu pai apontando pra porta e Lívia foi atender. Cora apareceu com Philippe, e eu sorrir pra ela, que desviou o olhar.

- Você demorou, Cora. - disse Lívia.

- Na verdade estávamos conversando lá fora, eu vi quando a Mels chegou. - disse Cora.

- Então, vamos almoçar. - disse meu pai apressado. Fomos pra mesa e almoçamos, meu pai estava bastante feliz, o casamento havia feito muito bem pra ele. Cada vez que o via junto de Lívia eu tinha a certeza de que ele não se casaria mais.

- Então... - disse Philippe. - nós temos que anunciar uma coisa.

- Até imagino o que seja. - eu disse e Cora ficou vermelha.

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