Epílogo

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POR IRONIA do destino, Marley descobriu que estava em trabalho de parto quando se encontrava no meio da escada. Sozinha. Segurou no corrimão e dobrou o corpo para a frente quando uma forte contração lhe varou o ventre. O trabalho de parto não era para começar de modo lento?

Marley teve vontade de soltar uma risada pelo fato de o destino a estar castigando por se esgueirar pela escada sem que Chrysander soubesse.

Embora ele tivesse concordado em deixá-la transitar sozinha pela escada nos estágios iniciais da gravidez, agora que Marley estava se aproximando da data provável do parto, Chrysander voltara a insistir para que ela não descesse nem subisse os degraus sem que alguém a acompanhasse.

Agora enlouqueceria sabendo que ela estava com nove meses de gravidez e, a julgar pela dor em seu ventre, prestes a dar à luz.

Marley se deteve em um dos degraus, segurando no corrimão e inspirando rapidamente e repetidas vezes. Teria gritado se não estivesse tão ocupada puxando o ar para dentro dos pulmões. Além disso, Chrysander estava ocupado com uma infinidade de ligações telefônicas devido à relocação de Theron nos escritórios de Nova York. O irmão estava assumindo as operações naquela cidade para que Chrysander pudesse permanecer na Europa. Os dois estavam em contato havia horas, discutindo medidas de segurança, já que os sequestradores de Marley ainda estavam à solta.

Quando Marley ouviu passos atrás dela, aprumou a coluna e conjurou seu melhor semblante como se nada estivesse errado. Relanceou um olhar cheio de culpa a Chrysander, que se encontrava parado no topo da escada, com uma expressão de desaprovação a lhe alterar as feições.

Em seguida, ele começou a descer os degraus, durante todo o tempo resmungando em grego.

– O que devo fazer com você, agape mou? – perguntou quando a alcançou.

– Levar-me para o hospital? – perguntou com voz fraca, dobrando o corpo mais uma vez sob o efeito de uma nova contração.

– Marley! Pedhaki mou! Está em trabalho de parto? – Chrysander nem ao menos esperou pela resposta, não que precisasse de uma. Ergueu-a nos braços e desceu a escada em disparada, gritando para o piloto do helicóptero, que se encontrava permanentemente na ilha
durante as duas últimas semanas esperando por tal evento. – Não se preocupe, minha querida.

Nós a levaremos para o hospital em tempo recorde.

– Querida? – Marley soltou uma risada que terminou em um gemido de dor. – Isso dói! – O rosto de Chrysander estava pálido quando subiu no helicóptero com ela nos braços. – Não lhe dou permissão de usar tratamentos carinhosos em inglês – disse ela ofegante. – Em grego fica muito mais sexy.

– Pedhaki mou. Yineka mou. Agape mou – sussurrou ele no ouvido de Marley. Minha pequena, minha mulher, meu amor.

– Assim está muito melhor. – Ela sorriu e voltou a exibir uma careta de dor quando o helicóptero decolou. Chrysander estava uma pilha de nervos durante todo trajeto. O piloto pousou no heliponto do hospital e uma equipe médica a estava aguardando para admiti-la.

Dentro de apenas uma hora, com Chrysander pairando ao lado de Marley e lhe segurando a mão, Dimitri Anetakis veio ao mundo para a euforia de seus pais.

– Ele é lindo, agape mou – murmurou Chrysander inclinando-se na direção da mãe e do filho. Dimitri estava se alimentando, satisfeito, no seio de Marley, cena que o pai observava,
fascinado.

– Ele é perfeito – concordou ela extasiada. – Ah, meu amor, tudo está tão perfeito!

Chrysander a beijou com ternura, o amor que sentia pela esposa lhe transbordando o coração.

– S'agapo, yineka mou.

Marley lhe tocou o rosto e sorriu.

– S'agapo, Chrysander. Para sempre.

TraiçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora