Capítulo 14

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MARLEY SE ajoelhou no chão frio do jardim e arrancou algumas ervas daninhas que

circundavam as flores e a folhagem. Durante a rotina de trabalho matinal de Chrysander, ela

encontrara outras formas de ocupar seu tempo para o desânimo do jardineiro que voava até ali

duas vezes por semana para cuidar dos jardins.

Desde aquele desabafo na praia, Chrysander deixara de lhe impingir Patrice e o dr.

Karounis a cada preocupação com sua saúde. Em vez disso, a enfermeira e o médico se

mantinham nos bastidores para serem acionados se necessário e Chrysander lhe permitira

transitar pela escada sozinha.

Apesar do fato de continuar trabalhando durante as manhãs, ele aparecia para tomar café da

manhã em sua companhia antes de retornar ao escritório. E então, começava o divertimento de

Marley. Todas as manhãs, encontrava uma forma de enlouquecê-lo. Quando Chrysander saía à

sua procura, após a jornada de trabalho, invariavelmente Marley punha à prova a promessa

que ele fizera em se abster de exigir que descansasse.

Quando ele a encontrara no jardim, apoiada nas mãos e nos joelhos, Marley pensou que

fosse vê-lo enfartar. No mesmo instante, Chrysander erguera nos braços, a carregara para

dentro de casa e pela escada, a despira e a colocara na banheira.

Marley dera risadinhas da expressão feroz do noivo, escutara com pretensa seriedade o

sermão sobre não se colocar em perigo daquela forma nunca mais e no mesmo instante tramara

incorrer na mesma travessura, tão logo Chrysander se distraísse com o trabalho.

Aquilo dera início a um jogo engraçado entre eles, no qual o divertimento ficava

exclusivamente por conta de Marley, porque ele não conseguia achar nenhuma graça em sua

contínua desobediência.

E então, lá estava ela, esperando, extasiada, o momento em que ele a encontrasse.

Marley ouviu o suspiro exasperado atrás dela e sorriu, mesmo quando se viu erguida no ar.

Sua cabeça colidiu com a solidez do peito largo e um sorriso lhe curvou os lábios diante da

expressão sombria de Chrysander, que resmungava durante todo o trajeto até a casa.

– Prometi suavizar minhas tendências superprotetoras. Parei de insistir para que

descansasse e até permiti que você transitasse sozinha pela escada. – Marley revirou os olhos.

– Mas você é capaz de desafiar a paciência de um santo.

Como fizera antes, e com o que ela estava contando, Chrysander a despiu e colocou-a em

um banho de imersão. Ele lhe lançava olhares furiosos o que a fazia soltar risadinhas enquanto

afundava na água. Marley se banhava lentamente, e os olhos âmbar seguiam cada movimento

com um desejo feroz.

Deleitando-se com o fato de deter toda a atenção de Chrysander, valeu-se daquela vantagem

para, lânguida, esfregar a esponja sobre cada centímetro de seu corpo.

Quando terminou, lançou um olhar inocente à Chrysander, que a secava com uma toalha.

TraiçãoWhere stories live. Discover now