CAPÍTULO BÔNUS - 1

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MICHAEL  D'ANGELO
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A algum tempo fui mandado para um internato na Califórnia por culpa do meu próprio pai, eu não o julgo, eu era terrível, eu devia ter em torno de 17 anos, agora tenho 27, mas isso não faz muita diferença na altura do campeonato, lembro como se fosse ontem o quanto fiz minha mãe chorar naquele dia, meu pai foi meio que obrigado a me enviar, foi a única solução que ele achou para mim no meio do caos que minha vida tinha se tornado na adolescência. Naquela época eu era rebelde ou melhor, inconsequente como meu pai me chamava, porém, eu dei a sorte das coisas mudarem com o passar do tempo, e hoje eu me pergunto o que havia me levado a fazer aqueles tipos de coisa na época.
Talvez eu só quisesse chamar atenção ou algo do tipo, meus pais sempre foram máquinas focadas no trabalho sem tempo para a família, eu mal os via, porém não sofria com falta de carinho, naquele tempo me envolvi com coisas erradas, pessoas erradas e drogas, sim a maldita droga, foi como uma solução rápida para todos os problemas que me assombravam, e era a escapatória mais rápida e barata que podíamos ter, me fazendo se sentir livre, mas não que o problema fosse dinheiro, nunca foi a questão. Eu passava dias e dias fora de casa em companhias estranhas, eu era novo e batia aquele desejo de se aventurar em tudo, conhecer o mundo. Com tudo isso que aconteceu vinheram as brigas, as  discórdias com a família, inclusive com o meu irmão Isac, o ápice de tudo, nesse meio tempo por ele ser o mais novo todos sabíamos que ele precisava de mais atenção que nós, Isac sempre foi o tipo de garoto mimado, o playboyzinho que todos são obrigados a servir, e comigo as coisas não funcionavam muito bem do jeito que ele queria, e como sempre eu era o centro das atenções e ele nunca se quer se conformou em ficar de escanteio.
Os jogos de futebol em que ele era o astro do time, meu pai nunca pode comparecer em nenhum porque estava tentando resolver alguma merda para me tirar de uma fria.

Ele sempre cobrou isso, a atenção que tanto ele queria mas não podia ter porque eu sempre estava no caminho, e então isso foi fazendo ele ter mais raiva de mim, e eu confesso que depois que vi que aquilo o atingia tanto eu comecei a fazer mais, só para provoca-lo, mas isso nunca foi o pior. Isac era apaixonado por uma das meninas que estudava com ele, a típica vadia loira, ele fazia de tudo para tentar conquista-la e era óbvio que entre um colegial e um universitário, ela escolheria a mim, e eu fiz de propósito. Acho que isso foi o ápice do nosso ódio, nós brigamos feio, havia sangue, roupa rasgada, tudo que se podia imaginar, um verdadeiro escândalo nas costas dos D'Angelo, do jeito que tinha que ser. E era divertido.

Para mim ele era um completo idiota e merecia tudo o que eu fazia, ele sempre gostou de ser o centro das atenções, o popular, e não media esforços para isso, sempre prepotente e zombando de pessoas por seus defeitos, e eu era íntegro o suficiente para discordar da minha maneira. A rivalidade por território era óbvia, nunca nos demos bem e creio que nunca vamos nos dar, nem mesmo depois de tanto tempo.

Já com Nick, a convivência sempre foi boa, eu não me metia nos assuntos dele e nem ele nos meus, ele não me perturbava tanto quanto o outro, sempre foi o mais calado, o orgulho da família, nunca me incomodei, pelo contrário, eu gostava, pelo menos um de nós três tinha seguido por um bom caminho.

Até que o acidente com a nossa mãe  aconteceu, uma briga boba de irmãos se transformou numa mágoa irreparável, tudo de mais ruim que podiar acontecer, aconteceu. Aquilo destruiu todos nós, bem mais a mim especialmente, até hoje eu carrego o fardo disso nas minhas costas, e Isac... Bom, Isac me condenou.

Depois que fui viver no internato minha vida mudou por completo, eram regras e mais regras, e isso não me impedia de fazer nada, muitas das vezes eu fugia para beber e fumar, sempre fazendo novos amigos e influenciando alguns, mas ao longo dos anos eu fui vendo que aquela não era a vida que eu queria, eu precisava de mais, no fundo eu queria mais, por mim mesmo, a minha forma de agir e pensar foram mudando e amadurecendo conforme a minha idade ia aumentando. E para mim isso foi importante, porque me tornou o homem importante que eu sou hoje, eu poderia conquistar o que eu quisesse por minha própria força de vontade, pessoas não se tornam melhores ou piores da noite pro dia, basta elas quererem mudar e isso impulsiona tudo.

Quando sai do internato não voltei pra casa, eu não tinha motivos para isso, não conseguiria olhar nos olhos do meu pai ou dos meus irmãos, então continuei vivendo e fazendo negócios na California, meu pai tinha uns amigos que também moravam lá e então me fizeram conseguir um emprego, estava tudo indo muito bem e eu encontrei algo que queria para mim, só que achei que estava na hora de voltar para minha casa e conviver com a "família" de novo.

Ao chegar em Nova York não pude ficar de braços cruzados esperando algo cair do céu para fazer, então fui procurar grandes produções de projetos de urbanização. Eu havia me tornado um engenheiro conceituado, esse lugar era a cidade dos prédios, era quase um sonho.

Quando eu decidi fazer uma visita para Nick em seu trabalho eu jamais poderia imaginar que reecontraria Chloe, havia passado anos, mas eu me lembrava exatamente bem dela. Sempre simpatizei com ela mas nunca fomos amigos e nem nos falávamos, então não tínhamos intimidade, mas vê-la chorando daquela jeito ativou o meu modo protetor, era indignante, o tempo passava mais muitas situações as vezes não, e quando eu a vi chorando eu pude imaginar que aquilo havia um motivo, ou melhor, um nome, Isac.

Nunca havia conhecido alguém tão cegamente apaixonada ao ponto de exilar os defeitos do outro na sua mente, aquilo era idiotice.

E eu fiquei com raiva.

Eu não deixaria aquela menina sofrer por um idiota como aquele. Isso feria o meu orgulho.

Eu apostava tudo o que eu tinha, com toda e total certeza que ele era o culpado de todo aquele sofrimento, porque Chloe estava com o mesmo olhar triste que ela tinha a quase 10 anos atrás.

E eu podia usa-la como válvula de escape pra tudo.

Meu Amor Não Correspondido Onde as histórias ganham vida. Descobre agora