Capítulo Seis

95 20 2
                                    

A biblioteca estava vazia, como sempre, exceto pelo guarda mal-encarado na porta. Charlotte nunca teve medo dele, mas dessa vez, ao vê-lo tremeu levemente, talvez fosse seu subconsciente a lembrando de que os guardas não são confiáveis.

Antes ela apenas ouviu histórias sobre as maldades que faziam somente por prazer - as quais nunca eram punidos. Ela ouviu sobre abusos quanto as mulheres, violência com as crianças e com as mulheres, e até mesmo com homens. Ela também ouviu sobre mortes. Mas antes, isso não era tão real para ela como agora.

Ela passou por ele sem ter coragem de o encarar, então tentou focar no que foi fazer ali. Ela seguiu para a estante de livros no final da sala, podia sentir o olhar do guarda em suas costas. Ou será que era apenas sua imaginação?

Haviam títulos como "A Princesa de Liven" e "Konan, o largato". Charlotte riu mentalmente do último. Pegou o da princesa e se sentou esperando encontrar, como em O Coelho Beeboll, algo como J. L. C. ou qualquer coisa desse tipo, qualquer rabisco. Mas não encontrou nada.

Pegou um livro chamado "Pequeno reizinho". Nada novamente. E no próximo a mesma coisa. Ela poderia ter ficado ali durante todo o dia, mas ouviu o sinal e o barulho do portão de ferro se fechando.

Se levantou e deixou os livros no lugar, então seguiu para a sala. Para a sua surpresa havia prova, e com certeza ela iria mal pois ela apenas estava lá fisicamente, enquanto que sua mente vagava por aí.

"J. L. C. Charlotte! Pense! Vamos! "

Terminou a prova o mais rápido possível, e não tinha muita esperança de ter ido bem, mas não achou tão difícil quanto imaginara.

Ela batia o lápis na carteira freneticamente enquanto pensava, mas viu a professora a encarar de forma digamos que ameaçadora, então deixou o lápis e pegou um pedaço de papel, começando a dobrar, várias e várias vezes. Era algo que seu pai havia lhe ensinado, e que anteriormente, seu avô havia ensinado a seu pai. Parecia difícil, mas depois que se aprendia tornava se extremamente fácil e começava a fazer sem pensar com qualquer minúsculo pedaço de papel. Rapidamente o pedaço de papel nas mãos de Charlotte se transformou num pássaro, e então ela sem ao menos se dar conta já estava fazendo outro, ajudava a pensar.

J. L. C. podia significar nada, ou tudo. Poderia significar algo importantíssimo ou poderia apenas ser uma brincadeira de algum engraçadinho.

"Mas nenhum engraçadinho faria isso, nenhum engraçadinho escreveria Viva a Conspiração num dos cantos de um livro, por mais idiota que fosse. Ninguém poderia ser idiota a esse ponto. "

A mente de Charlotte trabalhava sem parar, imaginando o que poderia ser - e imagino que a mente do leitor também -, tentando entender aquilo, por mais que fosse completamente sem sentido.

"Por que raios alguém colocaria J. L. C. num livro infantil? E como isso pode significar algo?!"

- Srta. Fearless. - Charlotte ouviu a voz ríspida da professora chama-la por seu sobrenome.

- Sim? - Ela voltou sua atenção a ela e percebeu que os alunos já haviam sido liberados. Não percebera o tempo passar.

- Já pode sair.

Charlotte juntou suas coisas e se levantou, caminhando para a porta.

Decidiu pegar um caminho diferente, mais curto. Ela estava sozinha, no início não fazia diferença, mas aos poucos, vagas lembranças vinham a sua mente.

"Pare de se torturar, Charlotte! "

Como já disse ao leitor, é difícil controlar sua própria mente, e na maioria das vezes é inútil tentar. A vida de muitos seria mais fácil se pudessem controlar suas próprias lembranças, se pudessem não reviver aquele sentimento a cada vez que recordasse do ocorrido. Mas infelizmente não temos controle sobre isso. O tempo, este sim pode ajudar.

A Menina da ConspiraçãoWhere stories live. Discover now