Capítulo Doze

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A vida seria muito mais feliz se não houvesse medo, dor, sofrimento e todos os males que cercam o mundo há séculos e que já tiveram muitos nomes diferentes, hoje, poderiam eles serem chamados de "homem". Pois em grande maioria, quem causa o medo, a dor e sofrimento ao qual citei, são os homens, a humanidade destrói a si própria.

Ao levantar-se de manhã, todos os dias seguintes, Charlotte não conseguia deixar de pensar no que aconteceu com seu pai, e todas as manhãs ela se lembrava de que precisava ser forte por sua família. Quando a cesta foi entregue, começaram a perceber as diferenças, não havia mais a mesma quantidade, agora era apenas o necessário para ela, seu irmão e sua mãe. O trabalho de sua mãe dobrara por ela ser a única a trabalhar na família e Charlotte começava a pensar na possibilidade de trabalhar como artesã mais cedo para auxiliar sua mãe, mas a mesma não permitiu. Charlotte passou a levar seu irmão para a escola, enquanto sua mãe ia para o trabalho, e a mesma o buscava, já que sua mãe passou a chegar mais tarde.

Foi numa das manhãs antes de saírem de casa em que um guarda bateu à porta, os assustando, já que não era dia de checagem e a entrega da cesta já havia sido feita no dia anterior.

- Apenas um aviso. - O homem disse com uma voz rouca, quando Eileen abriu a porta.

- Por favor, continue. - Eileen disse, esperando que o homem não demorasse para não chegar atrasada.

- Agora com um integrante a menos na casa, vocês podem ser transferidos para outra moradia, não há necessidade de mais espaço. - O homem disse, sério.

- Mas essa é nossa casa! - Charlotte se posicionou ao lado de sua mãe.

- O que Darius Fearless fez poderia ter transformado vocês em Menidos, é melhor não reclamarem.

Ao citar o nome do pai de Charlotte, a mesma se ajeitou ficando ereta.

- Não vamos. Mas há algo que possamos fazer para que isso não aconteça? - Eileen perguntou serena, era melhor em controlar emoções do que Charlotte.

- É preciso falar com superiores, e há a chance de ocorrer um julgamento, mas seria dificílimo os semiatans que controlam esta comunidade o fazerem.

- Mas temos chance. - Charlotte afirmou.

- Sim. - O guarda respondeu, apesar de ele ter a mesma aparência má dos outros guardas, ele não parecia cruel. - É apenas isso, podem continuar com sua rotina normal, e não esqueçam do toque de recolher, creio eu que não querem mais nenhuma complicação para a família de vocês.

- O senhor está certo. - Eileen disse. - Tenha um bom dia. - Então o guarda se retirou e logo em seguida a família saiu da casa, indo para destinos diferentes.

Alguns dias depois o mesmo guarda visitou a casa acompanhado de outro mais magrelo, o mesmo mediu a casa e fez várias anotações em um caderninho. Charlotte só se lembrou do caderninho do coelho quando eles adentraram o seu quarto, mas nada aconteceu pois não abriram as gavetas.

Quando finalmente se foram Eileen e Charlotte não sabiam o que fazer, estava óbvio que logo perderiam sua casa e teriam que ir para uma menor ainda.

- Então eles querem tirar a sua casa? – Kallie perguntou, ainda chocada.

- Sim, alegam não ser necessário tanto espaço para nós. – Charlotte disse andando ao lado de Kallie para a escola, logo após de deixar Jack na dele. – Como se vivêssemos numa mansão! – Ela disse irônica, demonstrando um quê de raiva em sua voz.

- E o que fariam com a casa? – Kallie perguntou e colocou uma mecha solta atrás da orelha.

- Provavelmente a entregarão para outra pessoa daquela lista. – Charlotte disse.

A Menina da ConspiraçãoWhere stories live. Discover now