Capítulo 01

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"Não aceite! Diga não, saia dessa sala e nunca mais volte a olhar para mim!"


12 horas antes...


Bati a porta do quarto e quando entrei na cozinha peguei Dulce e Ucker aos beijos. Não era nada legal você morar no mesmo apartamento que sua amiga e o namorado dela. Pior ainda era saber que eles só te aceitaram ali por caridade.

Mas se tudo desse certo e eu conseguisse o emprego a primeira coisa que eu faria com meu primeiro salário seria procurar um apartamento só pra mim. Tava cansada de bancar a vela.

Dulce estava sentada no colo de Christopher e foi impossível não ver a mão dele apertar os seios dela por baixo do baby-doll que ela usava.

"Por favor, vão para o quarto. Eu ainda moro aqui com vocês!", pensei com vontade de gritar.

- Run, run! - me limitei a pigarrear.

Dulce empurrou Ucker pelos ombros e ficou de pé. Ele me encarou e sorriu com cinismo.

- Bom dia irmãzinha!

- Espero que seja mesmo um bom dia depois do que eu vi. - dei a volta na mesa passando atrás deles e abri a geladeira. - Vocês não podiam esperar eu sair? Tenho uma entrevista de emprego hoje e não gostaria de ficar me lembrando disso enquanto converso com meu futuro chefe.

- Já é algo positivo pensar no cara como seu futuro chefe. - Dulce sorriu mordiscando uma maça.

- Eu preciso desse emprego Dulce, não existe a opção ser desclassificada. - respondi séria.

- Hei Any relaxa, se você não conseguir lá, pode conseguir em outros lugares. - Ucker me encarou.

- Que outros lugares? Nenhum outro oferece o salário, os benefícios e a chance de trabalhar como arquiteta na arte de tecnologia como eu quero. - respondi.

- Olha você vai conseguir, é uma das pessoas mais maduras que eu conheço e você tem 23 anos. - Dulce sorriu se aproximando. - Tenho certeza que a pessoa que te entrevistar não vai ver apenas as notas excelentes, vai ver o quanto você se sacrificou pra se formar. Meu você veio pra essa cidade sem conhecer ninguém, não tem pais e bancou a faculdade sozinha. Se o pessoal dessa empresa não ver a pessoa valiosa que é, eles não te merecem.

- Eu concordo! - Ucker envolveu os braços em torno da cintura de Dulce, um sorriso zombeteiro nos lábios.

- Valeu, vocês são a família que eu não tenho. - forcei um sorriso.



Suspirei e joguei os papeis em cima da mesa. Dez pares de olhos me encararam e os olhei de volta.

- Não posso aprovar essa construção.

- Qual problema? - meu advogado me encarou.

- Vocês extrapolaram o orçamento, estão pedindo um milhão a mais para iniciar as obras. - respondi.

- Mas, esse é o orçamento final. - o advogado responsável pela obra me encarou

- Não tentem me enganar, vocês estão superfaturando a obra, pode avisar ao seu cliente que não vou dar mais um centavo por essa obra e se não estão satisfeitos procurem outro investidor.

- Mas isso é um absurdo, senhor Herrera. - o advogado pela obra devolveu.

- Absurdo é vocês quererem ganhar dinheiro em cima de mim! Reunião encerrada. - decidi ficando de pé.

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