Capítulo 3 - A fugacidade

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Fugacidade: substantivo feminino. Característica ou particularidade do que é fugaz (efêmero ou evanescente). Particularidade, estado ou condição daquilo que é transitório ou efêmero; efemeridade.

Jesy tomou seu café pela metade, pois não conseguia acalmar seus pensamentos. Se obrigou a tomar um banho e se sentou para estudar. Já tinha chegado à conclusão de que não ia conseguir ir para a clínica fazer plantão naquela manhã tão cheia de eventos inesperados. Poderia encontrá-lo lá e não saberia como agir se isso acontecesse. Checava o celular a cada minuto esperando que sua amiga Diana respondesse às mensagens que ela havia mandado quando conseguiu colocar seu cérebro pra funcionar. Havia lhe mandado algumas mensagens tão confusas que tinha medo que ela não entendesse e pensasse que a amiga estava enlouquecendo. Diana foi a primeira pessoa para quem Jesy confessou seus sentimentos por Louis. E era a única que sabia dos desejos e fantasias mais íntimos que Jesy nutria por ele. Era a única para quem ela poderia contar tudo o que havia acontecido, pois sabia que Diana jamais contaria à ninguém.

Estava lá, sentada segurando a matéria da prova e parecia que estava tentando ler em árabe. Não conseguia se concentrar em absolutamente nada daquilo.

- Ai, meu Deus. Eu tô ferrada! - disse Jesy à si mesma, quando seu celular finalmente vibrou, freneticamente, indicando que várias mensagens estavam chegando ao mesmo tempo. Era Diana tendo uma espécie de surto ao responder tudo que Jesy havia lhe mandado. Por um momento a reação da amiga fez Jesy gargalhar e esquecer a confusão mental em que se encontrava.

"Eu estou indo AGORA pra sua casa!" foi a ultima coisa que Diana mandou. Jesy se sentiu menos tensa e resolveu desistir de estudar. Abriu a porta e se sentou na varanda para esperar a amiga. Eram quase 7 da manhã e as pessoas começavam a sair para ir trabalhar ou estudar. Jesy morava em um bairro predominantemente estudantil próximo à Universidade onde estudava, e conhecendo a amiga sabia que ela chegaria ali em poucos minutos, pois parecia ter rodas nos pés, mesmo morando em um bairro diferente. Ficou ali sentada olhando pro além e revivendo toda a aflição sufocante da noite, a confusão e a excitação da manhã anterior.

Quando deu por si, Diana estava no pé da escada. A amiga ruiva, tão branca e magra que parecia ser de porcelana, com o sorriso nervoso aberto e quase sem ar de tão rapido que andou, subiu as escadas rapidamente. Imediatamente Jesy se levantou e elas se abraçaram. Diana podia não conseguir mensurar o quão destruída a amiga estava, mas ela estava ali para apoiá-la, e Jesy era muito grata por ter uma amiga tão fiel.

Elas então entraram. Jesy fechou a porta, se sentou numa almofada no chão, seu assento favorito da casa, e tentou verbalizar tudo o que tinha acontecido.

Cada vez que tentava, começava a chorar e a amiga acabava chorando junto. Diana e Jesy viviam chorando. Por ídolos, por amores não correspondidos, e assim Jesy não sentia vergonha de chorar na frente da amiga daquela maneira tão devastadora.

- E agora eu não sei nem se consigo olhar pra cara dele - choramingou Jesy, finalmente.

Elas então ficaram ali sentadas. Jesy tentando ainda assimilar tudo que havia acontecido e Diana tentando também digerir toda aquela informação.

- Meu Deus, ele dormiu na sua cama - disse finalmente Diana. E Jesy, mais uma vez, caiu na risada. De todos os eventos, Diana se preocupou com o menos importante.

E, aos poucos, quem estava falando nervosa e rapidamente era Diana

- E você deu banho nele? disse Diana com os olhos arregalados, incrédula. - E vocês se beijaram!!! Como foi? Ai, meu Deus, e agora? O que você vai fazer?

Pronto. Agora eram duas pessoas ansiosas na mesma casa. Jesy olhou no relógio e eram quase nove horas da manhã. Ela não conseguiria responder à pergunta da amiga e então pediu para que Diana a acompanhasse pois precisava urgentemente de um sorvete.

Jesy tinha uma teoria de que sorvete era o melhor remédio. Pra tudo: alegria, tristeza, amor não correspondido. Ou, nesse caso, um amor que ela não sabia nem sequer se era correspondido. Aquilo era pior do que se perder em uma rua estranha, ou pegar o ônibus errado. Era como se sentir perdida sem a menor ideia de como sair dali.

Jesy se trocou e elas foram juntas até a sorveteria. Era uma caminhada não muito longa, mas um pouco de ar fresco e endorfina talvez colocaria as ideáis no lugar. Ao menos era o que Jesy esperava.

O centro da cidade ainda estava acordando, e o movimento era fraco.

- Ainda bem que hoje é segunda feira e tem pouca gente na rua, porque olha meu estado... - disse Jesy, rindo pra Diana.

Elas foram até a sorveteria preferida de Jesy e se sentaram por um bom tempo, enquanto comiam seus sorvetes e trocavam sorrisos nervosos. Não havia muito a ser dito. Jesy às vezes sentia uma vontade avassaladora de chorar, e resistia com todas as forças para que não tivesse que olhar pra cara das pessoas vendo-a chorando. Isso seria embaraçoso.

A prova que elas iriam fazer seria apenas às três da tarde. Então, como não havia pressa. Jesy delicadamente exigiu que Diana ficasse o resto do dia ao seu lado, pois estava desorientada demais para ficar sozinha. Era bem capaz de perder o horário da prova se ficasse sozinha.

- Você acha que eu devo mandar uma mensagem pra ele? - perguntou Jesy à Diana. A amiga não soube responder, disse que não tinha ideia do que fazer numa situação dessas, e elas ficaram novamente em silêncio.

Jesy estava absorta em seus pensamentos quando seu celular vibrou e ela saltou assustada. Quando leu a mensagem, era Louis. Ela sentiu a cor fugir de seu rosto e os olhos encheram-se de lágrimas, de novo.

"Eu acho que precisamos conversar..."

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Capítulo curto, eu sei. Mas nao deixe de acompanhar.
E obrigada pela leitura ♥

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