Capítulo 4 - A Mulher Misteriosa

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 Um mês já havia se passado desde o sonho que compartilhei com meu irmão e os sonhos estavam cada vez mais presentes, havia noites em que eu chegava a ter mais de três sonhos por noite, e era sempre com a mesma pessoa, a mulher misteriosa. Jason nunca mais comentou sobre o acontecimento, era com se estivesse me ignorando, embora a convivência estivesse à mesma.

Eu sempre voltava à floresta, às vezes para conversar com as meninas, outras apenas para andar e explorar o ambiente em que passava tanto tempo, mas não conhecia nada.

Havia dias em que eu ficava tão irritada por conta dos sonhos que mesmo sendo de noite eu acabava saindo pela janela do quarto e indo para a floresta, que já havia virado a minha segunda casa. Ia para lá para poder pensar e esfriar a cabeça. E esse era um desses dias. Estava caminhando tranquilamente até que ouço o barulho de água corrente, logo penso no sonho, sigo rapidamente o barulho, até que o encontro, o mesmo riozinho de água cristalina com que sonhei. Certa vez sonhei com as criaturas a carregando rio a cima, até onde as árvores deixavam de ser alegres e passavam a ser malignas, onde o rio deixava de ser cristalino e começava a se tornar turvo, onde os pássaros paravam de cantar.

Resolvi que iria seguir o mesmo caminho em que a mulher foi arrastada, e tentar descobrir quem ela era. O colar começava a pesar em meu pescoço, como se não quisesse que eu continuasse. Ignorei-o e continuei andando. Quando finalmente cheguei à divisa entre o alegre e o sombrio não pensei duas vezes antes de seguir em frente. Assim que meus pés tocaram a grama morta e ressecada um arrepio passou pela minha coluna e um grande frio se apossou do meu corpo. O arrepio logo passou, mas o frio não, ele permaneceu comigo o resto da trajetória grudado em meu corpo.

Caminhei tanto que passei por lugares que nem mesmo o sonho havia chegado. O rio havia acabado há algum tempo, e de onde eu estava conseguia ver grandes montanhas, sem vegetação alguma. Comecei a me animar, tinha quase certeza de que a caverna ficava por lá.

Estava de frente para a montanha, caminhando entre as árvores que havia ao seu redor, todas secas e sem folhas. Estava tão distraída com as árvores que quase não notei uma entrada que havia na montanha. Finalmente havia encontrado a mesma do sonho.

Antes de entrar verifiquei se não havia nenhum daqueles monstros. Novamente a caverna estava iluminada apenas por uma tocha, e no interior da cela gradeada estava à fada. Ela parecia estar dormindo num sono profundo, mas assim que cheguei mais perto ela levantou a cabeça e quando me viu pareceu assustada como da outra vez, mas não gritou pedindo para eu fugisse, apenas falou em um tom baixo:

- Como veio parar aqui? Não deveria ter voltado.

- Eu precisava falar com você. Ando sonhando todas as noites com você são sempre memorias, ou o presente sempre nessa cela. Preciso saber quem é você, por que tenho esses sonhos. Eu estou ficando louca, não consigo pensar em outra coisa.

- Seu pai sabe que esta aqui? Eu que pedi tanto para ele não deixar você se envolver com isso. – ela falava como se eu nem estivesse ali, e como assim pediu para que eu não me envolvesse? – Eles não podem achá-la, vá embora, por favor!

- Quem não pode me achar? E como conhece meu pai? E quanto a mim? – disse chegando cada vez mais perto dela.

- Meu bem eu não posso falar, é para o seu bem, quanto menos você souber mais segura você vai ficar.

- Eu não quero saber da minha segurança, eu passei dezesseis anos ouvindo a mesma coisa e agora eu cansei, quero respostas e não desculpas esfarrapadas.

- Tem razão, bom, me chamo Luna, eu conheço o seu pai porque eu sou sua mãe.

- Como assim minha mãe?

- É eu sou sua mãe, eu te dei esse colar que carrega no pescoço e tenho igual porque essa é a marca da nossa família. Você é uma fada e tem asas só não às encontrou ainda. Você é uma das fadas mais poderosa desse mundo, se não a mais poderosa. Tem poderes que nem imagina. E seu pai não te falou nada para protege-la de pessoas que querem o seu poder? São as mesmas que me colocaram aqui! Você tem que sair, eles não podem te encontrar nesse lugar.

- Mas eu não posso deixá-la aqui.

- Você tem que ir. Assim que amanhecer eles voltarão e você já ficou muito tempo, já passou da hora. Vá!

- Vou voltar! Eu prometo.

E assim parti, decidida de que um dia voltaria forte o suficiente para soltá-la e me vingar de todos que a fizeram mal.

FIM!         


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