Capítulo 3 - O Colar

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          Acordei assustada. Aquele sonho tinha sido tão real e assustadoramente perturbador. Era como se eu realmente estivesse naquele local, com aquela mulher.

Quando olhei para a janela percebi que já estava de manhã e já passava da hora de levantar. Arrumei-me, e assim que abri a porta senti o cheiro de panquecas com calda de amora, me senti muito feliz, desde pequena sempre adorei panquecas.

Desci as escadas indo direto para a cozinha. A mesa estava posta com diversas gostosuras, mas as panquecas, que era o que eu tanto queria não estavam na mesa.

- Que bom que acordou, bem na hora. – falou meu pai, que vinha do fogão até a mesa com um prato com uma enorme pilha de panquecas dentro. - As suas preferidas.

- Devem estar uma delicia. – disse já as provando, e estavam mesmo.

- Feliz aniversario minha filha.

- Obrigada pai. – disse o abraçando. - Onde estão os meninos?

- Já devem estar descendo.

E assim que ele terminou de falar ouvimos passos vindos da escada, e logo os meninos apareceram na cozinha já vestidos e com a aparência muito alegre.

Quando me viram vieram logo me abraçar e me desejar feliz aniversário. Comemos tranquilamente e apenas quando terminei notei que a minha madrasta não estava presente na mesa.

- Onde está Joana?

- Não está se sentindo bem, resolveu ficar no quarto.

- Ok, vocês vão ficar em casa hoje?

- Sim, tiramos o dia de folga para ficar com você.

- Que legal! Só vou escovar os dentes que eu já volto.

- Ok.

Estava animada pra poder ficar com eles, eu sempre gostei de quando ficávamos juntos durante o dia todo.

Estava quase saindo do quarto quando vi na minha janela uma pequena caixinha de madeira. Quando acordei de manhã ela não estava lá. Achei estranho, mas estava curiosa ao mesmo tempo, resolvi pegá-la e a abrir. Dentro tinha um pequeno colar com cinco pedrinhas, uma vermelha, uma branca, uma marrom, uma azul e uma preta. Ele era lindo, e atrás havia uma pequena palavra escrita diretamente no colar. A palavra era escrita de modo diferente. Uma língua que eu nunca havia visto, mas sabia o significado. Angel. Porque o meu nome estava escrito naquele colar? Será que era para mim? E se era, quem havia me dado? Que língua era aquela? Desci correndo as escadas e indo direto para a sala onde os garotos estavam. Os encontrei largados em cima do sofá, assistindo TV.

- Meninos vocês sabem que colar é esse? – perguntei mostrando o colar para eles.

Assim que eles olharam para o colar ficaram com feições assustadas e surpresas. E com isso eu notei que ninguém naquela sala havia me dado ele. Mas só para ter certeza perguntei:

- Foi algum de vocês que me deu?

- Ode você achou isso? – perguntou meu pai.

- Estava na minha janela, quando fui para o meu quarto ele estava lá, dentro de uma caixinha de madeira. Foi algum de vocês que me deu?

- Não, foi a sua mãe.

- Como assim a minha mãe?

- Eu não posso te contar mais nada, mas use-o, ele irá te proteger.

- Eu vou subir.

Fui direto para o meu quarto, queria saber de mais, mas sabia que meu pai não me contaria mais que isso, se ele não contou durante dezesseis anos não contaria agora. Apesar de tudo coloquei o colar. E uma sensação diferente percorreu meu corpo. Era como se tudo se tornasse completo. Deitei em minha cama e fiquei pensando sobre tudo, e me senti feliz, finalmente eu tinha alguma coisa que me lembrasse da minha mãe, embora não tivesse lembrança alguma. Estava tão imersa em pensamentos que não notei que Jason estava no quarto me observando.

- Que susto! Parece fantasma. Ainda não sei como consegue ser tão silencioso quando quer.

- Pratica maninha. Posso me sentar?

- Claro, pode sim.

- Eu sei que ficou chateada por não saber muita coisa, mas tenta entender o nosso pai, ele é apaixonado pela sua mãe, deve ser difícil para ele falar sobre o assunto.

- E você tente entender o meu lado. Eu não sei o nome da minha mãe, não sei a aparência, não se como ela era, nem se seria uma boa mãe, muito menos porque me deixou. Eu não sei nada sobre ela.

- Eu sei que é difícil e te entendo. Ele só não que te dar falsas esperanças.

- Porque a agente não deixa isso de lado, eu estou muito cansada, quero dormir.

- Você sempre quer.

- Sempre.

Nós dois nos deitamos, e acabamos dormindo.

Tive mais um sonho. Estava novamente na floresta também não conhecia esse lugar, mas era alegre, cheio de vida, do modo como a conheci primeiramente.

Estava próxima a um pequeno rio, a floresta estava mais linda do que já a havia visto. Tomei um pequeno susto quando olhei para o lado e vi Jason, também olhando ao redor, mas parecia já ter notado a minha presença.

- Onde estamos? E como viemos parar aqui? – perguntei apressadamente.

- Estamos em um sonho, o seu sonho. – respondeu meu irmão.

- Então você faz parte do meu sonho?

- Não, a minha consciência está dentro do seu sonho, mas não faço parte dele. Por que estamos na floresta? Você andou mentindo sobre alguma coisa Angel? Já teve algum sonho assim? – perguntou.

- Eu não sei por que estamos aqui. Sim eu menti sobre algumas coisas e eu tive um sonho hoje, mas não era exatamente igual a esse era mais real, esse é como se fosse uma lembrança.

Quando Jason ia falar algo ouvimos o bater de asas se aproximando do rio, uma fada pousou na margem do rio e se sentou lá, ficou assim por alguns minutos, até que passos fortes e pesados se aproximaram, e seres grandes e carrancudos, com armaduras e espadas, apareceram e foram em direção a fada que tentou fugir, mas não foi capaz de tal ato, quando ela se virou eu percebi que era a mesma do sonho anterior. A que estava acorrentada dentro da caverna, que me mandou ir embora daquele lugar.

Aquela cena me deu uma enorme tristeza, tentei ajudá-la, mas era como se eu estivesse presa ao chão. O meu colar foi a única coisa que me deu um pequeno conforto quando o apertei.

Acordei junto do meu irmão, estávamos no meu quarto novamente. As imagens não saiam da minha cabeça, era com um disco ralado, que sempre repete a mesma coisa.

- O que foi aquilo? – perguntei assustada.

- Como você conseguiu fazer isso, e ainda me levar junto?

- Eu não sei isso só havia acontecido uma vez. À noite. Mas como você sabia de tantas coisas? Acontece com você também? Ou eu é que estou ficando louca?

- Não, você não esta ficando louca, mas também não acontece comigo. Na nossa família só você sabe fazer isso.

- Porque só eu, e isso não era para ser impossível?

- Nada é impossível. Basta acreditar. Eu preciso falar com o nosso pai, fique aqui, descanse e tente se acalmar. Ok? - Ok.


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