Skye

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Passo o batom tom rosa pastel pelos lábios e retiro o excesso com um pouco de papel, coloco o batom no estojo de maquilhagem e pego no rímel, uma rapariga entra no balneário e posiciona-se à drente do espelho ao meu lado, fito a de esguelha e gargalho, ela tem uma saia igual á minha! Ela olha para mim mas não me da importância e volta se para o espelho, ela retira um batom do bolso e tira-lhe a tampa, a cor era exatamente igual á minha.
Ela passa o batom pelos lábios.
- Hum ... - digo de forma negativa quando ela começa a aplica-lo, ela pára e fita-me, faço um ar inocente - essa cor não combina contigo.
Ela franze a sobrancelha :
- Desculpa?!
- É só a minha opinião, relaxa! - respondo num tom mesquinho.
- Bem, eu gosto.
- Ok, tudo bem... - comento revirando os olhos mostrando desinteresse.
Abro o rímel e alongo as minhas pestanas com ele, quando acabo a voz da rapariga entoa na minha cabeça:
- Emprestas o rímel ?
Fito a incrédula.
Ela pestaneja finjindo se inocente.
- O quê ?!
- Por favor, não é necessário ser egoísta... - reclama.
Semi-cerro os olhos e estendo lhe o rímel, ela sorri vitoriosa e pega nele começando a passar a pequena escova pelas pestanas imundas dela.
Finjo tropeçar no meu salto alto e dou um encontrão nela fazendo a sujar a bochecha com rímel.
- Ups!
Ela fuzila-me com o olhar.
- Cuidado! Não andes de saltos se não sabes andar!
Arranco lhe o rímel da mão e guardo-o no estojo a rapariga pega em papel e molha o em água esfregando os riscos de tinta preta sem sucesso.
- Por que raio isto não sai?!
Levo o dedo ao canto da boca e faço um olhar pensativo.
- É á prova de água, querida.
Ela rosna.
- O QUÊ ?!
Sorrio.
- Não te preocupes sai daqui a 48h!
Afasto-me do balneário e da rapariga chatiada, que esfregava a pele, como se aquilo fosse resultar.
Vejo Trishna a correr na minha direção e começo a andar mais depressa e finjo que não a vi. Viro a um corredor para a direita e encontro a pessoa com quem queria falar.
Era o Ed, um dos nerd que me faz os trabalhos. Aproximei-me dele e pisquei-lhe o olho, ele faz um sorriso tímido e depois olha para o chão, tão fáceis de aldrabar.
- Fizes-te o que eu pedi, Edy?
Ela acena afirmativamente e tira umas pastas da mochila. Eu faço um sorriso angelical mecho-lhe no cabelo e puxo-o para mim.
O que tem de ser tem de ser. As suas bochechas parecem pegar fogo adotando um tom vermelho, levo os meus lábios à sua bochecha e dou lhe um beijo curto afastando me lentamente, ele parece estar quase a desmaiar, brinco com o meu cabelo ruivo e faço lhe olhinhos e saio da beira dele devagar levando as pastas na mão com um sorriso vitorioso.
Que idiota ingênuo...
Amarro os livros com força contra o meu peito e paro no meu cacifo, coloco o código no cadeado de metal e este abre-se, coloco lá os livros e volto a fechar o cacifo aprisionando as pastas na sua escuridão.
Um braço enrola-se à minha volta e eu olho para um lado e Bryen sorri. Sorrio e aproximo a minha cara da dele e foco-me nos seus lindos olhos escuros. Afago o seu cabelo encaracolado com as minhas mãos e levo uns meus lábios aos dele.
- Então que pessoa enganas-te desta vez, para teres os trabalhos feitos? - Diz-me divertido.
- Para começar eu não os engano, eles sabem que eu namoro contigo e eu dou-lhes uma pequena recompensa.
- Sabes, se eu estivesse na posição deles eu saltava para cima de ti.
- Tu não precisas de me dar nada em troca. Podes faze-lo à vontade.
Dito isto ele puxou-me para ele, mas eu empurreio.
- Aqui não.
- Então aonde?
Leveio para o esterior da escola, como já não tinhamos mais aulas. Ele segui-me o caminho todo até casa. A casa estava vazia porque os meus pais estvam a trabalhar.
Quando chegamos ao meu quarto ele fechou a porta atrás de si e amarrou-me. Beijei-o e sentei-me na minha cama e bati com a mão ao meu lado para ele se sentar aí.
Incialmente ele pareceu espantado, mas fez o que eu lhe pedi. Quando já se encontrava ao meu lado eu puxei um embrulho de debaixo da minha cama.
Estendi-lhe e ele fez um ar confuso.
- Não sabia que estávamos a comemorar algo.
- E não estamos. Só quero te dar uma prenda.
Ele rasgou o embrulho com as mãos e eu consegui ver a tela com o desenho que eu fizera. Ele passou a mão pelo quadro e sorriu-me.
- Está fantástico, Skye.
Eu peguei no quadro e pousei-o na minha secretária, ele pôs-se de pé e fitou-me. Eu saltei para o seu colo e depois ele beijou-me, ficamos agarrados assim durante algum tempo. Depois ele despediu-se de mim e levou o quadro consigo. Ele tinha que ir ao treino de basquetebol.
Eu não me importei, pois também tinha de sair. Não lhe disse a onde ia porque não queria que ele acabasse comigo por me achar maluca.
Andei uns quarteirões até chegar ao edifício onde tinha consultas com o meu psicólogo. A minha mãe obrigava-me a ir ao psicólogo, à mais de um ano e meio. Desde que me encontrou em casa deitada no chão da cozinha, quase a morrer devido a eu ter engerido quase trinta comprimidos.
Se ela não tivesse chegado a casa eu teria morrido. Já lhe cofirmei várias vezes que aquilo não ia voltar a acontecer. Mas ela não acreditava e desde então, tenta dar-me tudo que eu quero. A mim e às minhas irmãs, não vão elas ter a mesma ideia. Ultimamente tenho tentado pedir ao meu pai para falar com ela, mas ela é muito teimosa e não cedeu.
Quando entro, uma senhora sorri-me com pena e diz para eu aguardar. Odiava o facto de aquelas pessoas me tratarem como uma coitadinha.
O Sr. Herlian chama-me e eu entro. Ele faz-me as perguntas de sempre, se eh estou bem, se a escola vai bem, se a minha relação com a minha família é boa, se não tenho tido sonho estranhos, se não penso em acabar com a minha vida,...
Dou-lhes as respostas mais básicas e sorrio um pouco, para ele não duvidar. Tudo que eu dizia era verdade, eu estava melhor desde que comecei a namorar com o Bryen. Saí do consultório uma meia hora depois.
Quando estava a sair da sala, bati contra alguém. Era um rapaz, olhos e cabelos castanhos e pele clara. Estava todo de preto e o seu rosto não transmitia nenhuma emoção.
- Desculpa, minha culpa. - disse eu de uma maneira charmosa.
Ele não disse nada apenas me puxou para fora do edifício. Ninguém que ali estava pareceu importar-se.
Lá fora ele encostou os seus labios à minha orelha, ele ia dizer alguma coisa mas no último minuto pareceu desistir.
Fitou-me e eu a ele.
- Não sejas tímido, eu não te mordo. - disse piscando o olho.
Ele deu mais alguns passos em frente e ficou a centímetros da minha cara.
- Eu não tenho medo de ti, Skye.
Ali mesmo perto de mim, eu conseguia ver todos os traços do seu rosto. Ele era lindo. Por momentos esqueci o Bryen e tive vontade de fazer loucuras com aquele rapaz. Ele era charmoso, interessante e muito mesterioso.
Aproximei os meus lábios dos deles, e quando estava quase a acontecer. Ele afastou-se.
Quando ele já estava de costas para mim amarrei o seu casaco e obrigei-o a olhar para mim. Ele fez um pequeno sorriso e eu pus um papel com o meu número dentro do bolso traseiro das calças dele.
- Liga-me. - disse-lhe e depois beijei-o na cara. - vou ficar à espera.
Ele pareceu divertido e eu ouvi um pequeno "talvez". Este era dos difíceis, os meus preferidos.
Só quando ele já ia a decher a rua é que eu me lembrei de algo estranho. Ele sabia o meu nome.
- Ei, espera volta aqui. - comecei a gritar como uma tolinha, mas ele não se virou para trás. Apenas continuou o seu caminho. A última coisa que eu vi antes de ele virar na esquina foi uma mancha preta.

Noami, Isla & SkieWhere stories live. Discover now