O Garoto de Olhos Azuis - Prólogo

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Muitas pessoas não sabem como contar uma história, ou, não sabem em que gênero sua história pode se encaixar. Mas eu posso afirmar com todas as letras que toda história de amor é uma história válida de amor, não importa qual amor esse seja. Claro que sequestrar um amor platônico não é romântico, é doentio, ou, ameaçar com uma arma letal uma pessoa a quem ama se torna algo bem psicótico. 

Enfim, não existem regras para uma história de amor ser perfeita, assim como não existe história de amor perfeita. Em algum momento haverá uma perda trágica, um segredo profundo escondido por anos, muito drama, amigos leais, e muitas dificuldades no meio do caminho.

Nenhuma história de amor pode ser considerada perfeita, mas a sua maneira cada uma pode se tornar perfeita.

Ela pode ser uma dessas histórias carregadas de tristeza como um desses livros famosos em que algum personagem importante morre de câncer no final. Mas ela também pode ser uma história feliz envolvendo família e amigos.

Claro que uma boa história poderia ser bem humorada se tivesse um toque de Thelma e Louise, ou talvez uma história épica como dois bandidos fugindo da polícia e vivendo bem a vida como Bonnie e Clyde.

Não, eu não matei ninguém na minha história de amor, eu não assaltei nenhum banco e nem mesmo me juntei aos meus amigos para uma aventura épica cheia de roubos e risos. Minha história foi mais do que isso.

Ela não teve perseguição em auto-estradas, nem mergulhos mortais de penhascos. Ela foi mais como um drama desses em que você vê em novelas do horário das sete. Mas eu posso dizer com toda a certeza que a minha história foi épica.

Porque de todos os estados e cidades, bairros, ruas e casas, a minha história acertou em cheio ao me colocar naquele lugar. Você pode chamar de destino, conspiração, universo ou Deus, mas eu digo que aquilo era pra ser exatamente como foi.

Eu o amei profundamente desde o começo, não me canso de falar como nosso amor foi o meu gatilho carregado de emoção.

No final não existe uma história feliz ou triste, existe aquela história que marca, deixa boas feridas e bons remédios.

E eu posso dizer também que aqueles olhos azuis me cegaram desde o começo.

***

Mudança...

Essa é uma palavra que para um garoto de dezessete anos pode significar pesadelo. Depois de passar por três cidades nos últimos dois anos eu estava quase certo de que eu nunca criaria raízes em algum lugar. Sinceramente isso é frustrante. Encarei minha próxima casa, era modesta, nada demais. Desde que eu tivesse duas trancas em meu quarto isso estava bom.

- Gostou? – Perguntou minha mãe.

Revirei os olhos, ela sabia muito bem que eu odiava me mudar sempre que um de seus relacionamentos não dava certo. Nos últimos dois anos ela tivera quatro namorados, todo relacionamento acabava com um de seus namorados indo embora, talvez eles não gostassem de se envolver com uma mulher que tem um filho adolescente, ou era isso ou ela não sabia como se envolver de verdade com um cara.

Eu não cheguei a ser criado por ela, na verdade a minha mãe passou a me criar depois que eu fiz catorze anos. Antes disso ela estava sempre viajando, havia morado um tempo na Itália, depois França, Portugal, Islândia e Canadá. Em cada aniversário ela me mandava um cartão de alguma cidade ou país diferente.

Minha avó, a pessoa por quem eu fui criado sempre tentava justificar os erros da minha mãe. Talvez o problema não fosse comigo, talvez fosse minha mãe quem não gostava de criar raízes. Mas sinceramente, me tirar da casa da minha avó, onde eu tinha amigos de verdade só para ficar mudando o tempo todo era meio cruel.

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