Capítulo 23

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Sentia-me cansada, sem saber para onde seguir. De novo vi-me perdida num labirinto onde todas as ruas iriam dar a sítios diferentes. Parei para me acalmar, correr sem rumo não me levava a lado nenhum. Christian tinha dito que era meu irmão. Isso fazia sentido. Porque é que o meu pai traria um desconhecido para casa? Obviamente que isso tinha um motivo... Só não esperáva que fosse este.

Sentei-me num banco perto de um parque onde crianças brincávam alegremente. Como seria se eu fosse assim em criança? Teria feito amigos que estivessem comigo até agora? Estaria sozinha neste momento? Estes pensamentos não me acalmavam, precisava de ver Simon.

Peguei no telemóvel e decidi ligar-lhe.

- Mei! Onde estás? Estás bem? Fartei-me de ligar-te! - falou Simon ofegante como se tivesse acabado de correr. Afastei o telemóvel e vi que haviam oito chamadas de Simon.

- Desculpa devia estar no silêncio. Tu estás bem? - perguntei finalmente.

- Claro que estou, não era um soco daqueles que me iria impedir de te procurar. Onde estás?

- Não sei Simon... Corri demasiado e agora não sei onde estou. Há um parque aqui, está escondido à volta de prédios, mas é enorme.

- Ok. Estás perto. - dito isto desligou a chamada.

Era suposto esperar? A minha mãe ainda não me ligara, isso significava que ainda não tinha ido até à casa de Simon e isso concedia-me algum tempo com Simon. Queria despedir-me dele, não com tristeza, não a contar o que descobrira sobre Christian, mas sim a passar um bom tempo com ele. Nem que fosse a rir das suas piadas sem graça... Queria lembranças e não lágrimas.

Esperei sentada no banco a olhar em todas as direções, queria vê-lo antes que me visse a mim, mas isso não aconteceu. Simon apareceu atrás de mim e saltou o banco para se sentar na parte de cima do mesmo.

- Podes começar a contar. - disse com um olhar curioso e assustado ao mesmo tempo.

- Não foi nada de mais. O Christian teve ciúmes, só isso. - expliquei tentando parecer convincente.

- Se tu o dizes... O que vais fazer então?

- Simon... Eu quero ir com a minha mãe para a Inglaterra, vou viver lá e duvido que algum dia consiga voltar ao Japão.

- Isso não impede que o Japão vá ter até ti.

- Como assim?

Simon encolheu os ombros e logo de seguida inclinou-se para me beijar a testa. Não estava à espera então senti as minhas faces enrusbescerem. Levantei-me num salto e pedi para que Simon me levasse até casa dele, precisava de lá estar quando a minha mãe chegasse. Foi dificil despedir-me dele, mas não chorei! Consegui apenas abraçá-lo uma última vez e nesse momento ele sussurou algumas palavras:

- Vou ficar à tua espera. Se demorares procurarte-ei. Não vou esquecer-te, bem podes tirar essa ideia da cabeça.

Entrei no carro e viu-o acenar um adeus até a sua imagem desaparecer com a distância.

***

Já no aeroporto pensei em Karen e Asako, em Simon e em Christian. Era complicado deixar os quatro para trás. Seria difícil encontrar alguém como eles, seria difícil adaptar-me de novo a uma escola quando nem sequer um ano tive na minha primeira. Nem tinha pensado nisso, nem me havia ocorrido o fato do ensino escolar Inglês ser muito diferente do Japão e o fato de não saber muito bem a língua será o mais complicado.

Mal tinha começado uma vida nova e já estava prestes a voltar de novo ao zero...

- Vamos? - chamou Megan tocando-me levemente no braço.

Nada é como pareceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora