Capítulo 11

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Aquela figura feminina com excesso de maquilhagem aproximou-se de Chris estendendo os braços para este a abraçar, mas ele ficou apenas de sobrancelha erguida e de braços cruzados como se a quisesse estrangular pela interrupção. Provavelmente o que Chris ia dizer era algo importante já que aparentava estar perturbado.

- Que queres Yukino? - perguntou impacientemente, erguendo ainda mais a sobrancelha.

- Quero que me dês atenção! As minhas amigas estão a olhar para aqui seu idiota! - respondeu a rapariga, desta vez com o tom de voz diminuído.

- Não acredito que fizeste este filme todo por causa das tuas amigas, não viste que estava acompanhado? Sai daqui! - Chris agora não parecia perturbado mas sim chateado, estava completamente alterado e a sua expressão assumiu uma forma assustadora.

- Acalma-te Chris, não precisas de a tratar assim. - repliquei.

- Não tem nada a ver contigo! É entre mim e a minha irmã, podes não te meter?

Decidi não responder, mesmo que estivesse chateado, podia até estar a morrer por dentro, mas não tinha o direito de me falar assim. Acho que é falta de senso comum ter que pôr pessoas inocentes ao barulho, sendo que apenas tentam acalmar os ânimos.

Virei costas, não me dei ao trabalho de falar alguma coisa que o deixa-se arrependido de ter gritado comigo. Simplesmente deixei estar. Como ele disse "Não tem nada a ver contigo", não tenho que interferir nos assuntos de alguém que pensei que fosse meu amigo... A vida é simplesmente injusta e trás-nos surpresas destas. Quanto mais confiamos mais as pessoas tendem a magoar-nos, quanto mais nos aproxima-mos mais somos afastados, é algo que tenho aprendido com o tempo, mesmo que tenha sido pouco. Tenho idade suficiente para perceber certas coisas. Mentalidade suficiente para perceber o que se passa neste mundo exterior. Posso não perceber muito bem os meus sentimentos, mas isso é algo à parte. Algo que ainda não tive oportunidade de aprender.

De certa forma, fiquei feliz por aquela rapariga se tratar da irmã dele. Não sei porquê... Simplesmente vi-me obrigada a suspirar de alivio e a esconder um sorriso, sem entender os motivos. Por outro lado, não foi nada agradável ver o Chris naquele estado. Perdi uma boa oportunidade para estar calada e agora não sabia se era suposto arrepender-me, voltar atrás e pedir desculpa, engolindo o orgulho ou se continuava em frente e esperava que ele se desculpasse, mesmo que isso pudesse nunca vir a acontecer. Era arriscado, mas o meu orgulho não dava para outra opção. Mesmo querendo voltar atrás, o meu orgulho não mo permite.

Não sabia para onde ir.

Uma biblioteca do lado esquerdo, no corredor que segui.

Um clube de multimédia do lado direito.

Sala de estudo do lado esquerdo.

Direção do lado esquerdo.

Entre outras portas com placares de vários números: 1-A; 1-B; 1-C: 2-A (...), em que por dentro possuía várias mesas e cadeiras dispostas de uma maneira muito organizada, deu para perceber que eram salas. Lembrei-me então que a seguir ao meu nome com a nota do exame dizia: "1-A". Com isto acabei por perceber que realmente se tratavam das salas e que a primeira era a minha. Não precisei de Chris para vir até aqui, não iria precisar dele para no dia seguinte ir para a escola e entrar na sala. Não ia depender mais dele. Pelo menos eu queria isso.

Distraída com os meus devaneios, esqueci-me de onde me encontrava, perdi-me em pensamentos e voltei a ir contra algo, algo que me pareceu ser um poste, mas não era duro o suficiente para isso. Olhei para cima e fui de encontro a uns olhos azuis cristalinos e um sorriso brilhante que me deixou em êxtase, sem conseguir desviar os olhos só voltei a mim quando ele falou:

Nada é como pareceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora