Entre as linhas do destino [HS] CONCLUÍDA

Tudo como sempre

- Eu te disse pra não ficar assistindo aquela merda de série até tarde da noite. -uma voz fina e escandalosa me acorda - Vai, tira essa bunda daí e se arruma logo pra escola - exclamou D. Madelaine me derrubando da cama.
Não tenho culpa se sou viciada em Diários de um Vampiro, só queria ver o novo episódio, problema é que depois resolvi assistir a primeira temporada inteira novamente e acabei indo dormir às 3:20. Bom, é a vida né gente.
Agora aqui estou eu enfiando a primeira calça jeans que encontro e uma blusa justa com o desenho da Barbie, eu sei... é absolutamente ridículo uma garota do 2° colégio usar uma camisa dessas, mas mesmo assim gosto dessa blusa.
Foi o último presente que meu pai me deu, ele morreu já faz cinco anos. Nossa casa pegou fogo eu consegui escapar. Ele não, a única lembrança material que tenho dele é essa blusa que estava vestindo no dia do incêndio.
Desde aquele dia fui morar com minha mãe, Marlene Fotchs, uma cobra que largou meu pai logo nos primeiros anos de casamento.
Por que ela fez isso ???
Simplesmente achou um cara feio, e gordo que cheira a bacalhau. Só ficou com ele pois este tem muita grana.
E sabe o que é pior, essa mulher me odeia, faz com que eu limpe a casa toda, mesmo tendo empregados que já façam isso. Fala sério, isso é doença né?!
- Vai descer logo ou vou ter que ir aí em cima e arrasta-lá pelas orelhas! - exclamou a bruxa da minha mãe.
Prendi meu cabelo castanho em um rabo de cavalo, peguei minha bolsa e desci a escada.
Madeleine estava na cozinha comendo bolacha recheada ( no café da manhã !!!) por isso que sempre está parecendo um leitão de tão gorda.
- Hugo já foi trabalhar, você vai ter que ir a pé até o colégio - resmungou, deixando cair migalhas de sua boca.
- Já ?! - exclamei indignada, aquele velho fedido saiu dez minutos mais cedo. Aposto que foi de propósito.
Ótimo, perdi minha carona para a escola.
- Tô indo! - sai correndo de casa.
Tinha que chegar antes que batesse o sinal, fala sério, entrar atrasada no primeiro dia de aula é simplesmente o uó.
Cheguei atrasada, como imaginava.
Só espero que a propagando "Rexona nunca te abandona" fosse verdadeira, do contrário estaria mais fedida que um gambá. E cá entre nós, ser a catinga da sala não é nada legal.
Fui para a diretoria, pegar meu horário, os corredores já haviam se esvaziado, e eu provavelmente ficaria com o pior lugar da sala.
Toquei o sininho esquisito que ficava na recepção.
Esperei, esperei, esperei... Cadê a tia mano?!?!?!
- Ô Moçaaaa !!!! - apertei a porra do sininho de novo, onde essa tiazinha se meteu. - MOÇAAAA!!! - gritei ainda mais alto.
Uma senhora baixinha de olhos verdes, na faixa dos 36 anos saiu de dentro de um quartinho.
- Posso ajudá-la? - disse ajeitando sua blusa branca.
Um barulho perturbador vem de dentro do mesmo quartinho de indevido a secretária tinha saído a pouco tempo e o zelador atravessa o portal arrumando a gravata.
Eita, olho para os dois, qualquer pessoa da face da Terra deduziria o que ambos estavam fazendo no quartinho.
Abro um sorriso safado, como eles reclamam dos alunos que se beijam nos corredores sendo que eles mesmos ficam se pegando no escurinho, e pior, no horário de trabalho.
- Eu vim pegar meu horário- quebro o silêncio.
- Ah sim, claro, qual seu nome?
- Ana Maria Antonieta dos Santos Cristina da Silva Cipriano. - minto
A tia me lança um olhar de confusão.
- Não temos esse nome no sistema.
- Poxa, eu estava zoando, é que achei que você saberia, sendo que já estudo aqui faz onze anos. - Incrível como esse povo da secretária nunca esquece o nome dos populares ou bagunçeiros, agora o meu?! é só eu dizer qual é que a pessoa já fica com amnésia e esquece.
- Você deveria ter mais respeito, temos muitos estudantes, não é fácil guardar o nome de todos.
- É Tayana Fotches.- bufo
- Aqui está - diz me entregando um papel branco retangular.
Vamos ver... Primeira aula, Inglês, nossa me dei mal, só espero que professora Sandra (que dá essa aula desde sempre) deixe-me entrar, ela é realmente muito "cricri" em relação a pontualidade.
Parti pelos corredores em busca da sempre e igual sala de Inglês, já podia escutar os gritos da fessora mesmo estando a uma distância consideravelmente grande.
Bati de leve na porta e a abri cautelosamente.
- Posso entrar professora?
- Você é minha aluna a muito tempo Tayana, sabe que não tolero atrasos, isso vale para você também. Mesmo sendo minha melhor aluna.
Merda, quer dizer que corri tanto atoa?
- Tá bom, tentarei ser pontual da próxima vez.
Fechei a porta e fui para a biblioteca, os livros didáticos e a chave do armário ficavam lá, sempre temos que ir lá buscá-los em todo início letivo.
***
Adivinha qual foi a primeira coisa que vi ao entar na biblioteca?
Não, não foi livros, pelo contrário, muiiiiiito pelo contrário.
O zelador, o mesmo que estava com a tia da secretária a alguns minutos atrás, agora estava aos amassos com a bibliotecaria.
Sério!! não sei como ele conseguia, nem bonito era, só acho que essas mulheres estão muito sem opção pra ficar beijando esse velho, qualquer coisa era melhor.
Raspei a garganta para chamar a atenção, funcionou, os dois se largaram no mesmo instante e fraco me olhando com aquelas expressões do tipo "Quando é que essa menina chegou aqui?"
- Bom dia Selma - abro aquele sorriso (tô tentando ser simpática) - Vim pegar meus livros didáticos.
- Claro senhorita Fotchs- pelo menos ela sabia meu nome- aqui estão. - ergueu uma montanha com treze livros e os colocou nos meus braços, logo em seguida pôs uma chave em cima deles (a do meu armário) , número 69.
- Tá, eu já vou indo, isso tá pesado. - não sou uma pessoa muito musculosa, então pra mim tudo é pesado.
- Claro - disse olhando para o zelador.
Será que iam voltar para o que faziam? Nossa, esse povo não tem vergonha na cara mesmo.