Capítulo 21

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*** Chris ***

- Isso! - gritei, assim que a Lyra fechou a porta. - Consegui! Nada é impossível! Rahá!

Voltei pra casa, todo feliz. Consegui. Beijar. A. Gostosa. Da. Lyra. Além de ser gostosa e legal - e também um pouco doida -, o Greg tá meio na dela! Isso é demais! Mas... Eu ligo amanhã ou não? Porque se eu ligar, posso parecer meio desesperado, mas por outro lado, se eu não ligar, ela pode achar que eu não quero mais nada. Ah, ela me disse que queria juntar o primo dela com a Maya. Vou ter que apelar pra isso aí. Partiu.

Entrei em casa e Maya estava assistindo um filme. Ela me olhou e me deu "oi", logo voltando a olhar pra TV. Não deu um segundo e ela já me olhou de novo. Fui pra cozinha, procurar algo pra comer.

- Chris?

- Hum? - resmunguei, abrindo a geladeira.

- Aonde você tava?

- Na casa da Lyra.

- Você transou com ela, tipo, usando uma fantasia sexy, sei lá?

- Não. - Voltei pra sala, com um pote de Nutella e uma colher.

- Então... é... Comeu batom?

- Maya, onde você quer chegar?

- Não quero chegar a lugar algum. Só queria saber o porquê de você estar com a boca toda borrada de batom vermelho.

- Ahn? - Fui quase voando até o espelho que tem perto da entrada. - Mano, como assim? Eu tô parecendo um palhaço de circo! O papai não pode ver isso, senão ele me bota pra fora de casa. Ele já me pegou no flagra uma vez. E não foi legal.

- Mas você já tem vinte anos.

- Por isso mesmo, Maya. Ele quer que eu saia logo de casa. Mesmo sendo eu quem paga a conta de luz. E compro meus danoninhos.

- Christian, Christian.

- Para com isso! Você sabe que eu não gosto do meu nome! Ai, essa porra não sai! Isso Lyra, passa trinta camadas de batom mesmo! Parabéns pra você! Eu nunca mais a beijo enquanto ela estiver com batom.

Escutei passos vindos da escada, e adivinhei, pela pantufa preta, que era meu pai. Eu, super inteligente, tinha conseguido espalhar mais ainda o batom, então peguei uma flor de um vaso e coloquei embaixo do nariz, pra cobrir a boca.

- Christian? Maya? O que estão fazendo aqui embaixo?

- Assistindo um filme, pai - Maya respondeu.

- Por que está com uma flor na boca, meu filho?

- Ah, pai... eu queria sentir o cheiro. É tão gostoso. Rosas vermelhas são muito cheirosas.

- Essa flor é de plástico. - Ele a puxou. - Marca de batom?!? E se, ao invés de Maya, fosse a Luna que estivesse aqui embaixo? Você não tem responsabilidades! Acha que chegar bêbado, ou com garotas, ou até mesmo com marca de batom, é um bom exemplo para suas irmãs? A Maya já pode até entender, mas a Luna não! Que exemplo está passando a elas? Se algo acontecer comigo...

- Eu serei o homem dessa casa, eu sei. Desculpa, pai. Já tô indo pro meu quarto.

- Eu já disse Christian, e repetirei apenas mais uma vez: ARRUME UM EMPREGO DECENTE, E COISAS BOAS VIRÃO EM SEQUÊNCIA. Você não estuda, só fica trabalhando naquela porcaria de cafeteria. Vá para a faculdade, meu filho! Estude! Faça direito, administração, agronomia, o que for! Trabalhe meio período e estude. É tão difícil de entender? - Ele subiu, puto da vida.

Subi também e fui dormir. Sabe, eu acho que meu pai tem razão. Eu deveria fazer faculdade. Ou pelo menos um curso. Vou pensar nisso.

*** Lyra ***

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