Fico em silêncio absorvendo aquelas palavras. Como ele pode saber tanto sobre mim? Nos conhecemos há tão pouco tempo.

- Tem alguém vivo aí do outro lado?

- Tem, Joe. Está bem, eu aceito. Vou juntar minhas coisas e vou aí. Mas vou avisar: se você passar dos limites, pego minhas coisas e você nunca mais vai me ver.

- Combinado, já pedi comida para nós dois.

- Mas já está tarde, se comermos agora como vamos jantar depois?

- Vou comer agora porque tenho certeza de que vou perder a fome assim que vir meu pai. - ele diz, com pesar.

- Que horror, estou ficando com medo dele mesmo sem conhecê-lo.

- Não precisa ficar, eu nunca deixaria ele te magoar como faz comigo.

- Certo, então deixa eu desligar. Preciso juntar minhas coisas para levar aí e me vestir.

Desligo e coloco todas as minhas coisas, que estão esparramadas pelo quarto, dentro da mala. Vesti um short curto e uma regata. O calor está insuportável.

Quando bato na porta do apartamento de Joe, ela abre instantaneamente. Imagino que ele estava com a mão na maçaneta me esperando.

- Qual é, Julie? Não tinha outra roupa para vestir?

- Tenho... Por que, não gostou dessa?

- Na verdade, gostaria muito se eu pudesse tirá-la. Como quer que eu mantenha minhas mãos longe de você, se me provoca? - ele diz, enquanto me puxa e me beija.

Começamos bem. Dentro de um quarto sozinhos e nos beijando. Mas não resisto. Ele está cheirando a sabonete, como quem acabou de sair do banho, tem os cabelos molhados caídos no rosto e veste somente uma bermuda.

- Vamos comer. - ele diz, se afastando. Está tentando manter o controle.

- O que temos para hoje?

- Um pouco de tudo. – diz, sorrindo, enquanto olha para uma mesa repleta de comidas montada no quarto. - Não sei o que você gosta além de McDonalds, então pedi muitas coisas, deve ter algo aí que te agrade.

- Joe, eu gosto de tudo, só não sou muito fã de comida japonesa.

- Então se sirva, quero ver você comer. Fica muito linda fazendo isso.

Nos sentamos e comemos em silêncio. Estou constrangida porque ele não tira os olhos da minha boca enquanto mastigo.

- Para de fazer isso. - peço com o olhar irritado.

- Isso o quê?

- Para de olhar para minha boca.

- Não consigo. É muito linda. Preciso que você acabe de comer. Quero te beijar de novo.

Então se levanta e me pega no colo. Desta vez o beijo não é calmo como antes.

- Nunca desejei estar perto de uma mulher como agora. Por favor, você não pode ir embora nunca.

Então agarra meus lábios com sua boca e começa a tirar minha blusa. Não consigo detê-lo. Estou totalmente entregue às sensações que percorrem o meu corpo. Ele me coloca na cama e fica me olhando.

- Você é linda, Julie. Linda. - seus beijos percorrem o meu pescoço. Nesse momento, o telefone dele toca. Eu assusto. Me levanto da cama tentando achar minha blusa perdida. O que estou fazendo?

- Oi, Mike. - ele atende o celular. - Você sabia que é um grande idiota, cara? Faz dias que você não me liga e resolve fazer isso agora. Eu juro que te mato quando você aparecer na minha frente de novo.

Ele continua conversando com seu amigo por alguns minutos, sempre usando essas palavras delicadas.

- Claro que vou no aniversário. Meu pai te convidou? - ele pergunta. - Certo, nos vemos mais tarde. Tente não chegar muito perto de mim, porque estou com muita raiva de você, cara. - e desliga, de novo sem falar tchau.

- Você sempre é mal-educado assim com as pessoas no telefone?

- Nossa, você estava até agora sem roupa na minha cama e tudo o que tem para perguntar é se eu sou mal-educado no telefone? - ele diz, visivelmente irritado ainda.

- Eu não estava sem roupa, só sem a blusa, e isso não vai voltar a acontecer. Você está proibido de chegar perto de mim até a hora da festa. - preciso me proteger de algum jeito e ele me agarrando não vai ajudar.

- Quer dizer que vamos fazer uma festinha mais tarde? - ele diz, tentando amenizar o clima.

- Temos uma festa hoje lembra? Aniversário do seu pai, Joe. Chega de piadinhas. Vou começar a me arrumar e vou trancar a porta do banheiro. Vou sair de lá pronta. Você usa o outro banheiro.

- Deixa eu dar banho em você hoje? - ele pergunta com a maior cara de safado do mundo.

- O que te disse sobre fazer piadas? Chega por hoje. – digo, pegando minhas coisas e entrando no banheiro.

Demoro horas me arrumando, porque ficar com Joe no quarto foi uma péssima ideia. Seco os cabelos e enrolo as pontas. Opto por deixar os cachos soltos. Capricho na maquiagem e, depois de pronta, ainda fico meia hora trancada no banheiro.

Quando estou cansada de esperar, Joe bate na porta.

- Vamos, Julie, está na hora.

Quando saio do banheiro, ele parece surpreso.

- Nossa... Sem palavras para descrever sua beleza. - ele diz e me abraça e sussurra no meu ouvido: - Nunca vou me cansar de dizer como você é linda. É só você querer escutar isso para o resto da sua vida. É só me pedir.

Ele tira uma caixinha do bolso do terno e abre. Dentro está uma pulseira de ouro com o símbolo do infinito cravejado em rubis. É a coisa mais linda que já vi na vida.

- Não importa o que aconteça, guarde com você. E, por favor, acredite nas minhas palavras, você é diferente de tudo o que aconteceu na minha vida. Não deixa eu estragar tudo, por favor, não deixa.

O beijo, estou emocionada com as palavras e decido que hoje, depois da festa, vou me entregar a ele. Não posso mais esperar, vejo nos seus olhos que o que diz é verdadeiro. Preciso deixar o passado para trás.

Seu telefone toca.

- Nossa, esse telefone só sabe tocar em horas impróprias. - ele diz, enquanto atende. - Já estou descendo.

- Vamos, amor, meu pai mandou um motorista para ter certeza de que não vou atrasar. Ele detesta quanto faço isso.

- Vamos, não vejo a hora desta festa acabar. - digo com malícia.

- Que foi? Você colocou a lingerie que dei, né, sua safada?

- Não sei, você vai ter que esperar para ver.

- E se eu disser que não vou mais?

- Claro que vamos, Joe, é aniversário do seu pai.

- Vamos. - ele diz com uma cara de quem está indo a um velório.

Saímos e nos agarramos no elevador. Não vai sobrar maquiagem até chegar a essa festa.

O doce sabor da vingança  ( degustação) Where stories live. Discover now