Capítulo Cinco - Segunda Parte

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"Maaaaaaaaaas tenho novidades para animar ou para distrair você, pelo menos. Temos um cara novo no colégio. Tive minha primeira aula com ele. E, ai meus Deus, lindo. - Jú"

"Rs..." - Eva

Passei o bilhete para Mona e vi que as duas passaram o bilhete uma para a outra e dessa vez, quando caiu na minha mesa, veio com respostas das duas.

"Ouvi rumores. Quão gato?" - Mona

"GATO, GATO, GATO." - Jú

"Preciso de uma nota para mensurar a beleza e imaginar. De zero a cem, quanto?" - Mona

"Um zilhão." - Jú

"Só modelos são um zilhão." - Mona

"Então." - Jú

"Nossa!" - Eva

Joguei o bilhete de volta já sorrindo. Ah, como eu estava precisando disso. Das minhas amigas agindo de forma normal comigo. Pude sentir que tudo ficaria bem.
Mona me jogou o bilhete de volta.

"Vi primeiro." - Jú

"AAAAAAAHHHHHHHHHHHH... Não vale. Você viu primeiro porque teve a primeira aula com ele." - Mona

"Huauhahuahuahua... podem tirar no par ou ímpar, meninas." - Eva

Escrevi e passei o bilhete para Mona. Uma risadinha escapou quando imaginei a cena das duas jogando par ou ímpar com um cara no meio esperando para saber com qual das duas ficaria.
Um tempinho depois, quando a professora não estava olhando, Júlia jogou o bilhete para mim.

"Com certeza não seremos as únicas nesse par ou ímpar, amigas =( - Jú

A aula passou consideravelmente rápida. Minhas outras aulas não foram com nenhuma das minhas amigas. Por isso, assim que o sinal tocava, ficava com elas até que estivesse perto de tocar de novo. Assim, podia entrar na sala e ninguém conseguia me perguntar nada, pois a aula já tinha começado.
Não vi ninguém diferente durante as aulas que tive antes do intervalo. Fui para a cantina e encontrei Beka no caminho. Não sentia vontade de comer nada. Só queria sentar. Minhas pernas estavam me matando. Minha vontade era de deitar e dormir.
- O que vai querer, Eva? - indagou Mona.
- Nada, não estou com fome. Acho que vou sentar e esperar vocês.
- Certeza? Eu posso pegar alguma coisa para você - Beka falou, me lançando um olhar preocupado.
- Não, tudo bem. Meu estômago não está bem - comentei, já esticando o pescoço para procurar um lugar para sentarmos.
E era realmente verdade. Meu estômago estava revoltado. Não sabia se era porque meu corpo estava exausto por todo o esforço da noite passada, ou se era só porque ainda estava com a história do Noah na cabeça.
Vi Lisa na fila junto com as meninas e dei tchau para ela enquanto sentava em uma mesa vazia. Lisa retribuiu o aceno, mas, por sua cara de pena quando me olhou, sabia que já recebera as más notícias. Ela fora viajar nas férias, por isso não conseguimos nos ver. Mas não mudou quase nada, pelo que pude ver. Elizabete Lee era descendente de orientais. Seu cabelo era longo, liso e preto como carvão e tinha várias sardas no nariz. Ela era a mais baixa de nós cinco.
Sentar foi realmente um alívio para minhas pernas. Estava me sentindo com cem anos. Podia sentir onde os hematomas estavam mais doloridos. Quando chegasse em casa poderia passar alguma pomada neles para que sumissem mais rápido.
Enquanto elas pegavam comida, lembrei do aluno novo que Júlia comentou nos bilhetes. Não tinha visto ninguém novo pelo colégio até agora. Mas se era novato, deveria estar por ali em algum lugar. Virei-me na cadeira para poder olhar em volta para as mesas atrás de mim e, ao fazer isso, dei de cara com ele. Ele olhava diretamente para mim. Sem saber como reagir, me desesperei e fingi ver uma coisa no teto. No mesmo instante me arrependi profundamente.
Para o teto? Por que olhei para o teto? Qual é o meu problema? Não podia ter ficado mais na cara que eu procurava por ele e me desesperei ao ser pega no flagra.
Endireitei-me novamente na cadeira. Podia sentir minhas bochechas esquentando. Que vergonha. Grande primeira impressão. Podia ter dito oi de longe, sorrido, dado tchau, qualquer coisa. Mas não. Olhei para o teto.
Ele estava olhando para mim? Acho que não. Nossos olhos somente se encontraram por coincidência.
Estava me coçando de vontade de olhar para trás de novo. Mas agora faria do jeito certo. Disfarçaria que estava me virando para olhar para as meninas na fila da comida. E, independente do que acontecesse, não olharia para o teto de novo.
Virei-me disfarçadamente já mirando a fila. Elas ainda estavam na metade. Mas ele não estava mais no lugar de antes. Procurei dos dois lados do refeitório e não o vi.
Para onde ele foi?
E, assim que me virei de volta, dei de cara com ele. Ele estava parado de pé na frente da minha mesa. Levei um susto tão grande que até dei um pulinho na cadeira. Ele sorriu com o meu susto.
- Posso me sentar? - perguntou, analisando minha reação.
Eu sabia que, se abrisse a boca para falar naquele momento, gaguejaria. Então fiz que sim com a cabeça. Achei que ele puxaria a cadeira que estava logo à sua frente, mas ele deu a volta na mesa e se sentou ao meu lado.
Nossa! Ele é realmente um zilhão. Seus cabelos eram castanho-escuros e estavam de uma forma bagunçadinha que combinava perfeitamente com seu visual. Seus olhos eram verdes. E quando ele sorriu para mim ao se sentar, meu coração quase parou de bater. Seus dentes eram perfeitos e mais brancos impossível. Ele vestia uma calça jeans escura, uma camisa de mangas compridas e um sapatênis.
Foi só quando ele se sentou, que percebi que eu deveria estar com cara de tonta com a boca aberta olhando para ele embasbacada, e me recompus o mais rápido que consegui. Tentei pensar em algo para dizer. Mas não veio nada. Antes que eu conseguisse me forçar a falar qualquer coisa, ele falou primeiro.
- Qual é o seu nome?
- E... Ev... Eva. - E agora eu estava gaguejando?
Ele devia estar me achando uma tapada. Mas se realmente estava, não demonstrou. Assim que lhe disse meu nome, ele sorriu de volta para mim e respirou profundamente, apoiou as costas na parte de trás da cadeira e seu braço esquerdo sobre o encosto aumentando o espaço entre nós. Ele parecia estar com a expressão de alguém que sente... O que era aquilo? Contentamento? Alívio? Que estranho.
- Então seu nome é Eva? - ele falou, acariciando cada letra do meu nome ao pronunciá-lo.
- Sim. Por quê? Nos conhecemos?
- Hum... Não. É só que... - Fez uma pausa e me olhou de cima a baixo demoradamente. Senti meu rosto pegar fogo. - Combina com você. Ele continuou me olhando intensamente nos olhos.
Senti-me sendo despida. Parecia que ele conseguia ver minha alma.
- Obrigada - falei, recuperando minha voz.
- Prazer, Eva. Me chamo Willian. Willian Delamare. - disse tombando a cabeça de pouco de lado. Como se para analisar minha reação.
Repeti devagar seu nome como ele fez com o meu: - Willian?
- Sim, por quê?
- Nada, é só que combina com você - falei, tentando conter o riso.
Ele riu do meu comentário. E pude ver novamente seus dentes perfeitos. Seu sorriso combinava perfeitamente com ele e seus olhos tinham um toque de mistério, como se ele soubesse de algo que eu não sabia. Ele estava sentado na cadeira ao meu lado, mas com o corpo virado para mim, então sua perna esquerda estava quase tocando a minha. Ele desencostou do apoio da cadeira e se inclinou para a frente, apoiando o cotovelo direito na mesa ficando a poucos centímetros de mim. Estava hipnotizada por sua boca. Era tão bem desenhada.
- Eva - ele falou, bem baixinho.
- Sim? - respondi, quase como um cochicho.
- Você quer dar uma volta comigo agora? - sussurrou, chegando ainda mais perto e olhando diretamente em meus olhos. Parecia mais uma afirmação do que um convite. Ele estava tão perto que podia sentir seu perfume e seu hálito. Não consegui decidir qual dos dois era melhor.
Ele se inclinou um pouco mais em minha direção. Seus olhos não deixavam os meus. Ele passou a língua nos lábios para umedecê-los e eu me contorci na cadeira com aquele movimento.
Ele vai me beijar?
Seus olhos me fuzilavam. Meu coração e minha respiração se aceleraram. Eu tinha que responder uma pergunta, não tinha? Não conseguia mais organizar meus pensamentos. Só conseguia pensar em sua boca perfeita e em como ela estava próxima da minha. Olhei de seus olhos para sua boca a centímetros de mim, mas, antes que eu piscasse mais uma vez, ele se afastou.
- Nos falamos depois, Eva. - E dizendo isso se levantou e me deu as costas andando para a saída da cantina.
Só então me dei conta de que todos no refeitório olhavam para nós, todos mesmo. Inclusive minhas amigas que estavam paradas com as bandejas nas mãos em frente à mesa, paralisadas.
Assim que ele saiu, elas se sentaram. Todas falaram ao mesmo tempo. Nem que eu quisesse conseguiria entender o que diziam. Só conseguia pensar no que acabara de acontecer.
Ele perguntou se eu queria dar uma volta com ele e quase me beijou? Ele ia me beijar?
- Eva, sai do transe e responde. - Mona colocou a mão em meu ombro e me sacudiu de leve.
- O quê? - gaguejei de volta para ela.
- Xi, ela ainda está nas nuvens - disse Lisa, revirando os olhos.
- Terra chamando Eva, Eva, responda - brincou Júlia.
- Ah, qual foi a pergunta mesmo? - questionei, tentando prestar atenção ao que elas diziam.
- Se ele... e sentou aqui... perguntou e você... rolar e vamos... como você não... - todas falaram juntas me fuzilando de perguntas.
- Uma de cada vez - disse.
- Eu pergunto - falou Júlia, antes que as outras conseguissem falar qualquer coisa. - Você conhece aquele deus grego?
- Não.
- Então como ele veio parar aqui? - Lisa perguntou, abrindo seu chá.
- Não sei, ele só chegou aqui e pediu para sentar.
- O que vocês conversaram? - Beka quis saber.
- Nada, ele só queria saber meu nome.
- Eva, de onde nós estávamos, pareceu que ele queria conseguir muito mais do que seu nome - Mona falou, dando uma piscadela para mim.
- Não só de onde nós estávamos. Acho que de onde qualquer um dessa cantina estava pareceu que vocês iam se beijar - Beka falou.
- Não, ele só queria... - O que ele queria mesmo?
- Queria? O quê? - Lisa falou, apoiando os braços na mesa para chegar mais perto.
- Acho que ele me convidou para dar uma volta.
- E você não foi? - perguntou Mona, indignada.
- Não.
-  Eu dou uma volta com ele. - Lisa suspirou piscando os olhos várias vezes como se estivesse apaixonada. - A hora que ele quiser.
- Olhem para ela, ainda está em estado de graça. Não falei que ele era um zilhão? - falou Júlia, gabando-se de ter dado a nota certa para ele.
- Nossa, e bota zilhão nisso, que corpo - falou Mona, fingindo se abanar com o guardanapo.
Elas continuaram a conversa descrevendo cada parte de seu corpo, mas eu não conseguia mais prestar atenção.
Ele me chamou para dar uma volta? O que aquilo significava? E por que saiu do nada? Ele ia mesmo me beijar?
Antes que conseguisse qualquer resposta para minhas perguntas, o sinal tocou. Minhas amigas não conseguiram comer quase nada, por isso levaram algumas coisas e foram comendo e discutindo a parte do corpo dele que cada uma gostou mais. Ombros, olhos, costas. Eu já tinha decidido a minha. Sem a menor sombra de dúvida, os lábios. Que lábios. Deviam ser muito macios. Como seria beijá-lo? Surpreendi-me com meu próprio pensamento. Eu estava pensando em como seria beijá-lo e acabei de conhecê-lo. Se é que podia chamar aquilo de conhecer. Sabia seu nome e... Só.

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Finalmente Willian (hunnnn) Delamare e Eva se conheceram... E agora? Quem queria que aquele beijo tivesse rolado já no refeitório?
Calmaaaaa muita coisa está para acontecer ainda! Hehehehehe

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Semana que vem tem mais Labirintétis do meu coração!
Milhões de beijos

Labirinto de Espelhos  (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora