Capitulo Um - Segunda Parte

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A luz fraca que atravessava as cortinas me dizia que ainda estava escuro lá

fora. Os dias aqui eram muito frios nessa época do ano e o vento açoitava a janela

do quarto sem dó.

Ouvi batidas na porta, e pela insistência, deveriam estar batendo já há algum

tempo. Era melhor que fosse importante. Pois tinha pedido a todos que estão viajando

conosco, para que nunca me incomodassem depois que tivesse ido dormir. A

não ser em casos de extrema importância, ou seja, somente em casos de vida ou

morte. O que no meu mundo não acontece com muita frequência, já que estamos

todos mortos.

Todas as noites em que ia dormir ansiava pelos poucos instantes em que,

com sorte, poderia estar com ela. Caso fosse uma boa noite. Um segundo em sua

presença, era como estar vivo novamente. Todos os meus sentidos ficavam muito

mais aguçados. E podia realmente sentir, tudo por causa dela.

Quando revelei, a algumas pessoas de confiança, sobre os meus sonhos para

saber se eles já haviam passado por algum tipo de experiência parecida, ou se era

uma coisa de vampiro, todos acharam que eu tinha algum tipo de doença. O que

é impossível levando em consideração o que somos. Mas ninguém soube me dar

uma explicação plausível para o que acontece.

A verdade é que mesmo não tendo uma explicação lógica para toda essa

loucura, fiquei satisfeito em saber que era o único a ter essas experiências. Isso

significava que ela era só minha. Mesmo não fazendo sentido algum sentir ciúmes

de uma pessoa que só existe dentro de minha cabeça, não me agradava em

nada a ideia de dividi-la com alguém.

Depois de muito pensar, cheguei à conclusão de que simplesmente não

quero mais buscar por explicações do que os sonhos possam significar, de onde

venham ou por que acontecem. Desde que não parem.

Algumas vezes, sinto como se fosse chamado, ou melhor, requisitado a

estar com ela e me deixo levar, não me importando para onde sou levado desde

que possa estar com ela, para que sinta tudo o que ela tem a oferecer. Sendo bom

ou ruim.

Nas últimas semanas nossos encontros têm me deixado com um humor

horrível. Vê-la sofrer, senti-la sofrer e não poder fazer nada para ajudá-la está me

deixando louco e nem um pouco sociável. E quem quer que estivesse batendo na

porta deveria ter algo muito importante para falar, já sabendo das consequências

que teria que enfrentar por ter me acordado.

A porta se abriu lentamente e Dante colocou a cabeça para dentro do

quarto.

- Posso entrar?

Por sua aparência, não devia se alimentar há dias. Segundo Dante, isso fazia

Labirinto de Espelhos  (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora