Capítulo Cinco - Segunda Parte

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Prontas para mais um capítulo? Será que Willian finalmente vai aparecer?
Bora descobrir...
Boa Leitura!

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Assim que entramos na sala, escutamos um gritinho. Júlia veio correndo em nossa direção. Pelo que pude ver, ela não tinha mudado em nada desde a última vez em que nos vimos. Seu cabelo era loiro ondulado com mechas douradas e estava só alguns centímetros mais comprido. Ela era magra e um pouco mais baixa do que eu.
- Sau-da-des - disse cada sílaba, ao jogar seus braços por nossos pescoços. Senti uma pontada de dor quando ela fez isso, mas ignorei. Era muito bom revê-la. - Eu cheguei ontem à noite, - ela falou, apontando para o relógio de pulso - e nem tive tempo de desarrumar as malas, estava louca para... - Ela olhou para mim e parou de falar. - O que foi, Eva? Você está bem? Parece que vai desmaiar.
- Mona pode te contar, preciso sentar. - falei.
Não porque fosse desmaiar, mas porque minhas pernas estavam me matando. A bolsa a tiracolo parecia pesar vinte quilos a mais do que pela manhã. Agora todas as dores do esforço que fiz ontem chegavam ao auge. Precisava sentar ou minhas pernas cederiam.
Assim que me sentei, apoiei a cabeça na mesa, talvez a professora demorasse alguns minutos para começar a aula. Poderia tirar um cochilo de cinco minutos.
- Não tinha maquiagem na sua casa, Eva? - Ouvi um sibilo vindo do meu lado direito e, relutante, levantei a cabeça para olhar quem era a dona da voz melosa, mesmo já desconfiando de quem era.
Mia Straus estava sentada na carteira ao meu lado. Quer dizer. Eu me sentei ao lado dela. Uma coisa que evitava em todos os dias de aula. Mia me odiava. Ou melhor, sempre teve uma paixonite por Noah e não se conformava por ele não cair de joelhos aos seus pés quando ela jogava todo seu charme para cima dele. Não podia negar que ela era bonita. Tinha olhos azuis e seu cabelo era castanho claro bem liso. Um corpo de dar inveja, que sempre fazia questão de mostrar com suas calças bem apertadas e blusas decotadas no limite do bom senso e do pudor permitido pelo colégio. Mas Noah nunca quis saber dela. E Mia colocou na cabeça que era por minha causa. E talvez fosse mesmo. Agora que sei o que ele sentia por mim. Eu não ligaria que ele gostasse dela se ela fosse uma pessoa legal, pois queria vê-lo feliz. Mas por ela ser essa mocréia desalmada que é, sempre a considerei intragável e fazia questão de falar para Noah que, se ele ficasse com ela, eu bateria nele. Ele sempre ria dos meus ataques quando falávamos sobre ela e adorava me provocar exaltando alguma característica física dela só para que eu ficasse tentada a socá-lo com força no ombro. Mia era para mim, o que Marcus era para Noah. Inaceitável para uma pessoa tão querida e especial.
- Tem que ter coragem para vir logo no primeiro dia de aula com essas olheiras. Já existe uma supertecnologia em termos de maquiagem no mercado, se chama corretivo, conhece?
Respirei fundo e apoiei de volta a cabeça na mesa. Estava tão cansada que não tinha nem forças para responder. Mas fiz uma anotação mental de que precisava retocar o corretivo ao redor dos olhos depois da aula. O que passei em casa já deveria estar saindo. Afinal, ele só corrigia olheiras, não fazia milagres.
A aula começou com a professora dividindo os países da África. Dez minutos depois da aula começar, Júlia olhou para trás em minha direção com uma cara que misturava tristeza, dó e incredulidade. Só podia significar uma coisa: Mona já a atualizara sobre a novidade. Dei de ombros sem poder falar com ela em voz alta. Ela fez sinal perguntando se eu queria escrever. Balancei a cabeça negativamente. Não queria mais bilhetinhos confirmando o quanto era óbvio e o quanto eu fui cega. Mas, mesmo assim, vi que ela arrancava discretamente uma folha do fichário. Lá vinha o bilhetinho.

"Eva, eu sinto muito. Imagino a raiva que deva estar sentindo. Se não quiser falar sobre o assunto, eu entendo. Mas estou aqui se precisar. Sabe disso, não sabe?" - Jú

"Sei, sim. Obrigada, Jú." - Eva

Passei o bilhetinho de volta para ela. E dois minutos depois o bilhetinho voltou.

Labirinto de Espelhos  (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora