- Com quantas mulheres você já dormiu? - sua pergunta me pega de surpresa e engasgo com o vinho.

- Você só pode estar brincando para me fazer uma pergunta dessa. Você não vai gostar da resposta.

- Por que não? Você perdeu a conta, é isso. Nossa, é melhor não me dizer mesmo. Mas se você quiser me dizer a casa da centena, eu já fico feliz. - ela arrisca dizer, envergonhada.

- Não vou dizer. Diga você, com quantos homens você já dormiu. Eu sei que nessa vida de modelo às vezes é preciso de algo mais para estar no lugar certo.

Minhas palavras saem carregadas de rancor e percebo que estou morrendo de ciúmes de imaginar outros homens a tocando, quando eu nunca pude fazer isso.

- Primeiro, isso não te interessa, você não é nada meu para fazer essa pergunta. Segundo, eu tenho mais coisas que talvez você não perceba e não só um corpo para oferecer. Consegui os trabalhos de modelos por outros meios. Mas acho que você os desconhece, já que não consegue ver nada além de peitos e bundas. Obrigada pelo jantar, mas vou pedir um táxi e estou indo. Já deu por hoje. - ela diz, se levantando.

Me arrependo das minhas palavras. A ofendi e ela está vermelha de tanta raiva. Enquanto sai apressada, deixo o dinheiro da conta na mesa e a alcanço. Ela já parou um táxi e está entrando.

- Julie, espera, foi só uma brincadeira de mau gosto. Volta aqui, deixa eu te levar para casa.

- Não precisa, e, só pra você saber, está na casa dos 30.

- O quê? – pergunto, confuso.

- O número de caras que já passaram pela minha cama. - então bate a porta do carro e vai embora.

Não pode ser, ela só pode estar brincando. Trinta? E fica fazendo charme para ir para cama comigo. Mas não vai me fazer de idiota. Entro no carro e vou embora.

Tenho uma noite de sono agitada e muitos pesadelos. Julie com trinta homens do lado, fazendo a festa em sua cama.

Decido adiantar minha viagem para o Rio de Janeiro. Não vou esperar até sábado. Tenho meu apartamento lá.

Pego o celular e ligo para Norma. Passo todas as instruções de trabalho que ela deve passar para Julie na minha ausência e peço que ela entregue uma passagem aérea para ela ir no sábado, com instruções claras de que vai a trabalho.

Até lá, espero ter colocado meus pensamentos em ordem, para assim desfrutar de sua companhia sem sentimentos envolvidos. Já que ela não fez cerimônia para sair com tantos homens, um pouco de lábia, uma bela vista do meu apartamento para o mar, flores, champanhe e presentes serão suficientes para levar ela para a cama.

Depois, com certeza, ela vai ser só mais uma e vai deixar de ter importância, como sempre acontece.

Ligo para o meu pai só quando já estou no meu apartamento no Rio. Porque se tivesse ligado antes, com certeza já teria desistido de vir.

- Pai, estou ligando para avisar que já estou na cidade. Precisava resolver questões do trabalho e me adiantei.

- Que bom, filho, hoje é aniversário da Larissa. Você também foi convidado, mas como achei que não chegaria a tempo, nem avisei. Mas agora você vai. - as palavras do meu pai não soam como um convite, mas como uma ordem.

- Não sei se vai dar. Primeiro, não quero dar a impressão de algo que não é, pai. Vocês sempre planejaram esse casamento que não vai existir.

- Vai, Joe, é uma questão de tempo. Você saiu com ela tantas vezes, é só se cansar dessa vida de libertino que você vai querer uma mulher ao seu lado e a Larissa é perfeita.

O doce sabor da vingança  ( degustação) Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz