21 | adeus

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Após passar mais alguns minutos com o loiro hiperativo, enfim voltei pra casa. Esperei levar uma reclamação por demorar muito, mas minha mãe não estava em casa para me ver chegando naquele horário. Fui arrumar o que faltava levar para a vigem e me sentei no sofá da sala quando terminei, esperando por minha mãe voltar.

Eu não estava a fim de assistir televisão, ler um livro, mexer no celular ou qualquer coisa que me ajudaria a passar o tempo; eu só queria poder ficar sentada ali, observando cada detalhe da casa e aproveitando as minhas ultimas horas ali dentro. Nem havia partido e já estava sentindo falta de tudo e todos que conheci.

Minutos solitários depois, ouvi o barulho dos saltos altos da minha mãe se aproximando na varanda e pulei do sofá. Quando a mais velha abriu a porta e me viu em pé a poucos metros de si, fez uma cara surpresa.

— Credo, mas que susto, Emily! — reclamou, fechando a porta atrás de si. — Por uns segundos, achei que era um ladrão assaltando nossa sala!

Não me aguentei e ri um pouquinho.

— Uau, confundir a própria filha com um ladrão é novidade. — a observei colocar a bolsa do trabalho sobre a mesa de jantar e retirar os saltos. — Eu senti sua falta, por que demorou tanto?

Ela suspirou.

— Desculpe, meu anjinho, mas eu juro que tentei voltar cedo. Gostaria muito de ter passado o seu último dia aqui com você, entretanto o meu chefe é um saco! — bufou em irritação e se jogou no sofá, descansando os pés cansados na mesinha de centro. — Acredita que ele me segurou lá até agora só para ficar me provocando e fazendo de tudo para me fazer rir?! Ele até inventou de cheirar suco em pó e depois teve uma crise de tosse! Estou chocada com o quanto que ele parece uma criança!

Internamente, eu sorria maliciosa, por fora, eu apenas concordei. Talvez minha mãe esteja tão desacostumada com o amor, que talvez nem consiga mais perceber quando alguém está com segundas intenções para seu lado. Bom, esperava que esse cara a fizesse feliz enquanto estivesse fora.

— Não precisa se culpar, está tudo bem. Eu aproveitei bem meu último dia. — lembrei dos últimos acontecimentos do dia e fiquei sem jeito.

Minha mãe ficou arqueou uma sobrancelha.

— Por que está vermelha, filha? — ela tinha um sorriso sapeca no rosto. — Perdi alguma coisa? Você aprontou com aquele nosso vizinho bonitinho, não é?

— O quê?! — minha voz saiu fina. — Não! A gente não fez nada! Que ideia maluca é essa?! — revirei os olhos, pretendendo fingir que não me importava.

E um silêncio se formou na sala, apenas a nossas respirações que emitiam som por ali.

— ...Vou sentir muita falta disso. — minha mãe disse, quebrando o silêncio estranho.

— Disso o quê?

Então ela revirou os olhos, com um biquinho exagerado na boca e franzindo a testa. Uma maneira irritante de tentar me imitar.

— Eu não reviro os olhos desse jeito! — protestei.

E a vi gargalhar e eu também não me aguentei, sua risada era muita contagiosa, e acabei rindo também. Estávamos curtindo o momento mãe e filha ate o seu telefone tocar. Ela o pegou e hesitou para atender ao ver quem era que a ligava, provavelmente porque eu estava ali e não podia ouvir a conversa.

— Só um segundo, amor. — ela falou para mim e saiu da sala, indo atender na varanda.

Tentei ignorar o sentimento ruim que estava dentro de mim em relação a aquela ligação e voltei a mexer em meu celular para me distrair. Percebi que havia uma nova mensagem na aba de notificações e logo fui ver de quem era. Era do Rafael e dizia:

❝Say Something❞ cell.bit Onde as histórias ganham vida. Descobre agora