DOCUMENTO 006: A VIGÍLIA

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- Mas como posso aprender a amar mais os meus irmãos? – Eu permanecia com as lágrimas rolando pelo rosto, fitando o rosto do Mestre. Então ele me respondeu.

- Tu aprenderás a amar mais os teus irmãos quando conseguires aprender a amar mais o Pai no céu e após te haveres tornado realmente mais interessado no bem-estar deles. E todo esse interesse humano fica assegurado pela compaixão compreensiva, pelo serviço desinteressado e o perdão irrestrito. Esforça-te para conviver pacificamente junto com todos os homens, especialmente os teus amigos, na sua fraternidade e na fraternidade do Reino celeste.

Meus amigos... Meus irmãos de Ordem... Pensei. Onde eles estão? Por que eu estou aqui? Por que estou vendo as mesmas cenas que já havia presenciado antes de descer ao Gat-Semane? Gritei por meus amigos enquanto as vozes se misturavam. Para minha sorte, elas não demoraram a desaparecer, e tudo o que havia se tornado negro voltou a iluminar minha visão.

Acordei com Yameshi, Ozahrun e Patmah ao meu redor. Evidentemente estava sonhando. Mas aquele mar de olhos me deixou muito confuso. Minha cabeça ainda doía. A primeira lembrança que me veio foi de nosso desespero durante a pane, e agora estava ali. Não sabia o que de fato ocorrera, muito menos quanto tempo havia se passado. Sem falar que, agora estava preocupado com o destino de meu amigo e companheiro de Ordem.

- Onde está Yahron? – Perguntei, tentando me levantar do leito o qual flutuava no centro médico de nosso Cruzador.

- Está bem. Está descansando no apartamento ao lado. – A Sacerdotisa Patmah me respondeu.

- Quanto tempo...

- Tenha calma Sahbarus... O shabat judeu já passou. – Disse Yameshi, tentando me tranquilizar, mas eu estava agitado.

Colocando a mão sobre minha cabeça, ele induziu uma leve sedação no meu sistema nervoso, o que me permitiu ouvi-lo naquele momento tão conturbado.

- Após a morte de Mesha'al houve uma sibilação eletromagnética ao nosso redor, que provocou terremotos fortíssimos ao redor da cidade. Ainda estamos analisando as origens de tal alteração no campo magnético ao nosso redor, mas tenho certeza que foi obra dos Superiores.

- Não tivemos tempo de desligar os sistemas, nem de desconectá-los da rede de projeção dos Hohros. De alguma forma suas emanações de suas Mentes entraram na mesma frequência dessas emanações eletromagnéticas emitidas pelos Superiores.

- Existe alguma consequência para nós?

- Além do desmaio? Somente o que os habitantes desse mundo chamariam de experiência mística. – Meu companheiro brincou. – Acho que vocês de algum modo se conectaram a Eles, afinal, suas Mentes estavam diretamente ligadas às emanações que cercavam a colina. Não se esqueça que todo tipo de projeção que invade a Mente é real e palpável. Algo aconteceu ali, só não sabemos o que...

- E agora, o que faremos?

- Você, irá descansar. Precisaremos de todos os Sacerdotes para acompanhar o que irá acontecer nas próximas horas.

- Acompanhar o que? – Perguntei, ainda desnorteado.

- O que cada um de nós espera de nossas vidas. Continuar a existir após nossa morte. – Disse Yameshi, recordando das promessas feitas pelo Mestre aos seus discípulos.

* * *

Eu era teimoso mesmo, ainda mais em uma situação como aquela.

Horas a fio naquela cama se tornaram uma tortura para mim. Após checar os dados de meu quadro de saúde, forcei os robôs que nos acompanhavam no processo de recuperação a me liberarem daquele repouso. A última coisa que podia fazer naquele momento era esperar pelos próximos momentos deitado em um leito. Sem perder tempo, vesti minhas roupas e rumei para o centro de operações de nosso Cruzador.

Os Contos Perdidos de Yuransha: A Hora das TrevasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora