O primeiro som que Dazai ouviu foi respiração.
Não a dele - outra, próxima, contida, como alguém tentando não demonstrar alívio cedo demais.
- ...ele acordou.
A voz de Poe veio baixa. Ranpo estava encostado na parede, braços cruzados, observando cada mínimo movimento.
Dazai abriu os olhos devagar.
O teto não era branco demais.
Não era digital.
Não piscava.
- Hm... - ele murmurou. - Isso é... real?
Chuuya estava sentado na beira da cama. Muito perto.
- É. - a voz saiu firme, mas os ombros dele estavam tensos. - Bem-vindo de volta.
Dazai piscou algumas vezes. O olhar vagou, confuso, como se estivesse organizando peças que não encaixavam direito.
- Estranho... - ele comentou. - Eu sinto como se tivesse dormido... faltando alguma coisa.
Ranpo se aproximou.
- Memória fragmentada. Sensação de ausência. Esperado - disse, direto. - Mas você tá inteiro. O resto é eco.
Dazai virou o rosto para ele, curioso.
- Eco?
- Depois a gente explica - Poe disse rápido. - O importante é: você está fora do jogo.
Dazai franziu a testa.
- Fora... - repetiu. - Então por que eu ainda consigo sentir ele?
O quarto ficou em silêncio. Chuuya levantou de repente.
- O quê?
Dazai levou a mão à própria têmpora, pensativo.
- Não é uma voz. É mais como... uma sombra. Como se alguém estivesse batendo do outro lado de uma parede.
Ranpo respirou fundo.
- Droga... ele ainda tá tentando sincronizar.
- Sincronizar com o quê? - Dazai perguntou.
Ranpo olhou para Chuuya.
- Com o vínculo que sobrou.
Chuuya cerrou o maxilar.
- Então ele ainda tá tentando usar a gente.
Antes que alguém respondesse, o computador no quarto ligou sozinho. Poe girou na hora.
- Não encosta - ele avisou.
A tela não mostrou o jogo. Mostrou uma câmera. O ângulo era estranho, distorcido... mas reconhecível.
- Essa é... - Chuuya sussurrou.
- A sala branca - Ranpo confirmou.
No centro da imagem, havia algo diferente agora. O avatar do Dazai estava ajoelhado. Quebrado. Falhando. Mas... olhando direto para a câmera. E pela primeira vez, não sorria.
A mensagem surgiu na tela, letra por letra:
> VOCÊ ME NEGOU.
MAS AINDA EXISTE UMA PORTA.
Dazai sentiu um arrepio subir pelos braços.
- Ele tá com raiva - comentou, quase curioso. - Interessante.
Chuuya virou para ele.
- Isso não é um jogo.
Dazai o encarou por um segundo... e então sorriu de leve. Um sorriso cansado, real.
KAMU SEDANG MEMBACA
Player 02 || Soukoku
Misteri / ThrillerVocê entrou no servidor errado. Ou talvez... no certo. Quem sabe? Aqui, o amor e dor jogam lado a lado - e só um deles vence. Cuidado com o Player 02. Ele sempre volta.
