IX: Business.

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"Tell me what you want to hear
Something that will light those ears
Sick and tired of all the lies
Tell me honestly, what will it take?"
— ONEREPUBLIC.

Louis estava inquieto no apartamento de Harry. A atmosfera entre eles era de tensão suspensa, fria e desconfortável.

Ele caminhava pela sala quando seu celular vibrou, o nome da sua irmã mais nova, Charlotte, piscando na tela. Ele encarou o nome por um instante, a mandíbula tensa, e desligou a ligação de imediato. Não demorou dois segundos para a tela acender novamente.

Ele soltou um resmungo baixo e irritado, a paciência com sua família era historicamente curta. Louis se afastou instintivamente de Harry, movendo-se para perto da janela, virando-se de costas para o ômega.

Harry estava sentado no sofá, completamente absorto em si mesmo. Ele tomava uma xícara de chá fumegante, algum tipo de floral que Louis achava enjoativo, e estava lendo um livro cuja capa Louis nem se deu ao trabalho de olhar. Desde o incidente que acontecera na feira, o qual Louis não era capaz de discutir ou reconhecer a gravidade, Harry estava o ignorando metodicamente, tratando-o como parte da mobília.

Louis atendeu o telefone, a voz cortante e sem calor:

— Charlotte.

Do outro lado da linha, a voz jovem e urgente da irmã atravessou a distância.

Mamãe está em Zurique.

Louis parou completamente. Seus ombros endureceram, e a tensão se espalhou por cada músculo de seu corpo. Zurique. A palavra atingiu-o com o peso de uma ameaça silenciosa. Os olhos azuis ficaram frios e focados, mas havia algo por baixo que Harry, mesmo sem olhar, podia sentir.

O alfa fechou os olhos por um segundo, absorvendo a informação e o significado da ida. O receio de que sua mãe estivesse novamente passando por algum tipo de tratamento o atingiu com força. Ele não podia permitir que ela passasse por aquilo sozinha. Não de novo.

Sua voz voltou, ainda mais gelada e resoluta do que antes, cortando qualquer argumentação futura:

— Estou indo.

Charlotte, do outro lado, soltou um som de protesto imediato: — Louis! Não! Você sabe o que isso significa. Não se envolva nisso!

— Não me importo — Louis retrucou, a voz baixa, mas o tom era de comando absoluto, sem espaço para negociação — Eu vou até ela.

— Louis, por favor...

— Não há discussão, Charlotte.

Louis encerrou a chamada sem esperar por uma resposta, jogando o telefone com mais força do que o necessário sobre a mesinha lateral. Ele ficou parado, a postura rígida, os olhos azuis faiscando em fúria. Seu aroma de pinho se aprofundou sutilmente, tornando-se mais cortante e denso.

Harry, sem levantar a cabeça do livro, finalmente parou de ler. Ele estava imóvel. E mesmo sem vê-lo, Louis sabia que a sua postura tensa e o cheiro repentinamente amargo de seu próprio aroma haviam quebrado a barreira que Harry havia erguido.

Louis permaneceu de costas para Harry por alguns segundos, as mãos cerradas em punhos ao lado do corpo, tentando controlar a onda de estresse que a notícia de Zurique havia desencadeado.

Ele sabia que Harry havia ouvido. O silêncio repentino e absoluto do sofá era mais eloquente do que qualquer grito. Harry havia parado de folhear o livro, a página seguia imóvel. O ômega não ergueu a cabeça, mas a tensão em seus ombros e a maneira como ele segurava a xícara de chá, com os nós dos dedos ligeiramente brancos, denunciavam que ele estava totalmente atento.

KIWI {MPREG L.S.}Where stories live. Discover now