𝟬𝟳. VIBES.

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O vento cortante do mirante soprava com mais força do que Jake esperava, levando consigo as últimas folhas secas do outono e a pouca coragem que lhe restava. Ele chegara vinte minutos mais cedo, não por ansiedade, mas por precaução. Estacionara o Silvia de forma que pudesse sair rapidamente se necessário, e agora encostava-se no capô, os braços cruzados, observando cada carro que se aproximava na estrada sinuosa abaixo.

Sua jaqueta de couro parecia fina demais contra o frio da noite, mas ele se recusava a tremer. Não na frente de Heeseung. Especialmente não depois da humilhação da corrida. Cada vez que fechava os olhos, via o GT-R preto passando por ele, os detalhes vermelhos como um sorriso sarcástico na neblina. Não ajudava nenhum pouco ter tido pesadelos na noite anterior sobre isso.

— Que seja rápido. — Murmurou para si mesmo, os dedos batendo um ritmo nervoso no braço.

Os faróis de um carro surgiram na curva mais abaixo. Não era o GT-R — era um sedan comum, que passou direto. Jake soltou o ar que nem sabia estar prendendo. Seu celular vibrou no bolso. Uma mensagem de Sunghoon: "E aí? Já começou o show?"

Ele não respondeu. Como poderia explicar que estava ali, no mirante mais isolado da cidade, prestes a encontrar-se com o homem que havia sido seu rival por anos? Como poderia admitir que, sob toda a raiva e frustração, havia uma faísca de curiosidade — uma pergunta insistente sobre o que Heeseung realmente queria.

Então viu os faróis. Desta vez, eram inconfundíveis — os faróis em LED do GT-R, cortando a escuridão como facas. O carro subiu a estrada com uma calma irritante, como se Heeseung soubesse que Jake esperaria, não importa o quanto demorasse. E aí, o GT-R parou a alguns metros de distância, os faróis se apagando lentamente. A porta do motorista se abriu, e Heeseung saiu. Jeans, uma jaqueta jeans sobre uma camiseta preta, as mãos enfiadas nos bolsos. Parecia descontraído demais para a situação.

— Esperando muito? — Sua voz soou no silêncio do mirante, carregada de uma familiaridade que Jake detestou.

— Só o suficiente para me arrepender de ter vindo. — Jake respondeu, mantendo os braços cruzados.

Heeseung caminhou até ficar a poucos passos de distância. Na luz fraca da lua, seus traços pareciam mais afiados, seus olhos mais profundos.

— Você veio. — Observou, como se isso significasse algo.

— Você me deu pouca escolha. Lembra da sua jogada de merda na curva?

Heeseung não desviou o olhar.

— Você sabia que eu faria qualquer coisa para ganhar. Sempre soube.

— Qualquer coisa inclui me empurrar para o precipício? — A voz de Jake saiu mais alta do que pretendia, ecoando levemente no vale abaixo.

— Eu não te empurrei. — Heeseung respondeu, calmamente. — Eu te dei uma escolha. Frear ou correr o risco. Você escolheu frear.

— Isso não foi uma escolha, foi a porra de um suicídio!

— Foi uma estratégia. — Heeseung deu um passo à frente, e Jake sentiu todos os seus sentidos ficarem em alerta. — Assim como tudo desde aquela noite na festa.

Jake ficou em silêncio por um momento, processando.

— O que você quer dizer?

— A aposta. O encontro. Tudo. — Heeseung fez um gesto amplo com a mão. — Eu planejei desde aquela noite. Desde que você me rejeitou.

O ar pareceu sair dos pulmões de Jake.

— Você... você perdeu aquela corrida de propósito?

— Não. — Heeseung sorriu, um sorriso pequeno e torto. — Eu ganhei aquela corrida. Mas sim, desde aquela noite eu sabia que precisava te colocar numa situação onde você não pudesse fugir. Onde você fosse obrigado a me ouvir.

SLOW DOWN   ⨾   heejake.Where stories live. Discover now