- Pronta meu amor? - pergunta ele com um sorriso apaixonado.

- Claro - respondo sorrindo largamente.

Caminhamos para o elevador após fechar minha porta. Entramos abraçados um no outro, Felipe aperta o botão para a garagem e o elevador desliza suavemente.

- Amor, já que estamos namorando seriamente, preciso que quando saia todos saibam que você tem dono. - me diz com uma voz persuasiva. Lá vem ele novamente querendo que usemos aliança. Isso não prova nada do que ele quer provar. Muitas mulheres e até mesmo homens, usam alianças de compromisso sem terem compromisso, só pra evitar possíveis avanços.

- E o que sugere? - pergunto fingindo inocência em relação ao assunto ao que ele se refere. Ele na primeira tentativa, tentou me convencer a usar alianças durante a noite, quando eu estava capenga de sono.

- Não se faça de inocente meu amor. Quero que nós dois usemos alianças com nossos nomes gravados. - diz-me. Este assunto está estranho. Desde o primeiro dia ele insistiu uma ou outra vez para que eu use, mas depois de umas ligações antes de ontem ele vem insistindo várias vezes.

- Felipe, o que aconteceu? Você não insistia tanto assim nisso até dois dias atrás.

- Nada, só quero mostrar a todos que você e eu nos pertencemos e que não estamos mais no mercado de disponíveis. - diz ele como modo de explicação.

- Não é só isso. Eu te conheço já o suficiente pra saber. Há algo mais. E além do mais, você fica comigo quase 24/7, não tem como outro ser humano vivente tentar dar em cima de um ou outro. - digo aconchegando meu nariz no seu pescoço e inalando seu aroma de perfume e Felipe. É totalmente inebriante.

Ele suspira exasperado, até mesmo cansado.

- Infelizmente, a empresa está associada a locais de estágios e eu não pude evitar, embora fiz de tudo para que fosse colocada uma mulher no lugar. Você vai ter de voltar pra seu lugar de origem e vai ter um estagiário no seu pé. Vai durar apenas seis meses, se for bom o suficiente poderemos até mesmo contratá-lo para um cargo mais abaixo ao seu. - diz ele em tom um pouco irritado.

- How... - exclamo surpresa. Nunca me imaginei com um estagiário na cola! Deve ser uma experiência interessante.

- Tudo bem pra você meu amor? - pergunta-me levantando meu queixo com seu polegar e indicador e me olhando bem nos olhos.

- Sim.. claro. Deve ser uma experiência interessante e até mesmo divertida... nada além do profissional claro. - emendo após ver a carranca profunda no rosto dele após a menção de divertido.

- Não quero você de papinhos com o estagiário além do profissional entendeu? - diz ele bruscamente e com o olhar penetrante.

- Ciúmes de um cara que ainda nem conhecemos meu amor? - pergunto brincando com sua cara.

- Pode ter certeza que depois que ele te conhecer vou ter razão pra ter ciúmes - diz ele fazendo beicinho igual uma criancinha. Ele fica extremamente quente assim!

- Como assim? - pergunto mordendo o lábio inferior para conter meus pensamentos.

- Ora essa! Você é perfeita! Qualquer homem se renderia a seus pés Julia! Mais um motivo pra usarmos alianças!

- Se for pra usar aliança, você também deverá usar uma, bem grande por sinal para evitar qualquer vadia no seu cangote. - digo olhando-o seriamente, enquanto o elevador se abre e entramos no seu carro.

- Mas é claro meu amor.

Entramos em movimento cinco minutos depois. Estou com uma sensação estranha, desde o começo da manhã. Não é previsão de menstruação, meu período jáfoi. Deve ser só coisa da minha cabeça mesmo.

- Mas e então, me diga sobre meu novo estagiário. - pergunto querendo esquecer esse mal presságio.

- Ah sim. Ele se chama José, é novo, cerca de 24 anos. Seus antigos patrões me disseram que é um ótimo funcionário, realmente exemplar em qualquer posto colocado. Desde de assistente de limpeza a cargos altos como assistente contábil.

- Uau - digo impressionada pelo sua competência. Sempre adorei o nome José, na verdade antes de meus pais morrerem, namorei um garoto da escola por três anos, ele se chamava José também, mas depois da morte dos meus pais e minha mudança de cidade, simplesmente parei de falar com ele, na verdade nunca chegamos a terminar de verdade.

- Já namorei um garoto chamado assim na época de escola. - suspiro sem filtrar.

- Uhmmm... o que ele faz agora? - ele começa a inquisição padrão após qualquer menção de um ex namorado meu.

- Eu não sei, perdi contato com ele - digo revirando os olhos.

- Por que terminaram o namoro?

- Meus pais morreram e eu tive de me mudar. Ponto.

- How... sinto muito meu amor.

- Não se preocupe. Passado é passado. Não adianta remoer. - mas como dizem, falar é mais fácil que fazer.

Chegamos a ATC e caminhamos para dentro rumo aos elevadores. Cumprimentamos Sabrina pelo caminho. Subimos até nosso andar e para minha não surpresa minha mesa voltou a ser do lado de fora do escritório.

- O estagiário já deve estar chegando - diz Felipe enquanto anda até minha mesa junto a mim, me da um beijo e em seguida diz:

- Quando o estagiário chegar envie ele até minha sala, por favor meu amor.

- Certo - digo sentando enquanto Felipe entra na sua sala. Estou um pouco abatida pelas recordações lembradas até pouco tempo e como se fosse uma deixa, assim que Felipe fecha a porta o elevador apita e se abre no meu andar, eu olho para cima e me encaro com a última pessoa que esperava ver. Meu namorado de colégio. José!

Meu chefe - Por: Ana DavidWhere stories live. Discover now