Júpiter

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A parede já estava bem na estava bem na nossa frente e então eu resolvi apertar o passo para chegarmos mais rápido. Foi aí que eu colidi com um tributo, ombro com ombro. Nossos corpos saíram serpenteando no chão. Ele caiu para um lado e eu saí rolando para o outro.

Uma dor invadiu meu corpo. Meus braços doíam, principalmente o que está arranhado. Olhei para baixo e vi que ele sangrava mais. fechei os olhos para tentar conter a dor. Eu havia batido com a barriga em um tronco no chão. Meu estomago doía.

— Jason! — gritou alguém mais distante.

Abri os olhos. Foi aí que eu vi que quem havia gritado era Júpiter, o tributo que havia me socado logo no inicio da arena. Olhei para o outro lado e vi Kyle e Zoe me olhando.

Se escondam! Formulei as palavras sem emitir nenhum som da minha boca. Eles correram para trás de uma árvore.

O fogo crepitava à distância.

Olhei de volta para Júpiter.

— Jason, tá tudo bem? — disse Júpiter — Onde você está?

Um gemido. Depois alguém disse:

— Estou aqui! — outro gemido — Me ajuda a levantar!

Observei Júpiter se aproximando do tal Jason e o ajudando a se levantar. Jason explanava uma cara de dor.

— O que houve? — perguntou Júpiter.

Gemido.

— Eu esbarrei — gemido — contra aquele cara. — ele apontou para mim e eu fechei os olhos e mantive o corpo inerte.

— Quem é? — ele perguntou.

— Não — gemido — sei!

Eu ouvi o barulho de gravetos se quebrando se aproximar.

— Eu sei quem é esse daí... — eu ouvi a voz de Júpiter bem mais próxima — eu acertei um soco nele quando os jogos começaram... então um amigo dele, com um braço robô, apareceu e me socou até que eu desmaiasse. — ele fez uma pausa — o que será que aconteceu com o amigo dele, será que ele morreu?

— Não! — eu ouvi a voz de Kyle seguida de um barulho de soco e de um corpo caindo no chão.

Abri os olhos.

Zoe estava segurando o tal de Jason com o chicote no pescoço dele, enquanto Kyle estava sentado em cima de Júpiter socando a cara dele. Outra vez.

Júpiter derrubou Kyle e ficou em cima dele, socando a cara do meu amigo.

Kyle gemia e tentava escapar, mas a sua minoria de braços não conseguia.

O fogo já consumia a arvore mais próxima.

— Faça alguma coisa! — gritou zoe — apertando mais ainda o chicote contra o pescoço do tal Jason.

Me levantei meio tonto. Eu não ia deixar que alguém matasse o meu amigo. Por que era isso que ele iria fazer. Segurei uma machadinha e corri até Júpiter.

— Solte ele! — gritei.

Levantei a machadinha e golpeei com a lâmina bem no seu rosto. No espaço entre um olho e o outro. O sangue jorrou. O corpo de Júpiter cai inerte no chão, com a minha machadinha cravada em seu rosto. Um galho pegando fogo despencou do alto de uma arvore e caiu em cima dele. O som do canhão disparou.

Olhei para Zoe. Ela fez um sinal de muito bem! Com a cabeça e enforcou Jason. O canhão soou novamente.

A copa das árvores que estavam acima de nós estava em chamas. Derrubando galhos e caindo por si próprias.

— Vamos! — gritei.

- 4:00.

Levantei Kyle. Ele estava com o nariz e um dos olhos sangrando. Ele mal conseguia ficar em pé.

— Vamos Kyle! — eu disse fazendo um pouco de esforço — Só nos resta escalar um pouco agora!

Ele me olhou, lágrimas brotavam do seu olho normal. Em seguida olhou para Zoe.

— Me deixem aqui! — ele se desfez de mim e caiu de joelhos no chão.

— Levanta Kyle, Nós não temos tempo para gracinhas! — disse Zoe me ajudando a levantá-lo.

— Me soltem! — ele gritou — Vão! Me deixem aqui! Eu não tenho um braço! Vou atrapalhar vocês! Dói! Meu olho dói! Meu coração dói! Por favor! Eu perdi quem eu mais amava! Me deixem!

Então ele começou a soluçar e se deitou em posição fetal no chão. Os galhos e arvores caíam ao nosso redor. A fumaça estava muito espessa eu mal conseguia o ver se não fosse pela claridade do fogo. Calor. O calor era insuportável.

— Por favor! Eu quero que vocês se salvem! — ele me olhou eu vi a mais pura verdade em seus olhos — Eu não vou mais conseguir viver sem a Misty. Por favor! Vão!

Eu me agachei e segurei seu rosto.

— Zoe, leve ele! — ele gritou entre soluços — saiam daqui!

Zoe me puxou pela gola da camisa e começou a me arrastar.

— Não! Kyle! — gritei — Você não sabe o que está fazendo!

Tentei me levantar, mas um enorme pinheiro sucumbiu e caiu entre eu e meu melhor amigo, levantando faíscas que ardiam em contato com a pele.

— Eu sei muito bem o que estou fazendo, meu amigo! — ele gritou baixando cada vez mais o tom de voz — Estou te salvando! — ele fez uma pausa rápida — Eu vou morrer feliz!

Zoe me puxou com mais força e isso fez com que eu me levantasse de uma vez. Lagrimas escorriam em torrentes pelo meu rosto. Olhei para Zoe, vi que ela também chorava. Deixá-lo não parecia o certo. Mas era o que ele havia pedido.

Virei as costas para o tronco em chamas que havia me separado de Kyle. E comecei a correr.

— Se Kyle fez isso para que nos salvássemos, temos que nos salvar!

Zoe me soltou e voltamos a correr.

A parede parecia ter uns quinze metros e estava repleta de heras, cada uma mais resistente que a outra.

-1:40.

Enxuguei as lágrimas com a manga da camisa e comecei a escalar, Zoe fez o mesmo.

-0:50.

Passamos quase um minuto até chegar na metade da parede quando ouvimos o canhão ribombar por toda a arena, marcando a morte de Kyle. Voltei a chorar. Mas me mantive firme e continuei escalando. Zoe logo atrás de mim.

-0:10. Cheguei até o alto da parede e me sentei. Zoe se sentou ao meu lado.

Ela estendeu a mão e eu a apertei com força. Olhei para ela. O vento sacudindo os seus cabelos negros.

Ficamos lá, sentados. O sol se pondo no horizonte e a floresta, a nossos pés, em chamas. Várias nuvens negras de fumaça se dissipando no céu arroxeado e tingido de laranja pôr-do-sol. O som do canhão ribombou mais duas vezes. E me peguei contando. Vinte tributos mortos em apenas quatro dias de arena. Me peguei contando outra vez. Só sobraram quatro tributos. Eu. Zoe. E outros dois. Quem seriam eles?

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