𝟬𝟯. MOONLIGHT.

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Ni-ki dançava como se não tivesse ossos, girando e pulando sem parar. Jay tentava acompanhar, mas o jeito dele era mais contido, sempre estiloso. Sunghoon, apesar de inicialmente recusar, logo se deixou levar, arrancando gritos de algumas pessoas ao redor. Jake, por um instante, deixou tudo para trás.

O corpo dele se movia ao ritmo da música, o suor escorria pela testa, e cada batida parecia alinhar-se ao que restava da adrenalina da corrida. Ele riu alto, um riso que escapou sem pedir permissão, sentindo-se leve como não se lembrava há muito tempo. Mas depois de alguns minutos, o cansaço chegou junto com a lembrança da noite inteira. A respiração estava pesada, o coração ainda correndo em disparada. Ele levantou a mão em um gesto para os meninos, indicando que ia sair por um momento, e abriu caminho até a porta lateral.

Do lado de fora, o ar fresco da noite bateu contra a pele quente. Jake respirou fundo, puxou o maço do bolso da jaqueta e acendeu um cigarro. A chama iluminou por um segundo seu rosto suado, antes de apagar. Tragou devagar, sentindo a fumaça preencher o peito, acalmar um pouco da corrente elétrica que ainda corria por dentro dele. Caminhou até um canto afastado do galpão, onde a sombra escondia parte da parede e o barulho da música era abafado. Sentou-se ali, esticando as pernas, o cigarro brilhando em vermelho cada vez que puxava uma tragada.

Foi só depois de alguns instantes que percebeu não estar sozinho. Um movimento sutil, quase imperceptível, chamou sua atenção. Jake virou o rosto, e os olhos se ajustaram à escuridão. Sentado a poucos metros dali, encostado no mesmo muro, estava Heeseung. O cabelo vermelho parecia ainda mais intenso sob a luz fraca do poste distante. Ele estava relaxado, uma perna esticada, a outra dobrada, e um copo de bebida entre os dedos.

Jake arqueou uma sobrancelha, puxando outra tragada antes de soltar a fumaça pelo canto da boca.

— Você gosta de se esconder, hein? — Comentou, a voz seca, sem qualquer humor.

Heeseung virou apenas os olhos na direção dele, o rosto calmo, quase indiferente.

— Não é esconderijo. Só não curto barulho demais.

O silêncio pairou por alguns segundos. Só os dois, o som abafado da música vindo do galpão e o chiado ocasional do cigarro queimando. Jake soltou uma risada curta, sem alegria.

— Nunca pensei que fosse do tipo que foge da atenção.

— Não tô fugindo. — Heeseung respondeu, finalmente erguendo o copo para dar outra golada. — Só não preciso dela o tempo todo.

Jake ficou quieto por um instante, observando a própria fumaça se dispersar no ar frio.

— Então por que corre? — Perguntou, sem olhar diretamente para ele. — Se não precisa da atenção, qual é o ponto?

— Porque eu gosto. É simples. — Heeseung demorou alguns segundos para responder. Quando falou, a voz saiu baixa.

Mais silêncio. Heeseung bebeu o líquido e Jake levou a nicotina até os lábios, quase em sincronia, e a noite se encarregou de preencher os espaços entre as palavras. Não havia sorrisos, nem provocações abertas. Apenas duas presenças dividindo o mesmo canto escuro, cada um preso nos próprios pensamentos. Por um instante, parecia que a rivalidade tinha sido deixada do lado de dentro do galpão.

Jake tragou mais uma vez, os olhos fixos em algum ponto do nada. A noite parecia densa, como se guardasse os pensamentos que ele não queria admitir em voz alta. Ao lado, Heeseung estava igualmente quieto, apenas bebendo do seu copo com um jeito calmo demais para alguém que costumava provocar até a parede. De fato, o Sim não estava acostumado em ver Heeseung calado ao invés de ficar enchendo o saco dele.

SLOW DOWN   ⨾   heejake.Where stories live. Discover now