.•.•.•.•.•.•.••.•.••.

Começar do início
                                        

No caminho, Astoria tentou puxar conversa.
— Theron... — disse baixinho, hesitante. — Você vai ficar o tempo todo assim?

Ele apenas riu baixo, mas sem humor, e balançou a cabeça:
— Estou ocupado. Apenas fique atrás. Não quero problemas.

No baile, ele a guiou até a entrada, mas assim que os dois passaram pela porta, Theron se afastou, caminhando direto para o centro da sala, mãos nos bolsos, expressão fria e distante. Astoria ficou parada, desconcertada, observando-o desaparecer na multidão de convidados.

Foi então que Nyx apareceu, um pouco afastada, percebendo o estado de Astoria.
— Você não devia se iludir com ele — disse Nyx, a voz baixa, firme. — Theron... ele não é o que você pensa.

Astoria franziu a testa.
— O que você quer dizer?

Nyx respirou fundo, olhando ao redor, antes de continuar.
— Ele... você precisa saber... beijou Katherine. E não parou por aí. Teve uma viagem, algo com ela, e você nem percebeu. Ele... ele não te dá importância. — As palavras caíram pesadas, quase sufocantes.

Astoria sentiu um nó se formar no estômago. Não havia raiva, não havia lágrima, apenas a frieza que já a acompanhava, agora misturada a uma sensação inquietante de alerta.
— Entendi... — murmurou, apenas isso, a voz firme, sem emoção aparente.

Enquanto isso, Theron circulava pelo salão, observando tudo e todos, completamente alheio à presença de Astoria, sua mente focada em planos, contatos e missões. Ela estava ali, mas para ele, era apenas mais um detalhe, algo que podia esperar.

Após o baile, Astoria encontrou Theron sozinho no dormitório, a porta fechada. O ar estava pesado, carregado de silêncio sufocante. Ela entrou sem bater, os olhos marejados, a voz trêmula:

— Theron... precisamos conversar.

Ele a olhou, fechado, como se cada palavra dela fosse um desafio.
— Conversar? — replicou, a voz dura. — Você acha que pode simplesmente me seguir e entender tudo? Você não entende nada.

Astoria respirou fundo, aproximando-se dele, tentando manter a calma.
— Eu tento entender... mas você me afasta. — sua voz começou a falhar. — Eu preciso que você precise de mim também! Ok? Por que você não me disse do beijo? E por que você não me liga quando está longe? E por que você nunca me deixa te ajudar?

As lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto, ela não tentou segurá-las. Theron recuou um passo, o peito pesado, olhos fixos nela. Algo em sua máscara de frieza começou a rachar.

— Você não entende... — ele murmurou, a voz baixa, rouca. — Eu... eu preciso de você, Astoria. Preciso mais do que consigo suportar... mas é errado. Não posso te arrastar comigo.

As palavras saíram como um sussurro, quase quebrando a barreira de sua própria dureza. Ele fechou os olhos, sentindo o peso de cada escolha, cada ação que o afastava dela.

Astoria deu um passo à frente, tocando seu braço.
— Mas eu já estou aqui. — disse, firme mesmo com as lágrimas escorrendo. — E você precisa me deixar estar. Eu não vou fugir.

Theron finalmente desabou, os ombros tremendo, lágrimas caindo.
— Eu... eu tenho medo de perder você. Medo de não conseguir controlar nada... Medo de que tudo ao meu redor destrua você.

Astoria o abraçou, segurando-o firme, sentindo o tremor dele.
— Então me deixa ficar. Não me afasta. Não sofra sozinho. Eu posso suportar você, Theron. Juntos ou não... mas você não vai mais carregar isso sozinho.

Enquanto ainda segurava Theron, Astoria afastou-se um pouco, o olhar fixo nele, os olhos marejados. A respiração pesada denunciava a mistura de raiva, dor e preocupação.

— E quanto à Katherine? — ela perguntou, firme, quase sussurrando. — Por que você a procura quando está longe? Por que você se aproxima dela desse jeito?

Theron engoliu em seco, o olhar desviando por um instante, e depois voltou para ela, pesado, torturado.
— Astoria... não é o que você pensa. — murmurou, a voz embargada. — Eu... eu preciso dela para certas coisas, ela me ajuda... não é como você pensa.

Astoria balançou a cabeça, sentindo o peso da frustração crescer.
— Não me venha com desculpas. Eu sinto, Theron. Eu sinto tudo. Cada ligação, cada vez que você some... Eu sei. E me dói. — Ela fechou os olhos, deixando as lágrimas caírem livremente. — Eu não posso competir com nada. Eu só queria que você precisasse de mim como eu preciso de você.

Ele deu um passo à frente, tentando segurá-la, mas a mão dela empurrou levemente, ainda que com ternura.
— Eu... eu não quero machucar você. — disse Theron, finalmente quebrando, lágrimas escorrendo pelo rosto. — Mas é impossível. Você acha que posso separar tudo isso? Que posso controlar quem me cerca? Quem... quem entra na minha vida por necessidade?

Astoria respirou fundo, quase um sussurro, tocando seu rosto.
— Então me deixe estar com você. Não como um detalhe, não como alguém de quem você precisa por conveniência... Mas como alguém que pode suportar tudo isso ao seu lado.

Theron fechou os olhos, a respiração pesada, deixando que o silêncio falasse por ele. Sabia que qualquer escolha que fizesse, qualquer gesto que desse, seria perigoso. Mas, por alguns instantes, permitiu-se sentir que não estava sozinho.

Astoria respirou fundo, afastando-se dele. Seus olhos, antes marejados de dor, agora estavam duros, frios, cheios de decisão.

— Não... Theron. — disse, firme, com cada palavra cortando o ar entre eles. — Eu não quero mais você. Não assim. Não desse jeito. Não com esse segredo constante, com essas mentiras silenciosas. Eu... cansei.

Theron piscou, atônito, o corpo rígido. A dor em sua expressão era quase palpável, mas ele não conseguiu falar. A respiração dela estava acelerada, mas havia uma calma assustadora em seu tom.

— Eu não posso mais... — continuou Astoria, afastando-se alguns passos, mas mantendo os olhos nele. — Eu preciso que me vejam de verdade. Que me deixem existir ao seu lado, não só quando você precisa de alguém para te ajudar, ou quando... quando você escolhe outra pessoa. Eu não vou mais ser isso para você.

Theron levou a mão ao rosto, os dedos trêmulos, tentando juntar forças para argumentar, mas qualquer palavra soava vazia diante da frieza dela.
— Eu... não... — ele começou, a voz falhando.

— Não. — cortou ela, firme. — Não há mais "eu". Não mais para você. — Ela respirou fundo e virou-se para sair do quarto, deixando Theron sozinho, os ombros caídos, olhos fixos na porta, incapaz de fazer nada.

O silêncio que ficou era pesado, quase sufocante. Theron sabia que perdera o controle, e a sensação era amarga, dolorosa... mas ele não conseguia mover-se para recuperá-la.

Astoria desapareceu no corredor, decidida, deixando apenas uma sombra de presença que Theron jamais esqueceria.

(Estou ficando em um dormitório  por capítulo !)

Até que a dor nos una .Onde histórias criam vida. Descubra agora