Capítulo — A Noite que Não Acaba
O quarto estava escuro, iluminado apenas pela luz fraca que entrava pela janela. O vento frio fazia as cortinas balançarem, e o som distante da rua parecia um lembrete de que o mundo continuava lá fora — mas dentro daquele espaço, só havia silêncio denso.
Theron deitou-se sem cerimônia na cama, os olhos fixos no teto.
Astoria entrou depois, parando próxima à porta como se medisse os passos antes de cruzar a linha.
— Vai ficar me encarando daí? — ele perguntou, sem mover o corpo.
Ela cerrou os olhos, irritada com a provocação.
— Eu não vim aqui porque quis.
— Então admite — ele virou lentamente a cabeça na direção dela, o olhar pesado. — Você não controla nada.
Astoria respirou fundo, tentando não reagir, mas o ar parecia mais denso a cada palavra dele. Acabou se aproximando, sentando-se na beira da cama, sem olhá-lo diretamente.
O silêncio entre eles não era de paz, era um campo minado.
Quando adormeceram, não foi por conforto, mas porque o cansaço venceu a batalha de manter as máscaras erguidas. Dividiam a cama, sim — mas como inimigos em trégua temporária, prontos para atacar na manhã seguinte.
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Nyx e Viktor
Em outro ponto da cidade, Nyx bebia sozinha no balcão de um bar decadente. O batom borrado, os olhos pesados, mas ainda afiados.
Viktor a observava do canto, cigarro entre os dedos. Não se aproximava, não precisava. O olhar fixo dele era um peso sobre as costas dela.
Um homem qualquer puxou conversa, tentando arrancar dela um sorriso. Nyx riu, mais de deboche que de diversão. Sabia que Viktor via tudo, e essa era a provocação.
Ele não reagiu, não disse nada. Apenas tragou a fumaça, sustentando o silêncio como ameaça. A presença dele já bastava para corroer.
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Klest e Morgana
Do lado de fora, Morgana estava sentada no capô de um carro preto, o vestido vermelho destacado no breu da madrugada.
Klest se aproximou devagar, com aquela calma que sempre beirava a ironia.
— Parece confortável aí.
— Melhor que perder tempo com conversas inúteis — ela retrucou sem levantar os olhos.
Ele se apoiou no carro, perto demais.
— Você chama de inútil o que tem medo de admitir que importa.
Ela finalmente ergueu os olhos, um brilho de irritação contido.
O silêncio que se seguiu tinha a força de uma faca prestes a ser cravada.
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Kael e Celeste
Na casa vizinha, o clima era outro. Kael entrou com a camisa suada e rasgada, jogando o casaco no chão. Celeste, impecável como sempre, observava com desprezo.
— Você se acha indestrutível, mas mal consegue manter-se de pé — disse ela, com a voz cortante.
Kael riu, amargo.
— E você se acha superior enquanto se esconde atrás de fachada brilhante.
Os olhares se chocaram como lâminas. Era sempre assim: nenhum deles cedia, nenhum queria perder.
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Katherine
Sozinha, Katherine acariciava o gatinho preto no colo. O abajur iluminava só parte de seu rosto, o resto estava mergulhado em sombra.
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Até que a dor nos una .
FanfictionA trama se passa em uma cidade onde nove personagens - cinco mulheres e quatro homens - vivem entrelaçados por relações complicadas, cheias de ódio, desejo e segredos perigosos. Cada um carrega traumas profundos: perdas familiares, abusos emocionais...
